sábado, 10 de novembro de 2012

Fernando Correia Dias - 10 de Novembro de 2012 - 120 anos do seu nascimento


No silêncio da biblioteca dormem milhares de segredos, tesouros, vidas em suspenso para serem acordadas, revividas, resgatas da solidão, do pó da ingratidão, da efemeridade da memória. Para além dos vermes do esquecimento que tudo apaga, este repositório de papéis luta também contra outras pragas que não só devoram as suas fibras, como intentam na manipulação das histórias.

                A cada um o seu papel no quotidiano, por isso, tão frágil a vida neste folhear dos anos, das décadas, dos séculos. Alguns, que conseguiram marcar a sua presença em telas, ou em catedrais religiosas, economicistas e políticas, ou em cartonados à prova da água e dos ventos, acabam por se manter à tona das memórias, perpetuando-se como valor histórico, monetário ou referencial filosófico-artistico. Os que se resignaram com o simples papel, como o da imprensa, no dia seguinte à sua apresentação pública, rapidamente viajam para a efemeridade e mais difícil é o seu resgate.

                A biblioteca está repleta da obra do mestre, possui um tesouro incalculável da criatividade, do engenho, do suor, lágrimas e beleza poética das linhas com que cenografou a vida, mas poucos são os que conhecem essa obra, poucos sabem o seu nome. Criador de irreverências, artista de insatisfações, Fernando Correia Dias é um, entre outros, dos génios da arte luso-brasileira silenciado no pó dos papéis, adormecido na ingratidão das memórias.

                A 10 de Novembro de 2012 cumprem-se cento e vinte anos da data do seu nascimento (Lugar da Matta – Penajoia – Lamego), setenta e sete anos da sua morte (29/11/1935 - Rio de Janeiro). É pois tempo de resgatar a memória do seu papel na história das artes em Portugal e no Brasil, recuperar a visibilidade da sua obra, reviver o seu percurso, influências e herança.

                Dedicando-se, fundamentalmente, às artes do papel, não deixou de contribuir como homem e artista noutras expressões estéticas, como um pioneiro, como um irreverente, como um dos homens que impulsionou as rupturas do modernismo luso-brasileiro. È certamente um dos mais interessantes mestres do desenho, da cerâmica, do ex-libris, do design gráfico, das artes decorativas da primeira metade do século XX que é urgente conhecer e integrar na historia universal.

                Para recuperar, em parte, essa memória fundamental das artes portuguesas e brasileiras, a Editora Batel, no Brasil, edita o álbum de arte “Fernando Correia Dias, um poeta do Traço” com texto de Osvaldo Macedo de Sousa e a Douro Alliance organizou a exposição “Correia Dias um Pioneiro do Modernismo” no Teatro Ribeiro Conceição – Lamego, com catalogo que está patente ao público até 16 de Novembro, uma produção da Humorgrafe
Auto-caricatura

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