sábado, 26 de dezembro de 2015

Feliz Natal, Feliz Ano Novo; Buon Natale, Buon Anno Nuovo; Joyeux Noël, Bonne Année; Merry Christmas, Happy New Year; Frohe Weihnachten; Craciun Fericit, un An Nou Fericit; Feliz Navidad, Feliz Año Nuevo in Cartoon

 Ricardo Campus
 Damaso Afonso
 Alexandre Trindade
 Artur Ferreira
 Carlos Rico
 Eugenio Soares
 Herminio Felizardo
 João Mascarenhas
 Luis Frasco
 Mario Teixeira
 Paulo Fernandes
 Pedro Manaças
 Per - Arco da Velha
 Rui Duarte
 Telmo Quadros
Jornal Trevim /Ze Oliveira

domingo, 20 de dezembro de 2015

sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

Feliz natal / Feliz Ano Novo


Crónica Rosário Breve - R. & A. mas é por Daniel Abrunheiro

Crónica Rosário Breve -  R. & A. mas é por Daniel Abrunheiro

Às 08h43m de quarta-feira, 16 de Dezembro de 2015, Cavaco ainda não tinha aparecido a garantir aos Portugueses que o BANIF merece toda a confiança pela óbvia razão de porque-sim. E todos sabemos que o senhor Silva e a Madeira se entendem bem, sempre se entenderam bem, que são panela & testo, Roque & Amiga, etc. & etc. E quão ele é infalível guru em imbróglios económico-financeiros. E quão nada duvidosos são os seus enganos, aliás nenhuns, jamais-em-tempo-algum. E quão a Academia sueca já há q’anos o deveria ter nobelizado – se não com a Economia, ao menos com a Paz. Ou com a Literatura, que o Churchill também dela foi agraciado – e mais era gordo e bebia e fumava.  
Às 08h56m da mesma matina, o facialmente barbado mas politicamente imberbe edil de Santarém ainda não tinha percebido a relação causa-efeito entre estudo de mobilidade e estado de imobilidade. Nem que o pandemónio evitável da Estrada da Estação é um atestado a céu-aberto de que a puerícia e a política autárquica não são panela & testo, Roque & Amiga, etc. & etc.
Às 09h03m, a entrevista de Sócrates à antiga têvê da Igreja ainda não tinha atingido as duas centenas e meia de repetições, o que é estranho. Muito estranho, aliás – posto estarmos na quadra em que estamos, acreditar no Pai Natal sempre nos faz mais bem do que mal.
Às 09h11m, a rábula triste do 2.º aniversário da morte dos praxados do Meco já não comovia nem revoltava senão os pais dos afogados – pela economia da comiseração, talvez. Ou pela saturação colectiva de um “jornalismo” baseado em ora-a-desgraça-seguinte-ó-fáxavôr. Ou porque as licenciaturas à la Lusófona não obstam a uma carreira no Ministério Público, muito pelo contrário talvez até.
Às 09h23m, um pardal pousou na grade do meu terraço. Cessei imediatamente de mexer-me. Nem um caracter crónico inscrevi no papel virtual enquanto aquele atirador de voos livres sentinelava a realidade a partir do meu promontório de terceiro-andar. Foi só quando partiu que voltei a contar minutos, esses grãos de areia que ao rio da vida assoreiam.
Às 09h29m, os agricultores de horta-para-a-panela (sem testo) ainda não eram licenciados todos em Fito-Farmácia, nem mestrados em Nitrato-do-Chile, muito menos doutorados em Couves-Esquizofrénicas-de-Bruxelas, havendo inclusivamente a suspeita de nem todos terem, sequer, o 12.º novo-oportunista das vacas-mais-gordas daquele senhor que está sempre a passar na TVI.
Às 09h32m, enrolei um mata-ratos e fui cuspinhar fumo & pedacitos de tabaco para o terraço onde há pouco o pardal. Era amena a temperatura, temperada a luz, luminosa a realidade. Mas atenção: é da realidade das 09h23m que falo. Levei trinca-de-arroz para o varandim. Pode ser que a ave volte.
Se voltar, faz de minha Amiga.
E eu faço de Roque só para ela.

O resto, que se banife mas é. 

Que é feito dos nossos jornais de humor? por António Gomes de Almeida


Segundo um Humorista cujo nome se perdeu no esquecimento, “Humor é uma faca sem lâmina, à qual falta o cabo”... Isto quer dizer, entre outras coisas, que o Humor é algo muito difícil de definir. Mas... interessará mesmo defini-lo? Será isso importante?...
Na verdade, mais importante do que definir o Humor, é praticá-lo. O que não acontece com tanta frequência como seria desejável. O Homem é o único animal que tem a capacidade de rir  – mas ri muito pouco. Talvez porque, embora possa rir, não deixa de ser um animal. 
Humor, do Latim humore, é uma forma de divertimento e de comunicação humana, que faz com que as pessoas se sintam felizes. As origens da palavra "Humor" vêm da medicina humoral dos antigos Gregos, que trata de uma mistura de fluidos, ou humores, que controlam a saúde e as emoções.
O Humor é uma revolta em que as armas são o Riso, a Troça, o Escárnio, com as quais se faz o combate ao Ridículo, à Imbecilidade e à Prepotência. É um combate um tanto desigual, pois os Humoristas são muito menos numerosos que os seus adversários. Os Prepotentes, os Imbecis e os Ridículos estão em ampla maioria e têm muita força neste mundo. No entanto, os Humoristas constituem (segundo uma terminologia muito na moda) uma Minoria Esclarecida, capaz de mobilizar as massas para o combate a essas forças retrógradas.
É por isso que os Humoristas, como todas as forças minoritárias, são geralmente mal vistos por quem manda. Porque constituem um perigo para a sua estabilidade, para a sua imagem pública, para o alto conceito que têm de si próprios.
Uma boa piada, no momento próprio, pode derrotar o mais valente general.
Mas os Humoristas são anti-violência. Não acreditam no uso da força. Os verdadeiros Humoristas só acreditam na força do Humor para conseguir melhorar a vida. E crêem que Humor com Humor se paga.
Para dar um toque erudito a esta crónica, talvez valha a pena citar São Tomás de Aquino, que dizia (no século XII): “Ludus est necessarius ad conversationem humanae vitae”  –  “O humor é necessário para a vida humana”, e ainda que o Humor seria importante para as “forças do espírito”.
Claro que esta não era, nem foi, durante séculos, a opinião da maioria das forças políticas, nem das forças religiosas, que sempre acharam o Riso uma coisa perniciosa. Lembram-se do “Nome da Rosa”? Umberto Eco conta-nos a história de uns livros que haviam sido proibidos pelo Vaticano, por conterem um estudo de Aristóteles sobre o Riso.
Já foram feitos muitos estudos académicos, sérios, sobre o Humor, nas suas variadas formas, que incluem a Ironia, a Sátira, a Paródia, a simples Anedota. Até  Sigmund Freud escreveu uma obra intitulada “O chiste e a sua relação com o inconsciente”, em que o pai da Psicanálise dividia as piadas em duas categorias básicas: as “ingénuas”, que utilizam jogos de palavras, e as “tendenciosas”, que apresentam um aspecto erótico ou preconceituoso. Nas primeiras, o Humor não estaria no conteúdo, mas no trocadilho, enquanto nas segundas ele consistiria no gozo dos estereótipos ou das diferenças.
Isto parece complicado? Com Freud, tudo era complicado. Mas houve um Humorista português, que teve algum êxito em meados  do século XX, chamado Santos Fernando, que tinha uma definição muito mais acessível. Dizia ele que “só existem vinte anedotas básicas  – e estão todas na Bíblia”. E explicava que as anedotas vivem, sobretudo, de situações, umas insólitas, outras corriqueiras, mas sempre repetidas: a situação de conflito entre o homem e a mulher; ou entre o marido, a mulher e a maldita sogra; a situação do avarento (judeu, ou, em alternativa, escocês) que não empresta dinheiro a ninguém; a situação de conflito entre o santo e o pecador; e outras semelhantes, que vão sofrendo variações no decorrer dos tempos, adaptando-se a novas personagens e a novas linguagens  – mas sempre com as mesmas piadas basilares.   
Do ponto de vista médico, o Riso é considerado saudável, pois liberta endorfina (uma proteína produzida no cérebro, que produz sensação de bem-estar), diminuindo a pressão arterial e aliviando a dor.
Se os dirigentes políticos tivessem mais senso de Humor, nunca haveria guerras. Infelizmente, como já se disse, poucos o têm. Por isso fazem e dizem coisas tão estúpidas. Assim, é de encarar muito a sério uma sugestão para a criação de uma cadeira de Humor nas Universidades de todo o Mundo, com frequência obrigatória para todos os Chefes de Estado, Ministros, dirigentes de Partidos, etc. Eles riem-se ao lerem isto, porque julgam que o Humor é uma coisa secundária, que podem dispensar, que não lhes faz falta. Alguns até julgam que o possuem...  Só quando um Humorista lhes revela, através de uma piada certeira ou de uma caricatura cruel, a verdadeira opinião que o Povo tem deles, é que reconhecem que o Humor é uma coisa muito, muito séria.
Os Estados não têm, normalmente, grande espírito. Mas o espírito tem estados. O Humor é um estado de espírito.
Ora bem, é difícil exercer o Humor sem criar uma porção de inimigos. Isto porque ninguém gosta de ser caricaturado  – em desenho ou por palavras, tanto faz. O chamado senso de Humor  é aquilo que todos nós dizemos que os outros não têm  – e não têm mesmo. O pior é que nós também o não temos  – quando são os outros a caricaturar-nos. Daí que muito pouca gente tenha o hábito de rir. Porque é muito chato ter problemas com os vizinhos.
Em Portugal, sempre fomos bastante macambúzios, mas, nos últimos tempos, estamos bastante pior. Justificamos a má cara com que andamos atribuindo-as à Política, à Economia, à Sociologia e a outras patranhas assim. Disparate! Se as pessoas se rissem mais dos Políticos, dos Economistas e dos Sociólogos, etc., talvez eles deixassem de se considerar tão importantes e chegassem a parecer-se vagamente com seres humanos normais.
Então, afinal, porque não há publicações de humor em Portugal?
As explicações são as do costume: o país é pequeno, as pessoas lêem pouco, os jornais e revistas de Humor constituem um tipo de negócio que não interessa, porque as tiragens são ridículas…
Esta palavra (“ridículas”) traz à memória de alguns leitores da meia-idade, ou de idade mais vetusta, o título de um jornal de Humor que foi dos mais marcantes entre os seus congéneres. Refiro-me a Os Ridículos, o bissemanário que foi fundado, em 1895, por Cruz Moreira (que assinava “Caracoles”) e teve depois cinco séries, a última das quais terminou, penosamente, em 1984, já quase sem leitores  – depois de ter sido uma publicação importante, até a nível político, com excelentes capas de Stuart Carvalhais e Natalino Melchíades, entre outros bons artistas nacionais.
Outro jornal de Humor que teve grande popularidade foi o Sempre Fixe, fundado em 1926 e que durou uns bons 35 anos, com reaparecimento pontual depois do 25 de Abril. As capas de Francisco Valença eram, muitas vezes, excelentes, com humor e crítica social  – e havia também a última página, assinada por Carlos Botelho, com o seu personagem Parecemal
Antes, houvera a época gloriosa de Rafael Bordalo Pinheiro, com a Lanterna Mágica (1875), onde apareceu, pela primeira vez, a figura do Zé Povinho  – e, depois, o António Maria (1879 a 1898) e A Paródia (1900 a 1907).
Tentando fazer uma lista dos outros jornais de Humor portugueses do século XX, encontrei os títulos que se seguem. A lista estará, provavelmente, incompleta, e deve haver mais títulos. Mas foram estes os que consegui achar. Vejamos:
A Bomba (1946 a 1947)  – Só durou 2 anos, mas marcou uma viragem no estilo do Humor nacional. Ere um semanário pobre no aspecto gráfico, mas de bom conteúdo. O Director era Mário Ceia e o Chefe de Redacção Mário de Meneses Santos. Neste jornal se estreariam, a escrever, Ruy Andrade e Manuel Puga, que ao acabarem as emissões radiofónicas que o jornal mantinha no Rádio Peninsular, viriam a criar os programas dos Parodiantes de Lisboa.
Riso Mundial (1947 a 1948)  – Era uma simples compilação de anedotas, sem grandes preocupações quanto ao aspecto e conteúdo.
O Mundo Ri (1954)  – Revistinha mensal de pequeno formato. Aqui comecei como colaborador, passando depois a Director. Quando abandonei o cargo, ficou como colaborador José Vilhena, que já publicara Branca de Neve e os 700 Anões e outros livros que tinham dado algum escândalo.
Cara Alegre (1951 a 1958)  – Dirigida por Nelson de Barros, com boas capas coloridas de Stuart, no seu 1º ano de publicação, e, depois, de José Viana, o actor e pintor.
O Picapau(1955)  – Semanário muito colorido, de que fui Director, tendo Stuart Carvalhais como Director Artístico. Durou sete curtas semanas, mas marcou um estilo e uma grande diferença em relação a todos os anteriores.
Parada da Paródia (1960 a 1962)  – Este semanário dos Parodiantes de Lisboa, do qual fui Director, chegou a ter tiragens de mais de 50 mil exemplares, o que era notável para a época. Publicou trabalhos do maior lote de ilustradores e cartoonistas jamais reunidos numa só publicação, em Portugal.  
A Mosca (anos 70)  – Era um suplemento do Diário de Lisboa, dirigido por Luís de Sttau Monteiro. Humor inteligente.
 Gaiola Aberta (1974)  – A revista do José Vilhena, na sequência de alguns livros que tinham dado escândalo e levaram o autor à cadeia, mais que uma vez. O Humor de Vilhena era contundente e, não raro, de mau gosto, mas muito corajoso e acutilante.
Bomba H (1963 a 1978)  – Durante cerca de 16 anos, saiu esta revista em forma de livrinho, coligindo milhares de textos e cartoons nacionais e internacionais. Fui seu Chefe de Redação.
Fala Barato (1978)  - novamente o José Vilhena a mudar de título, mas não de estilo.
O Moralista  – na continuação dos anteriores.
Depois do 25 de Abril, surgiram, em catadupa, muitas revistas e jornais de Humor, todos de existência efémera, numa autêntica “revolução humorística”. Eis alguns desses títulos:
Puflas (1974)  – Gustavo Fontoura e os seus “fotogozos”.
Pé de Cabra (1974)  – Imitação pobre do espanhol Hernano Lobo, teve vida curta.
O Macaco – Não chegou a sair. Pensado para ser um jornal semanal da empresa do Diário Popular, reuniu um lote de excelentes colaboradores, mas apenas foi impresso o Número Zero, com data de 29/11/1974. Não chegou a ser distribuído, pois foi boicotado pelos tipógrafos, que gostavam do jornal, mas desconfiavam da Administração e dos proprietários.
O Coiso (1975)  – Tinha como Chefe de Redação Mário-Henrique Leiria, o originalíssimo autor dos Contos do Gin Tónico. O nº 1 saiu a 7 de Março.
 Evaristo (1975)  – Projecto gráfico interessante, mas elitista. Durou pouco.
A Chucha (1975)  – Iniciativa de Helder Martins, que queria à viva força ter um jornal. Teve um nº 1  decepcionante , outros quase bons, e acabou mais por falta de organização interna  do que de bons colaboradores.
Chaimite (1976)  – Jornal político disfarçado de humorístico. Vida breve.
A Pantera (1976)  – Ideia original (papel cor de rosa) mas texto fraco.
A Pomba (1976)  – Número único, bons colaboradores, uma ideia romântica de Luís Lagriffa.
O Chato (1077)  – Dele não ficou memória.
O Cágado (1978)  – Os frustrados colaboradores de O Macaco tentaram um semanário que, como se viu, não era economicamente viável. Fui seu Director.
A Laracha (1980)  – Número único, sem história.
Pão Com Manteiga (1981)  – Revista que retomava o êxito de um programa da Rádio Comercial, feito por Carlos Cruz. O Director era José Duarte, o do jazz. Durou alguns meses.
O Olho (1983)  – Com um título destes, não admira que se tenha perdido de vista.
O Bisnau (1983)  – Mesmo sendo dirigido por Afonso Praça, não sobreviveu.
O Bocas (1983)  – Apenas saiu o nº 1.
Além destas publicações satíticas, devem mencionar-se algumas secções de Jornais, dedicadas a este tema. É o caso de:
Bocas (1975 a 1984)  – Por Magalhães dos Santos, no jornal O País, ilustrada por Zé Manel.
Trocas & Tretas  – Dos mesmos, no Correio da Manhã.
Tunfas!  – Ainda dos mesmos, no CM, de 1993 a 2002.
Tempiada (1983)  – Página inteira no jornal Tempo, textos que assinei  com ilustrações de Artur Correia. Aqui começou a ser publicado O País dos Cágados.
Actualmente, não existe nenhuma publicação de Humor em Portugal. Sim, há o Inimigo Público, mas não se trata de um jornal autónomo, que pudesse ter uma vida económica independente, se não vivesse à sombra do Público. Porque, doutra forma, já teria acabado há muito tempo, pelas razões explicadas: por um lado, não angariaria Publicidade que o sustentasse economicamente  – e, por outro, sendo independente, e acabando por, algum dia, ofender alguém, isso ser-lhe-ia fatal. 
Como é o humor nacional?
Existe um tipo de Humor característico da gente lusitana? Sim, existe. A tradição vem muito de trás, de Gil Vicente, com o seu linguajar vernáculo. E das cantigas de escárnio-e-mal-dizer. E dos antigos “robertos-de-feira”, cujas piadas eram sempre sublinhadas à traulitada. A nossa sátira baseia-se, historicamente, quase sempre, na piada pesadona, bruta, malcriada, perante a qual o Humor refinado é como uma picadinha de alfinete, em comparação com uma valente cacetada.
Não é, portanto, um Humor requintado e elegante, muito longe disso. E também aqui, como noutros capítulos da produção artística destinada ao grande público, este tem, como costuma dizer-se, aquilo que merece e de que gosta. Os Autores trabalham “em estilo grosso” para um público que não é fino.
Claro que há excepções, como sempre. Mas essas não passam disso mesmo: de excepções.
A justificação, que algumas pessoas (ainda) apresentam para este fenómeno, é que, durante muitos anos, a Censura impediu ferozmente tais picardias, não permitindo que o Respeitável Público fosse violentado por qualquer palavrão mais ousado, ou por qualquer ideia mais pràfrentex.
Assim, agora, os autores estariam a vingar-se dessa frustração, deitando cá para fora o que tinham atabafado dentro de si, ou cuidadosamente escondido numa gaveta secreta. A explicação não colhe. Onde é que já vai a Censura! Pelo menos a oficial…  Embora haja quem sinta que vingaram  outras mini-Censuras, e que sobeja a falta de coragem e de frontalidade.

Nota do Autor  –  Este texto, agora reformulado, com as alterações e actualizações necessárias, foi parcialmente publicado, em 2002, na Revista Meios, da AIND – Associação Portuguesa de Imprensa. Continua actual.

sábado, 12 de dezembro de 2015

Crónica Rosário Breve - Fala o da voz que não chega ao céu por Daniel Abrunheiro

Uma senhora da minha terra colecciona presépios. Consta que já juntou coisa de um quarto-de-milhar deles. Serão, pois, cerca de 250 vaquinhas. É muito corninho de barro. O mais curioso, no entanto, não é tanta vaquinha junta – isso em qualquer casa-de-alterne se caça por trinta aéreos ou nos pinhais por quinze. O mais curioso é ser só um burrinho. Um só. 250 Meninos-Jesus. 250 Sãos-Josés. 250 Nossas-Senhoras. 750 Reis-Magos. Mas só um orelhas-de-feltro.
Como em tempos andei disfarçado de repórter, deu-me para breve retorno a essa prática inquiridora que é o fel-de-boca dos autarcas mais fraquitos & o desassossego dos menos. Fui-me (por assim dizer) à senhora e zingas!, inquiri-a. Para amnésia futura, aqui fica a acta oratória da dita entrevis(i)ta(ção):

– Olá, ti’ Maria!
– Olá, ti’ Coiso!
– Atão só um burrinho a modos que proquê?
– Proq’ foi o único suficientemente pa’ mim.
– Suficientemente pa’ si o quê?
– Suficientemente burro, menino.
– Menino?
– Jesus…
– Ah.
– Os maiores m’stérios às vezes num custam nada.
– Tou a ber.
– Num sei se tá.
– Faz-m’um bocado ’spé’ce ser só um.
– É quanto me chega. Quanto mais burro, mais zurro.
– Atão e com’é q’a senhora faz quand’a chamam pa’xposições & assim?
– Bou.
– Num é isso. Não a chagam por ser só um burro?
– Não, nadinha. Dão-me mazé munta binho-do-Porto & trouxas-d’obos como à Josefa d’Óbidos dita pelo Mário Viegas.
– E as vaquinhas?
– Tamãe bêm muntas.
– Num é essas, é as de barro.
– Essas num tugem nem mugem.
– Proqu’é q’ não?
– Por respeito ao senhor.
– A mim?
– Não: ao senhor burrinho.
– Tou a ber.
– Num sei se tá. Ao Senhor, burrinho.
– Acha a s’nhora que s’eu puser isto no jornal as pessoas ficam a pontos que’sclarecidas?
– Num m’aq’enta nem m’arrefenta.
– Mazé q’eu preciso d’escrabêr coisa assim tipo sentimentos-de-natal, ó ti’ Maria…
– Acontece munto, ó ti’ Coiso.
– O q’é q’acontece munto?
– O Natal. E os burrinhos q’ind’acreditam nele.
– Diga-m’agora cá, faxabôr: o q’é q’a s’nhora a modos que colecciona nos outros onze meses do ano?
– Barizes.
– Tou a ber.
– Não tá mazeu amostro-l’e.
– Sou casado, ó ti’ Maria.
– Burrinho…

E pronto, era isto. Para a semana, conto entrevistar outra Maria – a de Belém-népias. Esta já tá.

– Num sei se tá.

Vasco Gargalo expõe Caricaturas no SOHO - Café and Lounge em Vila Franca de Xira

O caricaturista Vasco Gargalo vai inaugurar uma exposição intitulada Personalidades do Século XX. Veja no cartaz quem está a espreitar no canto inferior direito: o mestre Rafael Bordalo Pinheiro. 
Já agora faça o exercício: quantas destas personalidades reconhece?
A inauguração é no sábado, dia 12, no SoHo - Café and Lounge, em Vila Franca de Xira.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Floreano se sirve un albariño

El personaje de Gogue es la imagen del nuevo blanco de bodegas Carballal


Uno de los carteles promocionales del vino albariño "Floreano e punto".
Floreano se ha metido a viticultor de la mano de Juan Carlos Vázquez, enólogo y director de las bodegas Carballal. El popular personaje del dibujante de FARO Gogue tiene vino propio, "Floreano e punto", el nuevo albariño de estas bodegas de Ribadumia, cuya principal novedad es su maceración en frío antes de ser prensado. "Los vinos blancos siempre se maceraron y en este sentido, esta nueva línea de albariño es una recuperación de los vinos de siempre, pero elaborados con las técnicas y los medios actuales, entre ellos, el acero inoxidable", afirmó ayer el enólogo.
En este sentido, Vázquez explicó que la bodega apuesta por este material al entender que es el más adecuado para los "vinos singulares" del Altántico, ya que no les añade ningún sabor. "Floreano y punto" es macerado a una temperatura de entre 10 y 13 grados, según el enólogo, antes de su fermentación, con levadura indígena.
Esta bodega, perteneciente a la Denominación de Origen Rías Baixas, lanzará 100.000 botellas de "Floreano e punto", de las cuales, casi la mitad serán exportadas, principalmente a Estados Unidos y Gran Bretaña. El vino tendrá dos etiquetas, una con el popular Floreano y otra con una joven tocada con boina. Con esta dualidad, la bodega y el humorista gráfico han querido representar las dos caras de Galicia: la tradicional, que encarna Floreano, y la moderna, representada por la que Juan Carlos Vázquez y Goguen llaman, cariñosamente, "la novia" de Floreano. "Ella pone la sofisticación y Floreano la autenticidad gallega", puntualizó el enólogo. Así, las cajas de este vino llevarán botellas con una y otra etiquetas.

Hacía tiempo que Gogue acariciaba la idea de que Floreano tuviese su propio vino albariño, aunque no por ello abandonará la cunca de tinto, asegura el artista. "En la diversidad está la grandeza", señaló. La presentación en sociedad de este nuevo blanco será este jueves, en un acto que se celebrará en el Casino La Toja.

terça-feira, 1 de dezembro de 2015

O seminário Portugal Contemporâneo: História e Património 2 Dezembro 2015 - 18h - A caricatura e as artes do espetáculo em Portugal por Osvaldo Macedo de Sousa - Artes do Espectáculo. Património em Portugal

O seminário Portugal Contemporâneo: História e Património é composto por um conjunto de sessões organizadas em três categorias: tipologias, equipamentos associados às práticas de cultura e estudos de caso. As sessões são compostas pela exposição de especialistas  seguidas de debates.

Série IV -  Artes do Espectáculo. Património em Portugal
Local: Universidade Nova - FCSH/Edifício ID - Sala 0.06 (Av. Berna 26 – Lisboa)

2 Dezembro 2015
A caricatura e as artes do espetáculo em Portugal
Osvaldo Macedo de Sousa

Analisando a caricatura / cartoon e a sua génese criativa, descobrimos quão importante é a questão dramatúrgica. O artista ao observar o momento, as notícias que correm no fluxo constante da vida / comunicação social, tem de selecionar o que lhe parece mais pertinente para a sua análise filosófica e para o público. Captada a ideia base e desconstruída nos artifícios humorísticos da abstração, esta tem de ser materializada pela teatralização gráfica, não só cenográfica, como também dramatúrgica dos heróis intervenientes. Pode-se dizer que o cartoonismo é uma arte cénica, na reinterpretação do espectáculo do quotidiano?
Sabendo como sabemos que uma imagem é, podendo contudo não ser o que aparenta, é nossa função explorar este património para descobrir os porquês. A imagem histórica não interessa apenas pelo que representa, mas por tudo o que a envolve, na sua relação com o mundo, desde o autor até ao leitor, passando pelo intérprete. O desafio do historiador está em chegar ao que não está explícito, e mesmo ao que não está implícito, ultrapassando a superfície e ver através dela, recompondo o discurso entre o passado e o presente. Muitas das vezes, a mensagem é falsa, manipulada pelo poder, pela comunicação social, ou por outros interesses. 
Na realidade, para o historiador não importa se a imagem mente, porque o importante é saber se mente e saber porque mente, como e porque foi alterada, com que fim foi encenada essa realidade. De todas as formas, como documento, como património histórico gráfico, a caricatura / cartoon continua a ser um dos melhores elementos arqueológicos para se conhecerem, não só os factos noticiosos, mas também a História sentida, vivida de uma época e o pensamento da sociedade contemporânea. 

Osvaldo Macedo de Sousa é natural do Porto (1954). Licenciado em História pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Especializou-se no campo do humor gráfico. Realizou conferências em algumas instituições de ensino portuguesas, bem como em universidades de Espanha, França, Alemanha, Polónia, Chipre, Turquia, Costa Rica e Brasil. 

Organizou mais de 4 centenas de exposições por todo o país, como também em Espanha, França, Croácia, Turquia, Dinamarca, Brasil, Costa Rica, Macau… e, consequentemente, editou, para essas exposições, mais de três centenas de álbuns e livros ("História da arte da Caricatura de imprensa em Portugal", “Crónicas d’um Stuart”, “Iconografias da Censura na Caricatura Portuguesa”, “Raphael Bordallo Pinheiro o Cidadão e o Artista”, "Humores ao fado e à Guitarra", “Esse ser Comediante”, “João Abel Manta Obra Gráfica”, “O Modernismo pel’ O Humorismo”, “Vozes Líricas do séc. XX”, “As Caricaturas da Primeira República”, “O que é o Humor Gráfico?”, “Artistas Portugueses na Grande Guerra”….) editados em Portugal, Espanha, Eslovénia, Moçambique, Brasil. Curador de exposições nos Museus Rafael Bordalo Pinheiro, da República e Resistência, Leal da Câmara, Museu Nac. da Imprensa, da Água, Amadeo de Souza Cardoso, Grão Vasco, Casa do Fado e da Guitarra Portuguesa, Museu Nac. do Teatro, Fund. Gulbenkian, entre tantos.
Foi director da Galeria Stuart (1984/5); da Casa do Humor em Lisboa (1989/90). Comissário Nacional das Comemorações dos 150 Anos da Caricatura em Portugal (1997); do AmadoraCARTOON no AmadoraBD (desde 1999); MouraBD (1995/2013); Bienal de Caricatura de Ourense (de 1996 a 2009), Fundador e Director do Salão Nacional Humor de Imprensa (1987/2006); Salão Livre de Humor Nacional (1998 - 2003); do primeiro PortoCARTOON (em 1998); Salão Luso-Galaico de Caricatura - Vila Real (desde 1997); Fest. Int. Humor de Praia - Espinho (em 2000); Bienal de Humor Raiano - Idanha-a-Nova (2002 e 04); Bienal de Humor Luiz d’Oliveira Guimarães – Penela (desde 2008). Membro de Júris de Festivais Internacionais em Portugal, Espanha, França e Chipre.

Portugal Contemporâneo: História e Património

Coordenação:  Carlos Vargas e Maria Fernanda Rollo
Opção livre aberta a todos os cursos de Doutoramento (3o ciclo – 10 ECTS)
Faculdade de Ciências Sociais e Humanas - UNL, Edifício ID

Série IV
Artes do Espectáculo. Património em Portugal
Sempre às quartas-feiras das 18h às 20h Local: Avenida de Berna, 26 | FCSH/Edifício ID | sala 0.06


O seminário Portugal Contemporâneo: História e Património tem como objectivo caracterizar, analisar e reflectir sobre o património português, abrangendo as suas múltiplas naturezas e diversas manifestações, na sua inter-relação com a história contemporânea - para o estudo da qual constitui uma inestimável fonte de conhecimento e compreensão.
Visa-se promover o conhecimento e a compreensão do património, nas suas múltiplas feições e dimensão universal, como reflexo e fonte para a história contemporânea portuguesa; identificar, estudar e valorizar dimensões múltiplas do património nacional na grandeza da sua riqueza e diversidade; captar e valorizar o conhecimento da realidade local e regional, entendida também como valor estratégico, garante da integridade da memória e da identidade nacional.
Cada uma das sessões dedicar-se-á ao estudo de uma determinada realidade patrimonial, material ou imaterial, contextualizando-a historicamente, caracterizando-a, compreendendo a sua inserção e relação com o Estado (administração central e administração local), com os diversos patrimónios, as questões suscitadas pela sua preservação e conservação e o desenvolvimento de práticas de cultura associadas, promovendo a reflexão a sobre a sua inter-relação com a própria história contemporânea.
Procurar-se-á apresentar uma visão transversal e diversificada do património nacional, compreendendo, designadamente, a observação de diversas tipologias, estudos de equipamentos associados às práticas de cultura e estudos de caso, em quaisquer circunstâncias numa perspectiva problematizante e em muitos casos, no quadro de análises inter e pluridisciplinares.
Pretende-se também estimular o estudo e promover a investigação histórica de um legado de enorme riqueza, que cruza áreas tão diversificadas como o património edificado, os equipamentos e recursos materiais com intervenção humana (cultural, artístico mas também científico, tecnológico…), ou o património imaterial (música, dança, língua…) que representa, a par do seu valor intrínseco, por um lado, um recurso fundamental para análise e aprofundamento da história contemporânea do País, abarcando evidentemente a história local, chamando a atenção, noutro sentido, para a importância do seu estudo à luz do conhecimento histórico.
A diversidade dos temas garante a riqueza da análise, decorrente do cruzamento de contribuições múltiplas, no campo socio-cultural, artísitico, político, económico, industrial, técnico, científico, visando-se estimular e valorizar a prática das análises de práticas e conteúdos inter-disciplinares e mesmo a sua contribuição para o aprofundamento dos estudos locais ou regionais, da história comparada – à escala nacional ou internacional – das mobilidades, das infraestruturas, das relações políticas, económicas, sociais e culturais…
O estudo, a valorização e a divulgação do património, para além do que significa enquanto objecto artístico, material ou cultural, é de inestimável significado enquanto reflexo da história do País, na qualidade de fonte relevante para a sua compreensão, para a escrita da história de Portugal Contemporâneo.
O Seminário é composto por um conjunto de sessões organizadas em três categorias: tipologias, equipamentos associados às práticas de cultura e estudos de caso.
Perspectiva-se a abordagem das seguintes temáticas a partir da exposição de especialistas nas diversas áreas em sessões comentadas e segui