quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

CrónicaRosário Breve A idade de Deus & a minha: descubra a diferença prática por Daniel Abrunheiro

Uma boa maneira de haver menos idiotas no mundo é não fazermos mais filhos às mulheres deles. Digo-o eu, assim um bocadito co’s nervos. Mas só um bocadito: na minha idade, é bem mais curial cansar-me galgando escadas do que dando fôlego à globalizada imbecilidade que pelo mundo campeia e ao mundo infesta.
Ah, tivera eu hoje menos uns vint’anitos no couro que decerto me indignara mais & com mais férrea força ante tanta incomunicação-dita-social do jornaleirismo-croquete em voga. Sabeis? A gula dos mirones ante as sessões de porrada Carrilho-Bárbara. A gosma dos voyeurs perante as neonamoradas do Futebol Pinto da Costa & do Sporting Carvalho do Bruno. O frisson do galinhedo paraliterário cacarejando o-Dylan-merece-o-Nobel-porque-sim-sim-senhores e/ou por-causa-disso-é-que-o-Leonard-Cohen-morreu-de-desgosto e/ou/ainda com-a-azia-o-Lob’Antunes-já-deve-andar-a-sonhar-com-pelo-menos-um-Grammy-para-o-ano-que-vem.
E depois, aquela farruscada toda da questão dos taxistas (de Lx., note-se) co’ a Uber & a Cabify, a qual só me desperta uma ilação de pronto & evidentíssimo teor homofóbicoiso e que é a seguinte: nunca é de confiar num gajo que nos deixa ir atrás. Ou então aquela que mete meninas: o Instituto Nacional de (ment’)Estatística revela que em Lisboa existem 189 meninas virgens por cada taxista sério – mas só há prova confirmada de 188.
Mais: a clara & flagrante certeza de as praxes estarem para a dignidade académica como o Relvas para a mesma. Isto por causa de uma equivalência que me parece clara como aquilo à volta da gema do ovo: se o analfabetismo funcional fizesse ondas, o ensino-dito-superior português seria um tsunami de alto-lá-co’-baile-e-pára-o-charuto.
E a carneirada das selfies? Não V. faz impressão, nas tragicomediantes redes-alegadamente-sociais, aquela malta toda só com um braço? O problema de tanta clonestupidez é afinal napoleónico: por causa do seguidismo, vai tudo para (o) maneta.
E a rábula do declara-não-declaro-nada-o-património dos indigitados (tu)barões daquela Caixa que dizem ser nossa? Ide por mim: fornicar os ricos não é sexo – é amor.
Ainda há pouco, era voz-corrente esta barbaridade acéfala: “Taxar os gajos de 500 mil euros p’ra cima é matar o investimento.” Ai é? Ai é? E fomentar o desemprego é o quê, ó cáfila de cornúpetos descalcificados?
Cá p’ra mim, a pessoa deixa de ser criança quando cessa de acreditar no Pai Natal. E volta a sê-lo quando começa a acreditar no Sócras. Foi como com aquilo das entrevistas do juiz Carlos Alexandre – só achei mal ele ter escolhido a SIC e o Expresso. Sim, mal: então duas vezes o exclusivo para o PSD-à-la-Balsemão porquê? Não há mais papagaios nas outras gamelas partidário-jornaleiras? Há. Então, quid juris?
Ai, estranha és, ó Madre-Língua-Portuguesa minha. Estranha mas bela. Bela mas estranha. Quando decides elogiar alguém, dizes: “Não há pai para fulano.” Ou seja, valorizas o fidapu. Há mas é que não confundir o burkini raso com o Burkina Faso. E saber que a frieira rebenta a pele por vir da geada islâmica. E topar de antemão que a melhor maneira de abrir buracos num green novo é praticar o golf pérsico. O Deus de cá sabe que eu nisto tenho toda a razão, o (a)lá deles é que não. Quanto a mim, só sei que a fé & a ignorância são unha-com-carne vezes demais. E que não é solução roer as unhas até fazer carne-viva.
E agora que a UE já não é só p’ra-inglês-ver? Agora que a UE já não é só p’ra-inglês-ver, retenhamos do brexit ao menos uma coisa boa, muito boa, pelo menos uma: são maiores as hipóteses de vermos menos por cá os execráveis McCann, esse inenarrável par-de-jarras que fez carreira vitalícia do abandono de três filhos menoríssimos para ir prá comezaina.
Ó pessoal, por favor atenção: apesar de todo o desarrazoado supra, sou muito menos esquisito do que o mundo em geral & do que a TV-por-cabo em particular. Ainda agora. Olhai-m’esta: acabo de ver uma série com cenas de vampiras lésbicas. Sim. Vampiras. Lésbicas. Coitadas! Devem namorar uma só vez por mês. (Como eu aqui em casa, aliás, num mês bom.) Ai, saudades do tempo da ditadura da RTP-única….Em casa de meus saudosos Pais, certa vez. Certa vez, em casa de meus saudosos Pais, o som do televisor pifou-se. A imagem, na mesma. Mas o som, népias. Eu era então tão moço, que cri com esperança naquilo resolver-se por si só. Continuei a ver. Nisto, aparecem as Doce. Lembrai-vos das Doce? Sem som embora, gostei muito de vê-las cantar. Idade feliz, essa minha. Não é como a idade de Deus. Deus perdoa, a idade não.

Nem eu.

terça-feira, 29 de novembro de 2016

Lançamento de Paródia Culinária, À Mesa de Bordalo, 3a feira às 18 horas no Museu Rafael Bordalo Pinheiro (Campo Grande - Lisboa)


Na 3a feira, dia 29 vamos apresentar o livro Paródia Culinária, à Mesa de Bordalo.


É um livro de receitas "à moda antiga", ilustrado por desenhos de Bordalo, que são apresentados na exposição Bordalo à Mesa, que pode ver no Museu.


A apresentação vai ser feita por Alexandra Prado Coelho, com Pedro Bebiano Braga (comissário da exposição) e Rita Nobre de Carvalho (designer do livro)

segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Conversas com o autor (Renata Macedo de Sousa) no Mês da Fotografia ImaginArte Almada dia 29 pelas 18h30 no Forum Municipal Romeu Correia de Almada


No âmbito da exposição "Arquitectando Fotografias" de Renata Macedo de Sousa, patente ao público no Forum Municipal Romeu Correia - Sala Pablo Neruda (Almada) até dia 2 de Dezembro


dia 29 de Novembro, pelas 18h30 a arquitecta / fotografa Renata Macedo de Sousa  falará sobre: "A promoção da Arquitectura através da Fotografia"

domingo, 20 de novembro de 2016

MUSEU BORDALO PINHEIRO - INAUGURAÇÃO HÁ 100 ANOS, AMEAÇA DE “OCUPAÇÃO” HÁ 27… Por ANTÓNIO GOMES DE ALMEIDA

- Logótipo da “Casa do Humor – de autoria do artista Zé Manel

                Não, não é nada disso em que estão a pensar…
                O que se passou há 27 anos – e será aqui explicado – não foi mais que um curioso episódio de “ocupação pacífica” desse belo Museu, fundado em 1916, e que mantém no seu interior uma extraordinária colecção de peças da multifacetada obra, tão variada quão genial, desse Artista versátil, que espalhou o seu talento pela caricatura, o desenho, o cartoon, a pintura e a cerâmica, num desbordar de formas de Arte combinadas com certeiro e acutilante Humor.
                A personalidade artística de Rafael Bordalo Pinheiro tem sido tão divulgada que dispensa a inserção de mais uma nota biográfica, para juntar a tantas outras que têm aparecido, ultimamente, a propósito do centenário do Museu que tem o seu nome.
                O que talvez seja menos conhecido, porque nem sequer costuma ser mencionado, é o facto de ter existido o tal episódio de “ocupação” do Museu, em 1989, em circunstâncias que me deram o privilégio de ser um dos seus protagonistas – daí que tenha de pedir desculpas antecipadas, pelo facto de, ao contar o que se passou, ter de usar a primeira pessoa do singular… É que, na verdade, o caso também foi, ele próprio, singular.

O MUSEU E O SEU MECENAS
                Comecemos, como é devido, pelo princípio.
                O nome do Museu é bem conhecido, e muita gente o sabe de cor, como também sabe onde ele está situado: em Lisboa, lá ao fundo do Campo Grande, à direita de quem vai para o Lumiar, confrontando-se com outro Museu, do lado oposto do jardim – o da Cidade de Lisboa.
                Menos conhecido é o nome de quem o criou e lhe deu forma e conteúdo. O Museu foi inaugurado, há 100 anos, por iniciativa particular do poeta e panfletário republicano Ernesto Cruz Magalhães, que, por ser um grande apaixonado pela obra do artista, resolveu reservar, naquela que era então a sua moradia particular, três salas dedicadas a expor a sua colecção privada de obras de Rafael Bordalo Pinheiro. Era um espólio muito importante, de carácter pessoal e de enorme riqueza, reunindo correspondência, objectos pessoais, muitos desenhos originais, algumas pinturas, a obra gráfica, incluindo 3.500 exemplares de gravura e 3.000 originais, e ainda cerâmica, com 1.200 peças.
                Ernesto Cruz Magalhães era um intelectual, autor de várias obras literárias, que não tiveram grande divulgação. Era, também, um homem rico, sem descendentes a quem deixar a sua fortuna. Assim, com o à-vontade de quem vivia desafogadamente, podia dedicar-se plenamente àquilo que lhe dava prazer: colecionar a variada obra de Rafael Bordalo Pinheiro, de quem era fervoroso admirador. A tal ponto que, tendo começado por encher parte da sua moradia particular com trabalhos do Artista que tanto apreciava, resolveu finalmente que a sua casa seria transformada, agora totalmente, num Museu, a ser oferecido à Cidade.
                É assim que o Museu mais antigo do país celebra agora os 100 anos dedicados à divulgação da obra do artista criador do Zé Povinho, que se mantém como a caricatura do português que faz "manguitos contra as injustiças".
                O fundador acabou, deste modo, por legar oficialmente o Museu Bordalo Pinheiro à Câmara de Lisboa, depois de algumas obras de remodelação e ampliação. Mas… há um aspecto pouco conhecido, e que só viria a ser revelado em 1989, muitos anos após a morte do doador. É esse pormenor que venho contar aqui.

- Notícia da inauguração

UM AUTARCA GENEROSO E AMIGO DE RIR
                Por essa altura (fins dos anos oitenta), era presidente da Câmara Municipal de Lisboa o Engenheiro Krus Abecasis – e, por outro lado, escutavam-se então, na capital como em todo o país, uns certos programas de Rádio que eram apreciados praticamente por toda a gente: os famosos programas dos Parodiantes de Lisboa (aos quais estive muito ligado, porque, durante anos, neles trabalhei como copywriter, tendo escrito uns largos milhares de diálogos, e dirigindo simultaneamente o semanário Parada da Paródia).
                Em conversas informais entre o Presidente Abecasis e José Andrade, que, nos Parodiantes, personificava o famoso Inspector Patilhas e o não menos popular Jack-Taxas, surgiu a ideia de ser criado um Museu dos Parodiantes, dado o prestígio de que estes então gozavam, tendo até recebido a Medalha da Cidade.
                Fui convidado para aderir à ideia, partilhando a gestão do projecto. Os meus parceiros de trabalho seriam: o dr. Osvaldo Macedo de Sousa, experiente organizador de exposições e festivais de Humor; e o Pintor Vítor Milheirão, com formação em Conservação de Museus, e então chefe do sector de Restauro da Gulbenkian. Esta equipa sugeriu desde logo algo bastante mais abrangente que a ideia original: a criação de uma grande “Casa do Humor”, onde se realizassem exposições, reuniões e outras manifestações ligadas ao tema – com a natural preponderância e maior protagonismo dos Parodiantes.
                Lançámo-nos na busca de local apropriado, em Lisboa – mas não foi fácil encontrar o que procurávamos. Por uma ou outra razão, as várias casas, pavilhões e palacetes visitados não ofereciam as condições necessárias…Então, foi o próprio Presidente da CML (que estava interessadíssimo no caso, ele que gostava muito de Humor, mau-grado a cara séria que habitualmente exibia…) a sugerir que, estando o Museu Bordalo Pinheiro fechado para obras, se instalasse ali (provisoriamente) a nossa Casa do Humor, até que esta pudesse ser transferida para um local novo, uma galeria apropriada, que iria ser construída em breve nas traseiras do Museu.
                E assim se fez.
               

- Catálogo da primeira Exposição: “Paródias em Parada – Da ‘Paródia’ de      Rafael Bordalo Pinheiro à ‘Parada da Paródia’ dos Parodiantes de Lisboa” – capa e interior

A POLÉMICA “OCUPAÇÃO”

                É nesta altura que surge uma inusitada polémica… A Dra. Irisalva Moita, que era, ao tempo, Directora de todos os Museus de Lisboa, levantou um inesperado obstáculo. Segundo ela, os Parodiantes estariam a ocupar, ilegalmente, aquele espaço… Porquê? Porque, na escritura de cedência da moradia de Ernesto Cruz Magalhães, estava expressamente mencionado que aquela casa jamais poderia ter outro uso, para além da exibição da obra de Bordalo! Mais: se tal acontecesse, a propriedade teria, estatutariamente, de passar para a posse… do Jardim Zoológico de Lisboa!
                Mas, tendo sido muito bem esclarecida a situação provisória daquela “ocupação” (sugerida, aliás, como foi explicado, pela própria Câmara, e só para aproveitar a circunstância de o Museu estava então em obras), e também porque a estadia só duraria enquanto se esperava pela construção do novo espaço – tudo ficou claro, e a “Casa do Humor” foi inaugurada oficialmente, no Dia da Cidade (25 de Outubro) de 1989.
                Nela chegaram a realizar-se várias Exposições, sempre com o Humor em primeiro plano. A primeira tinha por tema “Paródias em Parada – da ‘Paródia’ de Rafael Bordalo Pinheiro à ‘Parada da Paródia’ dos Parodiantes”. Seguiu-se a “Exposição e Encontro Luso-Brasileiro de Humor”. Depois, uma exposição de “Esculturas” do cartoonista Augusto Cid. E, finalmente, “O Humor e A Bola”, com os cartoonistas daquele jornal desportivo.
                Durou menos de dois anos esta “Casa do Humor”. O progressivo apagamento da actividade dos Parodiantes ditou o fim do projecto.
                Hoje, no novo espaço que lhe seria destinado (o qual, esclareça-se, está em funcionamento, desde há vários anos, com excelentes condições), realizam-se regularmente exposições e outras iniciativas, algumas delas ligadas ao Humor.

                   Isto é: a “ocupação” teve duração muito breve, e a ideia original acabou por esfumar-se, juntamente com os Parodiantes, entretanto também desaparecidos, excepto na recordação de muita gente que ainda se lembra deles – mas não guarda qualquer memória de uma “Casa do Humor “que não foi, mas podia ter sido, uma ideia cheia de Graça Com Todos

quinta-feira, 10 de novembro de 2016

O Cartoonista iraniano Emad Salehi, 1º Prémio na Bienal de Humor Luis d'Oliveira Guimarães - Espinhal - Penela 2016 esteve cá e visitou o Museu Bordalo Pinheiro em Lisboa

 Emad Salehi com o Director da Bienal Osvaldo macedo de sousa e com o Director do Museu João Alpuim Botelho




 Em conversa com a pintora Emilia Nadal na visita da exposição temporária de Paula Rego


No Museu Raphael Bordalo Pinheiro numa alusão ao tema da Bienal de Humor do Espinhal Penela - Do Mel ao Ferrão (O Director da Bienal Osvaldo Macedo de Sousa e o 1º Prémio Emad Salehi)

Crónica Rosário Breve Meio século de O Judeu por Daniel Abrunheiro


O Judeu de Bernardo Santareno foi publicado há 50 anos.
Obra-prima da literatura dramatúrgica portuguesa do século XX (e de todos os que vierem), é ponto cimeiro do extraordinário repertório teatral criado por António Martinho do Rosário, nome civil do dramaturgo nascido a 19 de Novembro de 1920 na scalabitana freguesia de Marvila.
O Judeu marca, também e ainda, a incursão de Santareno na dimensão épica do entrecho discursivo-dramático, monumento que alguns tolos (críticos de pacotilha, revolucionários de café) acharam “irrepresentável em palco”. (Talvez os engulhasse o parentesco brechtiano da viragem formal da escrita do Santareno pós-neo-realista.) Mas não só. A peça de Santareno tem por núcleo primacial a tragédia pessoal de António José da Silva (1705-1739), autor, como Santareno, de uma produção dramática incómoda (exasperante até) para o regime seu contemporâneo. As sátiras espirituosas deste cristão-novo (como As Guerras do Alecrim e da Manjerona) caíram mal, para dizer o mínimo, entre os intolerantes e fanáticos monstros da “Santa” Inquisição, que de muito mais não precisaram para o queimar em público auto-da-fé a 18 de Outubro de 1739.
Retratado & retratista (António ambos) irmanam-se na desventura trágica das respectivas existências terrenas. A António José da Silva corresponde Bernardo Santareno do paralelo modo como ao Santo Ofício dos séculos XVI a XIX corresponde a PIDE do século XX. A polícia política de Salazar não extinguiu fisicamente, é certo, Bernardo Santareno – mas tudo fez para lhe sufocar a Obra, a torrencial & primorosa obra teatral com que Santareno fustigou o despotismo ao tempo mesmo que exalçava a peremptoriedade da dignidade humana, essa dignidade que outra coisa não é, ou outro nome não tem, que isto & este: Liberdade (e da incondicional).
Em e a partir desse remo(r)to ano de 1966, O Judeu não pôde, naturalmente (aqui, o itálico não é de resignação fatalista mas de fatal acusação), ser levado à cena. Saiu em livro, para prontamente ser perseguido pelas feras cinzentas & analfabetas do salazarismo, que nessa década de 60/XX já estertorava de necrose. Todavia, um facto triste veio adensar a solidão vitalícia do grande escritor. (Faço aqui parágrafo para mais distintamente vos sublinhar a injustiça e a ingratidão dos factos:)
Não havendo, depois do 25 de Abril, qualquer razão (bem antes pelo contrário) para não representar O Judeu, as tricas & baldricas aparentemente fatais do milieu intelectual(óide…) português obstaram a que a magnífica peça tivesse palco & plateia antes da morte física de Bernardo Santareno. Com efeito, o grande dramaturgo, morrendo a 30 de Agosto de 1980, não assistiu já à estreia do seu opus-magnum, que ocorreu apenas e quase meio ano depois (a 20 de Fevereiro de 1981, no Teatro Nacional de D.ª Maria, com encenação de Rogério Paulo). Bem e acertadamente andou Luiz Francisco Rebello quando escreveu (in O Jornal de 5/9/1980):
Santareno não morreu na fogueira acesa pela Inquisição para suprimir o Judeu da sua obra-prima []mas consumiram-no as chamas de mil pequenos fogos ateados pela mesquinhez, pela intolerância, pelo ódio, até pela indiferença às vezes mais cruel ainda, que desde muito longe, desde Gil Vicente e mais atrás, têm sufocado a respiração do teatro português.
Consolemo-nos, digo eu, com a certeza de o gigante Santareno ter morrido na consciência muito íntima da sublime valia não só de O Judeu como de toda a sua Obra literária, a qual, resistindo à corrosão inapelável do Tempo, se iniciou em 1954 com A Morte na Raiz (poesia), permanecendo viva & actual para além da extinção corpórea do Homem/Artista que no-la deu.

Resta-nos demonstrar, como Público & como Povo, que somos merecedores de tão descomunal, tão alta, tão preciosa oferenda. Ou então que, não dela merecedores, ardamos a frio nessa labareda de gelo chamada esquecimento.

segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Na próxima 3a feira, dia 8 de Novembro às 19 horas, no Museu Bordalo Pinheiro

ARTISTAS DE CAUSAS é o tema da conversa sobre a exposição Diálogos Imaginados que coloca lado a lado as obras de Bordalo Pinheiro e Paula Rego, porque a defesa de causas e ideais é mais um tópico que une as obras destes dois artistas.

A conversa juntará Arlete Alves da Silva (que, com o seu marido Manuel Brito, foi uma das responsáveis pela divulgação da obra de Paula Rego em Portugal, através das exposições na Galeria 111 e mantém uma amizade forte com a artista) e Pedro Bebiano Braga (comissário da exposição e profundo conhecedor da obra de Bordalo).

Na próxima 3a feira, dia 8 de Novembro às 19 horas, no Museu Bordalo Pinheiro


quarta-feira, 26 de outubro de 2016

Inauguração da exposição "Humores do Vinho" no Teatro Municipal de Vila Real integrada na Vila Real Capital da Cultura do Eixo Atlântico Aconteceu dia 22 de Outubro pelas 21h e estará patente ao público até 11 de Novembro 2016. Mais uma produção Humorgrafe / Osvaldo Macedo de Sousa




   A Vereadora da Cultura Drª Eugénia Almeida, o Director do Teatro Municipal Rui Araújo e o Comissário da Exposição Osvaldo Macedo de Sousa.


   A Vereadora da Cultura Drª Eugénia Almeida, o Director do Teatro Municipal Rui Araújo e o Comissário da Exposição Osvaldo Macedo de Sousa.
 O liveo editado

Elisio Amaral Neves e o cartoonista Santiagu

Crónica Rosário Breve - Escrever nas folgas por Daniel Abrunheiro

Um amigo meu é historiador amador. Comete monografias. Sabe coisas impensáveis que as mais das vezes resultam genealógicas. Ou pior. Uma inscrição de fontanário extasia-o como a mim só me acontece com, com quê?, talvez c’a Sophia Loren aqui há uns oitenta anitos. Da I República para trás e para os lados todos, cimabaixestiborbombordo, sabe tudo – menos o que será desta de agora.
Acontece que ontem, sob a morrinha persistente que acinzentava mais o dia do que à nossa vista a passagem de uma viúva sincera, apanhei-o esmifrado de nervos & sudorífero de raivas. Indaguei:
– Atão, pá? Tás c’umas beiças qu’inté parece que te caiu um músculo a dormir, home’! Qu’é que foi? Morreu-te a vizinha de baixo ou debaixo?
Ele desganiu-se-me com a explicação:
– Rafeiro, fui ao Arquivo Municipal ver se catava uma data infalível e olha, népias.
Tentei ajudar, claro. (Eu sou assim, ajudante. Nunca hei-de chegar a chefe por causa de ser assim, assim bom, assim porreirinho, assim amigalhaço, assim sempre-de-ajudar, assim mentiroso.)
– Que filão é que escavaste?
E ele:
Os Anais, claro. Mas aquilo era só folgas.
E eu:
Pá, isso é mau. Anais com folgas… E eram todos de trânsito só de-dentro-p’a-fora?
E ele:
Goza, meu ganda-marreco-das-orelhas, goza pr’aí. Era coisa importante, pá, coisa importantezinha, mat’rial necessário ó Pobo, pá, necessário cumò pão pà boca, cumò pão pà boca, pá.
Solidarizei-me. Ofereci-lhe que beber. (Só beber. É de lei que, co’ comer & co’ fumar & co’ aquele resto que toda a gente sabe, cada um paga o seu. E o dever acima de tudo, como na tropa.) Fomos ao Ramiro Tira-Linhas a modos que esvurmar uma tal pomada que ele lá tem, mas tal, que os médicos só não a receitam para o ranger das artroses e para as borrachas da figadeira porque isto de médicos e laboratórios, pá, isto de médicos e laboratórios é tudo Roque-da-Amiga & Amiga-do-Roque. É-é, mas-é-qu’é mesm’assim. Entonces, depois de umas pucheiritas lá mudámos para o cântaro, que sempre fica mais em conta.
Na brevidade que a vida é, por contar menos um dia do que o carnaval, a pajens-tantos intentei cognoscer (no mínimo, cognoscer, que eu ainda fiz o quinto-ano antigo), quer’eu dizer, apurar o âmbito & o intuito das anais escavações do meu amigo.
Ele recognosceu-me ist’assim:
Tinha a ver com a data exacta, ali exactinha preto-no-branco, da última vez em que a Câmbra interveio, pá, sei lá, nos problemas. Os problemas, tás-a-ver?, as cenas que dão mau nome aqui à parvónia, pá, aqui à parvónia, pá, mau nome, tás-a-ver?
E eu:
Tar-a-ver-tou. Mas assim tipo alguma zona em particular, sei lá, tipo ali nas Trigosas?
E o sacana do gajo a esgalhar-se todo de risota & a cuspinhar farelo de pevides pa’ todo o lado, o sacana do gajo assim na mouche qu’eu às vezes c’a pomada fico:
Trigosas? Trigosas? Ó meu, bebe cérélác sem grumos cuspidos, meu! Eles lá nas Trigosas não são de folgas, meu. Se precisam, não pedem nem esperam. Fazem. Fazem ali feitinho. Entre todos. Para todos. E pluribus unum, carago! Mete lá esta nos teus anais, anda.

E eu meti. Tanto meti, qu’inté escrevi esta de pé e tudo.

quinta-feira, 20 de outubro de 2016

Cronica Rosário Breve - Três de Janeiro, por exemplo por Daniel Abrunheiro

A 3 de Janeiro de 1903, Alois Hitler, pai do Adolf, morreu. O mal estava já feito, todavia. Klara, a mulher dele, foi definitivamente roída pelo cancro em 1907 – mas o mal não apenas teimava feito como crescia. Sobre a morte desse obscuro funcionário público austríaco, o mesmo há a reter que da sua vida: cinza uma como cinza outra. A coisa passou-se.
Exactamente 22 anos depois, eram suprimidos em Itália os partidos políticos que queriam ser oposição à meteórica trajectória ascendente de um tolo perigoso chamado Benito. (Nessa precisa data de 3/I/1925, contava a senhora minha Mãe 68 dias de vida – e era decerto feliz, pois que então purificada pelo esquecimento do futuro.)
O futuro é que se não esqueceu do seu destino demolidor. Assim foi pois que, num terceiro dia januário também, mas o de 1935, se assiste em Coimbra a uma cena causadora de colectiva tristeza. Tem a ver com demolição & destino: por decisão da Câmara Municipal, é demolida a altaneira e histórica Torre de Santa Cruz, em frente ao formoso Jardim da Manga. A construção ameaçava iminente & eminente derrocada. Tinha de um lado o Celeiro dos frades crúzios (onde funciona hoje em dia a esquadra da PSP) e do outro a Enfermaria, que foi depois residência do senhor Prior e biblioteca até se tornar no que é hoje: a Escola Secundária de Jaime Cortesão.
Treze anos exactos se esfumam. Não estamos já em Coimbra lacrimejando de impotência à face do sacro entulho. É ora em Lisboa que estamos. Por magia, quantos são hoje? 3 de Janeiro. O ano é 1948. A noite promete: há fadistagem no Café Luso, como de costume, mas este serão é especial por ser o da consagração de um fadista chamado Alfredo. Desde outro Janeiro (o de 1941) que o Luso já não é na Avenida da Liberdade (onde nascera em 1927), trasladado que foi para as antigas adegas e cocheiras do Palácio do Largo de São Roque, ali à Travessa da Queimada (8-A, telefone 32 889). Chama-se agora Cervejaria Luso. Há menos de três anos que o filho do tal Alois foi ter com o pai. Há menos de três anos que o Benito foi pendurado pelas patas como uma carcaça de açougue. Os ventos da democratização que por (alguma) Europa grassam, não desgraçam porém a cinzenta nau ibérica, cujos timoneiros se chamam Franco e Salazar. Muitos Janeiros hão-de arder a frio até que seja Abril. Mas hão-de.
Ainda assim, e meros doze anos passados sobre a boémia consagratória do fadista Marceneiro, a estagnação estadonovista é furiosamente sacudida de cabo a rabo. 3/I/1960 – de uma das mais perversas prisões de alta-segurança da Ditadura, o Forte de Peniche (que nos nossos tristes presentes dias os patarecos da dinheirama fácil & rápida parece quererem transformar em amnésica hotelaria), chega notícia de sensação: fugiram uns gajos que ali estavam presos “por seu livre pensamento” (cf. fado Abandono, vulgo Fado Peniche, pela divina Amália). Eram eles: Joaquim Gomes, Carlos Costa, Jaime Serra, Francisco Miguel, Rogério de Carvalho, Francisco Martino Rodrigues & um tal Álvaro Barreirinhas Cunhal. A intrépida evasão roça a ironia histórica. Porquê? Por se dar precisamente dez anos & um dia depois da morte de Militão Ribeiro, acontecida a 2 de Janeiro de 1950 na Penitenciária de Lisboa, supostamente ao cabo da greve de fome que a cabo levava contra a falta de assistência médica. Militão e Cunhal haviam sido presos conjuntamente pela PIDE em 1949. Nunca mais seriam presos: Militão, pela absoluta libertação chamada Morte; Cunhal, pela absoluta liberdade chamada Vida.
De modo que: 1903, 1925, 1935, 1948, 1960. Tudo depois de Cristo. E a 3 de Janeiro tudo. Queira todavia o meu Leitor tomar nota ainda de uma outra efeméride. A próxima edição deste Jornal não há-de esperar pelo 3 de Janeiro do ano que há-de vir. Pois não. A próxima acontece a 27 de Outubro.
Ora, a 27 de Outubro nasceu a senhora minha Mãe.

Mas aí a História, porque futura, porque purificada, porque nunca esquecida, aí a História já é outra.

quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Crónica Rua dos Combatentes - LOUSÃ, MEU HUMOR por José Oliveira (in jornal TREVIM da Lousã)

Nunca acreditei que Lisboa fosse, verdadeiramente, ‘capital’ de Portugal; antes pelo contrário. Foi por isso que, há um quarto de século, sendo necessário um título para o primeiro livro de recolha dos cartoons de ‘O Broncas’, optei por “Portugal, Capital de Lisboa”.
Felizmente, há evidentes sinais de algum esvaziamento da tutela macrocefálica, ao mesmo tempo que o ‘Portugal autêntico’ (ou devido a isso…) vai, paulatinamente, crescendo na afirmação da(s) sua(s) identidade(s) e na(s) sua(s) capacidade(s) de afirmação; ainda é em Lisboa que se cose (com ésse) e se cozinha (com zê) o Plano e Orçamento, ainda é em Lisboa, no hemiciclo de S. Bento, que os deputados vão dormir a sesta (e estou a tentar averiguar quais é que dormem mais… se os da capital, se os do Portugal autêntico…) mas vou notando que, na grande metrópole lisboeta (que engloba vários municípios envolventes da vetusta Olissipo), a tendência é para o desmantelamento de iniciativas que versem as artes da Caricatura e/ou da Banda desenhada. Porquê? (vou tentar averiguar); por serem actividades comunicacionais de grande adesão popular mas, ao mesmo tempo, caracterizadas pelo gene da irreverência? ou porque as respectivas organizações estavam a custar muito dinheiro? (e também tentarei averiguar por que é que custavam tanto). Não descarto a possibilidade de a verdadeira explicação radicar em ambas as razões. E assinalo: o ‘World Press Cartoon’ arvorou bandeira, durante bastantes anos, primeiro em Sintra e depois em Cascais; mas este ano já não se realiza. O Salão Nacional de Caricatura, cujas realizações se haviam consolidado em Oeiras, deixou de ter acolhimento naquele município e não teve continuidade. O Centro Nacional de Banda Desenhada e Imagem, do quadro municipal da Amadora, foi desmantelado; e o próprio festival de BD daquela cidade perdeu a pujança que tinha e – pior – suprimiu a sua componente de Caricatura.

Tudo se encaminha para que a Caricatura e, de um modo geral, o Humor, regressem à Lousã dentro de poucos meses. Vamos ver se para ganharem raízes, neste terreno que lhes tem sido propício.

Rosário Breve - Coisas que a vida e Abrantes me ensinam por Daniel Abrunheiro

1. “Lamento ter nascido.”; “Gostei muito de ter nascido.” A primeira frase é do ensimesmado poeta António Ramos Rosa. A segunda, do feliz & polivalente fazedor de campeões Moniz Pereira. Constam ambas de um livro intitulado O que a Vida me Ensinou. A obra compreende 34 depoimentos (23 homens, onze mulheres) de notórias figuras da nossa intelectualidade contemporânea coligidos pelo jornalista Valdemar Cruz para o semanário Expresso entre 2002 e 2005. A edição livresca aconteceu em Março de 2007, sob a chancela editorial da Temas e Debates. À data do livro, três dos entrevistados haviam morrido já. No entretanto destes nove anos & sete meses, muitos deles partiram já também. Todos tinham não menos do que 70 anos quando o jornalista com eles se encontrou.
A leitura enriqueceu-me. É um trabalho limpo, que vivamente recomendo a todos quantos dispensam à livralhada uma atenção & uma intenção que só proveitosas podem ser. Sublinhei muito, gastei todo um lápis. Adriano Moreira patenteou sem esforço a sua clara, incontornável sageza. O excesso pró-aforístico de Agustina não me aborreceu tanto, não desta vez. Siza Vieira, todo elegância. O sobredito Ramos Rosa pareceu-me o que o labor poético dele me parece: cansado & cansativo. Gostei muito do auto-retrato vital da fadista Argentina Santos. Eduardo Lourenço é um monumento. O investigador Fernando Catarino deu-me ideia de areia a menos para a camioneta exibida. Fernando Lanhas, giro, patusco, sábio. M.ª Helena da Rocha Pereira, maravilhosa. Manoel de Oliveira, banal & sobrevalorizado. D. Manuel Martins, vero filantropo & alma boa. Maria Keil do Amaral angustiou-me. Nella Maissa, prodigiosa. Óscar Lopes, outro monumento. Margarida Tengarrinha, humaníssima & exemplar. Sequeira Costa, profundo, grave, ortoépio. O industrial José Manuel de Mello, absolutamente execrável. Completam o rol: Anthimio de Azevedo, Borges Coelho, Eunice Muñoz, Fernando Távora, Galopim de Carvalho, Glicínia Quartim, Helena Sá e Costa, José Pinto da Costa, José Saramago, Júlio Pomar, Júlio Resende, Luísa Dacosta, M.ª de Lourdes Levy, Nuno Grande, Ruy de Carvalho e Vítor Crespo. Da minha leitura, mais por ora não digo. Diga-me da sua o Leitor, se caso disso for.
2. Outra proveitosa leitura que fiz por estes dias: Intelectuais Portugueses na Primeira Metade de Oitocentos (de M.ª de Lourdes Costa Lima dos Santos para a Editorial Presença, Lx., 1988). É tese de doutoramento muitíssimo bem lavrada. A poucas páginas do fim, aprendi que foi fundada em Abrantes, no remo(r)to ano de 1802, uma tal Sociedade Literária Tubuciana. Era dela figura-de-proa um Rodrigo da Silva Bivar, “Inspector da Plantação das Amoreiras e Director da Fiação da Seda”. A doutoranda Autora remete o interessado (em a nota remissivo-bibliográfica n.º 11, pp. 325) para uma monografia de há 40 anos – A Academia Tubuciana e os seus Membros, de Luís Bivar Guerra, in Anais da Academia Portuguesa de História, Lx., 1976. A abrantina agremiação de nome esquisito não esgotava o intuito pragmático na amoreira e no bicho-da-seda. Não. Leia-se: “(…) os seus objectivos eram mais vastos, visando concorrer para a felicidade da Nação através dos trabalhos dos seus membros nos campos mais variados (nos Programas da Tubuciana para 1803 e 1804 os assuntos propostos para apresentar comunicações abarcavam os domínios da História, da Literatura, do Direito, da Economia Política e da Agricultura).”
Mais: a Tubuciana não queria saber de não ser na Capital que tinha a sede. Pelo contrário, chateava Lisboa sempre que tinha por bem chateá-la. Exemplo: faltando “provimento de professores de primeiras-letras e de latim em Abrantes”, Diogo Bivar (filho e sucessor de Rodrigo) foi de mandar “uma representação ao Governo, censurando a Junta da Directoria Geral dos Estudos”. Lisboa ainda refilou, dando ordem ao juiz-de-fora de Abrantes (que até presidia à Tubuciana…) no sentido de “repreender severamente a ousadia com que na representação tinham sido caluniadas as diligências públicas da Junta” – mas o certo é que, “logo depois”, houve mando de “abrir concurso para que as cadeiras de latim e de primeiras-letras fossem providas de professores seculares com os devidos ordenados”.

3. Que aprendi eu, pois & assim? Aprendi que nem a Vida nem Abrantes me parecem ser já o que eram dantes.

segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Dia 12 de Outubro Inaugura a exposição "Mont'Alvão o Lado Irreverente de um democrata" na Biblioteca Municipal de Chaves, uma produção Humorgrafe


A retrospectiva da obra humorística do médico oftalmologista e fundador do Partido Socialista Júlio Augusto Morais de Montalvão Machado (Vila Real 27/7/1928 - Chaves 25/6/2012), o qual assinava Mont'Alvão, foi uma encomenda da Vila Real - Capital da Cultura Eixo Atlântico 2016, ou seja do Município de Vila Real à Humorgrafe (Osvaldo Macedo de Sousa) a qual após o seu sucesso no Museu da Vila Velha em Vila Real é apresentada agora em Chaves a partir do dia 12 de Outubro até 11 de Novembro de 2016