quarta-feira, 26 de março de 2014

Crónica Rosário Breve - Quatro não-histórias para crestomatia alguma por Daniel Abrunheiro

1. Futebol

As formigas verdes querem comer, ou pelo menos matar, as brancas, que vêm contentes da casa das encarnadas, onde mataram e comeram na semana passada.
José Alves trabalha na Mutual e é fiel ao seu balão de anis, que toma ao balcão do senhor Assis. José Alves, branco, encarnadeja acintes ao senhor Assis, que, encarnado, reverdece de raiva.
Nisto, entra Filinto Elísio, um poeta de outro século. Não percebendo a discussão, sai de cena e vai tomar capilé a outro sítio, que alguém pintou de azul sem ser para provocar ninguém.

2. Acento Grave

Uma pessoa aclimata-se de pequenina a objectos preciosos que depois lhe tomam a vida.
Nalguns milhões de casos, a solidão colecciona selos: é a selidão.
Outros coleccionam pègadas, mantendo, por pura ortoteimosiagráfica, o acento grave.
Mulheres seleccionam amantes finos como caules de champanhe.
Rapazinhos domesticam rãs.
Menininhas adoram avôs.
No tudo, a vida e a morte coladas a cuspo pelo Tempo.
Depois, as segundas e as quintas dispersam-se como fins de feiras: horas ciganas, minut’oldos, segun’bancas, existir a saldo e a soldo, caixas aeróbicas com galinhas tísicas rodeadas de pintos de bairro social.
Eu fui escolhido por alguns Mundos de Aventuras (Matt Marriott, Wes Slade, Rip Kirby, Cisco Kid, Garth, Matt Dillon) com capas de Carlos Alberto, o mesmo de Camões e de Romeu e Julieta em cromos.
Uma pessoa é para o que nasce, é para o que morre.

3. Pensar em Si

O pensamento tem ruas onde entardece.
Também nessas ruas deflagra o pequeno comércio: frutas de furta-cores, flores de tela, sapatos de corda, relógios também de corda, café de cheiro, banco de frio numerário, açougue em sangue, farmácia asséptica, electrodomésticos de ocasião electrodoméstica, lotarias lá fora por uma vida melhor, próteses básicas.
O pensamento é uma (c)idade feita de outras (c)idades, trechos de aldeias e bosques, planos directores sem direcção de pormenor e, ainda ou até, placas de desorientação que dizem Coimbra, Leiria, Barrocal; Porto, Lisboa, Espanha; Albergaria, Londres, Guia; Viseu, Baleal, Carriço; Versalhes, Lameira, Lagares; Santiago, Santarém, Charneca.
Por tais ruas passam como segundos incertos certas pessoas pensadas a vagaroso contra-relógio: benignos fantasmas à hora do chá, de magras mãos depostas ao lado do prato de biscoitos sobre mesa-de-camilha. Nas paredes das ruas-de-pensar-nisso, há cartazes que antigueceram sem dor: touradas de outros verões, bailes de falidos outonos, recenseamentos eleitorais que coincidem com a época venatória, Julio Iglesias no Casino Atlântico, Marco Paulo no Viuveiro, vota Partido Nacional, uma Promoção a Pensar em Si.

4. A Dor, o Alívio

Não quero contar a dor, mas a memória da dor.
Fazer de conta que ela não me interessa nem existe senão na forma contada, dia a dia contada. Conto e conta: palavra e número: meus recursos.
Dias contados sem apelo e com agravo: histórias, imagens, lances, datas, pânicos, serenidades.
No fundo, o mar de terra vegetal, seus peixes calcários, seus tufos de espargos, trevo, funcho, um monte geodésico, o horizonte vertical do meu Irmão.
É isto que estou a fazer, enquanto a vida, de lado, me assiste, meteorológica, escrita, sem outra memória possível que a da invenção da dor deveras.
Recordo: o alívio de, comparada a vida com o céu nocturno de Verão, a dor não ter sentido. No sentido de não ter aonde ir. A dor, não ter aonde ir a dor: o alívio.
Era outro Verão. Tinha anoitecido. Cheirava a feno e a animais cansados no limite da doçura. O ar podia arredar-se à mão como a uma cortina.
Tudo tinha o ar de ter vivido o suficiente. As coisas mundiais muito bem dispostas no tabuleiro largo: o céu estilhaçado de cardumes de cristal, o monte de veludo negro parado como um touro, a terra estremecida de silveiras e ratos, os olhos do menino expostos à mais pobre e mais terrena imitação das estrelas: os pirilampos.
Eu não podia saber mais do que tudo. E tudo era a sombra ambulante de meu Pai: dupla sombra. Então, nessa outr’hora hoje falseada por minhas artes e manhas de aliviado, a felicidade era a moeda que luzia na arca.
Hoje, não tenho em que gastar esse dinheiro sem câmbio nem remissão.
Não importa.

Olha o céu. 

terça-feira, 25 de março de 2014

Portugal na sátira de Henrique (site SAPO)




"A Batalha - 14 de Agosto de 1385" em BD a nova obra de Pedro Massano lançada no próximo dia 27

No dia 27 de março, a Gradiva publica A Batalha – 14 de Agosto de 1385, um livro de capa dura com banda desenhada da autoria de Pedro Massano ao longo das suas 88 páginas.

Eis a sinopse da editora: Páginas de História de Portugal iluminadas pelo traço inconfundível de Pedro Massano e as palavras dos cronistas da época. Um relato épico de um acontecimento marcante, com pranchas arrebatadoras e de grande beleza. A Batalha de Aljubarrota pela mão de um mestre, para oferecer e guardar para si. Este livro descreve o que foi um dia decisivo para Portugal. A 14 de Agosto de 1385, o exército comandado pelo rei D. Juan de Castela foi derrotado, no campo de S. Jorge, por uma força muito inferior de portugueses. Os heróis dessa jornada memorável foram Nun’ Álvares Pereira, D. João I, e a hoste heterogénea de quantos combateram sob as suas ordens. O autor Pedro Massano procurou, de acordo com as fontes históricas da época – Froissart, Castañeda, o próprio D. Juan e, sobretudo, Fernão Lopes – fazer justiça a esses quantos que souberam dar-nos uma nova vida e reinventar o seu país.
Entrevista ao autor por Geraldes Lino no http://divulgandobd.blogspot.pt


segunda-feira, 24 de março de 2014

Morreu Zé Penicheiro no dia 16 de Março de 2014, com 94 anos.(noticia dada por Fernando Campos)

O pintor José Penicheiro morreu no dia 16 de Março de 2012, com 94 anos.
Porque o conheci, julgo natural que me seja exigido um depoimento que vá um pouco para lá da ditirâmbica palermice circunstancial, habitual noutros meios. Tal seria indesculpável, dada a minha responsabilidade e a dimensão incontornável do artista.
Ficará para mais tarde. Por hoje, fiz-lhe um retrato. Com um abraço amigo.
http://ositiodosdesenhos.blogspot.pt/

todos os quadros têm teias de aranha no cu
Marcel Duchamp
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Nos anos oitenta do século passado, o chuveirinho de fundos perdidos proveniente da então CEE achou em Portugal solo fértil para o milagre económico e sociológico do novo-riquismo, que ficou popularmente conhecido por “cavaquismo”. Mas também acabou por proporcionar um outro fenómeno sociológico, e económico, inaudito na história de Portugal: a eclosão de um mercado de arte na província.
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É verdade. De repente, num país atrasado e atavicamente pouco dado a coisas do espírito - acabadinho de sair de uma ditadura de quatro décadas, de um pequeno sobressalto “revolucionário” e de duas intervenções assistenciais do FMI - pessoas acabadas de ascender a uma próspera e inesperada classe média-alta descobriram em si um ideal abstracto e, num inusitado interesse plo espírito das coisas, o amor acrisolado pela arte. Foi assim que médicos, engenheiros, advogados, magistrados, altos funcionários e pequenos empresários com poder aquisitivo e alma deconnoisseurs, de coleccioneurs ou de investideurs criaram as condições para que um pequeno núcleo de artistas, alguns já activos desde os anos 40 e 50, se pudesse dedicar à arte a tempo inteiro. Foi o caso de José Penicheiro.
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O poder autárquico, pla aquisição de obras e encomendas de arte pública, também deu um valioso contributo para a consagração destes petits maitres regionais; assim como o Serviço Nacional de Saúde que, com o seu generoso patrocínio das multinacionais do medicamento, permitiu a impressão mecenática de sucessivas e copiosas edições limitadas de serigrafias e litografias cujos exemplares, assinados e numerados pelos artistas, reproduziam originais e eram distribuídas, como oferendas, em alegres congressos médicos pla província - num contributo precioso, e definitivo, para a divulgação das suas obras e para a sua imensa popularidade.
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Na Figueira, por exemplo, não há casa nem casebre que não possua as paredes engalanadas com uma destas (já desbotadas, no caso das litografias) reproduções. O povo tinha mesmo os seus artistas preferidos. Contudo, nunca houve unanimidade. A admiração popular, tal como no futebol, ainda hoje se divide plos três grandes: Cunha Rocha, Mário Silva e José Penicheiro.
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E contudo, dos “três grandes”, Penicheiro era o artista menos óbvio para agradar ao novo gosto dos novos burgueses emergentes - o seu trabalho era prejudicado pela má qualidade dos suportes (cartão ou platex) e dos materiais (o guache e a tinta plástica) e o seu imaginário, enraizado ainda em modelos neo-realistas, era povoado de gente humilde e anónima numa paisagem ribeirinha sempre ligada ao universo do trabalho árduo e penoso: no salgado, na pesca, na lota, em andaimes e estaleiros - os novos-ricos, mesmo de origem humilde, não gostam que lho recordem. Também desprezam o trabalho duro, que acham desqualificado, e desconfiam da arte que o representa: invariavelmente acham-na subversiva ou, no mínimo, inconveniente. 
Mas foi isso mesmo que Penicheiro fez: encheu-lhes as paredes das vivendas e dos palacetes de trolhas e marnotos, costureiras, pescadores, moliceiros, lavadeiras e cavadores.
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A grande arte de Zé Penicheiro
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Filho de um carpinteiro, Zé Penicheiro começou pela caricatura em madeira. Bonecos em volume, como ele dizia. Auto-didacta orgulhoso (quase até à arrogância) aprendeu o desenho e aprimorou o traço na tarimba do humor gráfico e da caricatura de imprensa, nos anos de chumbo da censura. Desenhador compulsivo, o seu traço vigoroso, sintético e eloquente era alicerçado num sentido da composição rigoroso, numa sensibilidade de colorista requintado – adquiridos ao longo de muitos anos de trabalho na publicidade e na decoração – e num instinto ornamental que se foi tornando cada vez mais sofisticado e exuberante.
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Quando o conheci, em 1981, trabalhei com ele em publicidade. Aprendi imenso (a relevância do seu contributo para a linguagem desta arte de comunicação dava para escrever um tratado, um capítulo à parte na sua vasta obra criativa (só semelhante ao de outro figueirense, Cândido Costa Pinto. Este até com obra teórica publicada sobre o assunto, embora nunca tenha exercido actividade na região). Mas em 84 (ou 85), quando trabalhei para ele - na impressão serigráfica dos seus trabalhos – já ele se dedicava finalmente, em exclusivo, à sua paixão de toda a vida, a pintura. Tinha mais de sessenta anos.
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Numa idade em que a maior parte dos homens calça as pantufas e se senta ao borralho a olhar para ontem, Penicheiro preparava-se para começar outra vida. Criativa. E para consumar a sua obra – uma obra que teria, contudo, um carácter sempre reminiscente, também a olhar para ontem, numa espécie de interminável “Amarcord”. 
Todavia, ao contrário de Fellini, não existe em Penicheiro o conflito, o pormenor, o improviso, a blasfémia, o humor (ou o sarcasmo), a revolta, a gargalhada, a obscenidade, a subversão, o grito. 
Não há rostos, nem olhares, nem expressões na sua obra. Nem se vêem das mãos as linhas da vida, ou as unhas negras e as calosidades. Apenas vultos. Os homens, de chapéu; as mulheres, de lenço na cabeça, sempre curvada. Tudo sob um manto intrincado de manchas opacas, numa densa bruma esquartejada de harmoniosas decomposições tonais atenuadas. E uma indelével impressão de nostálgica e solene mansidão resignada. 
Penicheiro não pinta o que vê, pinta o que viu. Ou melhor, a impressão com que ficou.
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Foi esta visão sentimental, silenciosa e velada pela distância do tempo que talvez tenha tranquilizado os novos (e até os velhos) burgueses. A-do-ra-ram. Penicheiro tornou-se mesmo o artista mais premiado e homenageado  pelos “clubes de serviço”.  Arrematavam tudo, em alegres e selectas jantaradas. À peça ou à molhada. 
A consagração popular veio depois, naturalmente. O povo, como é sabido, aplaude sempre os vencedores.
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Porém, a coroa de glória de Zé Penicheiro, a verdadeira consagração, surgiu já quase no fim da sua vida (e carreira, que os artistas trabalham sempre até ao fim), em 2004: a encomenda de um mural monumental pela Universidade de Aveiro, para comemoração dos seus trinta anos.
Nada mal. Para um homem que se tinha feito a si próprio, que se gabava de nunca ter ido à escola e de toda-a-vida ter nutrido um sincero desprezo pelo conhecimento académico.

Livros sobre Humor e caricatura com textos de Osvaldo Macedo de Sousa - CLXXVIII - XII Salão Luso-Galaico de Caricatura Vila Real 2008

Capa de Siro Lopez

Livros sobre Humor e caricatura com textos de Osvaldo Macedo de Sousa - CLXXVII - Vozes Líricas do Séc. XX

2008

Livros sobre Humor e caricatura com textos de Osvaldo Macedo de Sousa - CLXXVI - I Bienal de Humor "Luíz d' Oliveira Guimarães - Penela 2008


domingo, 23 de março de 2014

Um Homem Estátua português - O Homem invisivel


Cortador de profissão (Grande poeta é o povo)

Chamo-me Passos Coelho
Cortador de profissão
Corto ao jovem, corto ao velho,
Corto salário e pensão
Corto subsídios, reformas
Corto na Saúde e na Educação
Corto regras, leis e normas
E cago na Constituição
Corto ao escorreito e ao torto
Fecho Repartições, Tribunais
Corto bem-estar e conforto,
Corto aos filhos, corto aos pais
Corto ao público e ao privado
Aos independentes e liberais
Mas é aos agentes do Estado
Que gosto de cortar mais
Corto regalias, corto segurança
Corto direitos conquistados
Corto expectativas, esperança
Dias Santos e feriados
Corto ao polícia, ao bombeiro
Ao professor, ao soldado
Corto ao médico, ao enfermeiro
Corto ao desempregado
No corte sou viciado
A cortar sou campeão
Mas na gordura do Estado
Descansem, não corto, não.
Eu corto
a Bem da Nação 

sábado, 22 de março de 2014

Às Quintas falamos de BD - 27 de Março 21h no CNBDI da Amadora - Heróis de Papel - Batman 75 Anos


O próximo encontro dedicado aos 75 Anos de Batman é já na próxima quinta-feira, dia 27 de março, pelas 21h00.
Para nos falarem deste super-herói norte-americano estarão presentes João Miguel Lameiras –  especialista em banda desenhada que dará a conhecer o nascimento de Batman e desvendará um pouco da sua história –   Luís Salvado – jornalista especializado em BD e cinema que recordará as várias vidas de Batman no cinema e a forma como todas elas refletiram não só as adaptações da BD ao grande ecrã mas, também, todo o cinema popular do respetivo período –  e, ainda, José de Freitas, ex-editor da Devir que publicou Batman nos anos 2000.

Apareça! Na próxima quinta-feira venha tomar um café ao CNBDI e conhecer um pouco mais sobre a vida deste super-herói.

EXPOSIÇÃO “RISO AMARELO” – OBRAS DE JOSÉ DE LEMOS – ATÉ DIA 9 DE ABRIL – CASA DA CULTURA DE SETÚBAL



Uma exposição de desenhos do antigo “Riso Amarelo”, rubrica criada pelo ilustrador José de Lemos no extinto Diário Popular, encontra-se patente na Casa da Cultura, em Setúbal.

A mostra, patente até 9 de abril, exibe algumas das ilustrações publicadas no vespertino, com a particularidade de suprimir a legendagem original de cada trabalho, o que deixa ao imaginário dos visitantes a interpretação das figuras e realça o rigor da linguagem estética de José de Lemos.
O acervo em exposição pertence a Eugénio Fidalgo, proprietário do restaurante Fidalgo, em Lisboa, a quem o ilustrador ofereceu muitas das criações de o “Riso Amarelo”.
A mostra, organizada pela Câmara Municipal de Setúbal e pelo atelier DDLX, foi inaugurada pelo ilustrador José Ruy e por Rosário Alçada Araújo.

José de Lemos nasceu em 1910 e morreu em 1995. Além de criar o “Riso Amarelo”, rubrica que se tornou famosa pela visão crítica da sociedade portuguesa da época através de desenhos e comentários assertivos, notabilizou-se ainda por um vasto conjunto de trabalhos desenvolvidos na área do desenho e da ilustração, além de criar diversas obras de cariz infantil, para as quais concebeu as imagens, assim como as histórias.

A mostra, de entrada livre, pode ser visitada na Galeria de Exposições da Casa da Cultura de terça a quinta-feira, das 10h00 às 24h00, às sextas-feiras e aos sábados, das 10h00 à 01h00, e aos domingos, até às 20h00.

Livros sobre Humor e caricatura com textos de Osvaldo Macedo de Sousa - CLXXV - João Abel Manta

2008 no CNBDI da Amadora

Livros sobre Humor e caricatura com textos de Osvaldo Macedo de Sousa - CLXXIV - Sentido de Justiça Vs Sentido de Humor

2008

Livros sobre Humor e caricatura com textos de Osvaldo Macedo de Sousa - CLXXIII - Nas Garras Felinas da Sátira

2007 para o Festival MouraBD

Livros sobre Humor e caricatura com textos de Osvaldo Macedo de Sousa - CLXXII - 18º Festival Internacional Banda Desenhada Amadora 2007


domingo, 16 de março de 2014

Crónica Rosário Breve - Onde falam homens/ calam-se estátuas por Daniel Abrunheiro

Eu agora era o Salgueiro Maia/ capitão não de mas por Portugal/ eu agora como sempre até agradeceria que nem me mudassem de sítio/ isto porque o sítio onde eu estiver há-de ser sempre apenas o sítio onde eu me quiser/ eu morto ou vivo/ ou eu mais vivo agora até do que nunca/ hoje  até se calhar/ mais do que alguma vez/ preciso sou do que no sítio onde estou/ escusado é até que chamem Liberdade ao Jardim onde me puserem/ liberdade há-de ser sempre o sítio onde homens como eu estiverem/ nunca na puta-da-vida liguei a efemérides de busto-em-vida/ da minha vida a despedida terá sido fugaz mas nunca arrependida/ a chatice do cancro/ chove Deus ou o Diabo por ele a cancros/ a melancolia de deixar pesarosa a mulher que tive por privada rosa/ mudar-me de sítio para quê? / mudem mas é de sítio a des-gente do meu País/ esta sub-canalha que nunca há-de ser feliz/ não de azimute-topografia/ não a mera rectangular geografia/ mudem-se-vos antes dessa estranha gente canalha que mais despreza a terra contra quem mais a trabalha/ e que faz de todos nós connosco mesmos mudos da surdez da voz/ um País de si mesmo Pátria indiferente/ uma estátua de sal para mim não é ser natural/ é nocivo/ é virtual/ alguém que pela tarde fria/ da História-Pátria-Mitologia/ viu na estátua de sal/ um tal Salgueiro Maia tudo menos real/ alguém que olhou para trás e se arrependeu/ ora tal tipo de gajo ou capitão nunca fui eu/ tive pena até do Marcello do catano com dois éles/ coitado/ ratito  encafuado no Carmo/ onde o cerca-sitiei/ por e de maneira que eu cá sei/ na manhã atónita vibrava o megafonialtifalante/ como quem vibrava o nítido futuro naquele mesmo instante/ do cravo o rendilhado rubroverdeava tanta coisa rouca/ que até ser livre/ começando-o só a ser/ parecia coisa tão pouca/ e a minha mulher tão preocupada em casa/ as mães-mulheres deste País/ desinfeliz/ tão preocupadas em casa/ rosa/ asa/ digo/ mulher em casa/ sem saber se ir a pé a Fátima/ se de chaimite ao futuro/ um homem é um homem/ uma rosa é um País/ é um homem com mulher/ lembro-me agora/ estátua/ de ter mudado de sítio por ter sido eu a querer fazê-lo/ bronze ou não/ sal ou sopas/ quero lá saber/ eu agora não era isso/ eu estátua é que nunca fui/ estátua é que eu nunca fui não/ saí de Santarém e vi Lisboa/ a madrugada era boa/ amanhã ainda sou Salgueiro & Maia & Capitão.

O País é que se calhar não.

Workshop argumento para BD por André Oliveira na Escrever Escrever

Inscrições e outras informações aqui.

sexta-feira, 14 de março de 2014

Inauguração da Exposição "Éros uma fez... o humorista Zé Manel" no CNBDI da Amadora dia 13 de Março

 Galeria de Exposições Temporairas do CNBDI da Amadora (Av. do Brasil)
 As BDs

 Os Cartunes


 Os Vereadores da Câmara Municipal da Amadora, Osvaldo Macedo de Sousa (comissário da Exposição) e o Artista - Zé Manel
 A Vereadora da Câmara Municipal da Moura (responsável pela organização desta exposição para o Moura BD 2013) dizendo uma palavras. Atrás Cristina Gouveia a Directora do CNBDI
 O Mestre José Ruy e esposa observando a produção bilbiográfica de Zé Manel
 De vermelho Carlos Rico o Director do Moura BD e também um dos responsáveis desta exposição

O Presidente da Câmara Municipal de Moura, A Directora do CNBDI (Cristina Gouveia) e o Vereador da Câmara Municipal da Amadora


"Zoo Fluo" Workshop de Diários Gráficos Montepio Geral + Richard Câmara

Já estão abertas as INSCRIÇÕES, para o meu próximo WORKSHOP DE DIÁRIOS GRÁFICOS com o título "Zoo Fluo", no sábado 5 de Abril de 2014 das 10h às 20h, no Jardim Zoológico de Lisboa. E uma vez mais, a inscrição neste workshop já inclui um bilhete gratuito no Zoo para cada um dos participantes (cortesia do Montepio Geral). Por isso não deixem a vossa inscrição para o final porque as vagas são limitadas... Toda a info AQUI.

terça-feira, 11 de março de 2014

Workshop Banda Desenhada na Ar.Co por Nuno Saraiva

INSCRIÇÕES ABERTAS!
Sábados no Ar.Co Centro de Arte e Comunicação Visual
BANDA DESENHADA PARA JOVENS DOS 9 AOS 14 ANOS!

Trabalho em equipa sobre o livro de banda desenhada. A invenção da história, a criação de personagens, o movimento, a sequência e a composição gráfica. A passagem do desenhador para o argumentista. O desenho da escrita e o uso das cores. A fértil imaginação, em traço solto e descomprometido.
data: 15, 22, 29 Março, 5 e 12 Abril 2014, Sábados das 10h30 às 13h00
local: Rua de Santiago, 18, Lisboa
preço: 110€ + 2,5€ (seguro escolar)
Professor: Nuno Saraiva

Eros Uma Vez… O Humorista Zé Manel de 13 de março às 19h00 a 9 de Abril de 2014 na Sala de Exposições temporárias do CNBDI da Amadora


A sala de exposições temporárias do CNBDI, um novo espaço que abriu portas no dia 26 de novembro, por ocasião do 24º AmadoraBD, recebe agora esta mostra dedicada à obra humorística de José Manuel Alves Mendes, o desenhador virtuoso que assina Zé Manel.


Esta exposição que foi produzida por Osvaldo Macedo de Sousa/Humorgrafe e integrou o 18º Salão Internacional MouraBD 2013, traça um breve percurso pelo trabalho de Zé Manel que, para além da banda desenhada, a ilustração, e a caricatura, pode apreciar-se em áreas tão distintas como os vitrais, o design gráfico, a cenografia para teatro e para cinema de animação, ou a ilustração para livros escolares (quem não se lembra de Nicole, Robert, e Petit Patapouf? personagens que animaram os livros de francês Je Commence).


Composta por pranchas, ilustrações, desenhos originais e publicações, esta mostra apresenta-se em três núcleos distintos, o primeiro dedicado à banda desenhada – para um público infantil e adulto - o segundo ao humor na Imprensa – os diferentes jornais e revistas em que colaborou - e o terceiro ao erotismo, tema que atravessa grande parte da sua obra.


Livros sobre Humor e caricatura com textos de Osvaldo Macedo de Sousa - CLXXI - XI Salão Luso-Galaico de Caricatura - Vila Real 2007

Tendo como tema "Torga ou a Poética da Vida" a capa é de Jorge Mateus, o artista Homenageado

Livros sobre Humor e caricatura com textos de Osvaldo Macedo de Sousa - CLXX - 07/07/2007 Ordem para Humorar

Para o CNBDI da Amadora (2007)

Livros sobre Humor e caricatura com textos de Osvaldo Macedo de Sousa - CLXIX - Europa

Trabalho realizado para o Parlamento Europeu 
O meu Prefácio foi censurado

sexta-feira, 7 de março de 2014

Eros uma vez... o humorista Zé Manel - Exposição que inaugura dia 13 de Março pelas 19h, no CNBDI da Amadora



Inaugura na próxima quinta, dia 13 de Março, pelas 19h a exposição "Eros uma vez... o Humorista Zé Manel" no Centro nacional Banda Desenhada e Imagem da Amadora (Rua do Brasil nº52 A - Amadora). Esta exposição foi organizada pela Festival Moura BD (Câmara municipal de Moura) em 1913 com  produção da Humorgrafe.