sábado, 13 de setembro de 2014

Fotos da Festa da Caricatura da IV Bienal de Humor Luís d'Oliveira Guimarães - Penela 1014 na Casa do castelo (Espinhal)


 Santiagu fazendo caricaturas
 Zé Oliveira fazendo caricaturas
 Mihkail Zlatkovsky caricaturando Agim Sulaj

 O resultado final
 os artistas Henrique, Santiagu e Agim Sulaj

 os artistas Eugénio Soares, Henrique, Santiagu e Agim Sulaj
Os premiados da IV Bienal de Humor Luís d'Oliveira Guimarães Penela 2014 junto à suas obras (Agim Sulaj, Mihkail Zlatkovsky e Henrique Monteiro)


quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Exposição Menezes Ferreira Capitão das Artes no Museu Bordalo Pinheiro de Lisboa

 Após dezoito anos de luta por resgatar o nome de Menezes Ferreira do esquecimento, vai-se finalmente concretizar, após dois anos de investigação mais profunda, a sua exposição retrospectiva no Museu Bordalo Pinheiro, onde regresso após mais de uma decada de ausência.
Estas são fotos de algumas fases de montagem







 Elementos que trabalharam nesta produção: Osvaldo Macedo de Sousa, João d'Alpuim Botelho, Pedro Bebiano, André Maranha

 Aqui o mesmo grupo, agora com Mariana Almeida que também pertence à equipa do Museu. O único elemento estranho ao Museu sou eu mesmo, o ideólogo, produtor e finalmente com o tintulo pomposo, o Comissário.

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Inaugura na proxima quinta, dia 11 pelas 19 a exposição Menezes Ferreira Capitão de Artes no Museu Bordalo Pinheiro

Uma produção de Osvaldo Macedo de Sousa, 
com a cumplicidade da família Menezes Ferreira e a Câmara Municipal de Lisboa (Museu Rafael Bordalo Pinheiro)

MENEZES FERREIRA 
Capitão de Artes
Inauguração
11 de setembro, pelas 19h00
Galeria do Museu Bordalo Pinheiro
Campo Grande, 382 - Lisboa
Exposição patente de 12 de setembro
a 23 de novembro de 2014
Horário
Terça-feira a Domingo, das 10h às 18h
Encerra Segunda-Feira e Feriados
Entrada Gratuita


O Museu Bordalo Pinheiro apresenta uma exposição inédita dedicada à obra do artista militar Menezes Ferreira (1889-1936). Procurou-se olhar de uma forma abrangente as várias facetas da sua obra, incluindo o reconhecido desenho humorístico, sobretudo a caricatura, mas também, a pintura, a ilustração e o notável trabalho gráfico para edição. 
Menezes Ferreira foi um jovem membro fundador da Sociedade de Humoristas Portugueses, presidida pelo seu amigo Manuel Gustavo Bordalo Pinheiro (artista e filho de mestre Rafael), tendo exposto trabalhos de cunho modernista nos vários salões. Oficial de carreira, a sua especial apetência pela temática da esfera militar foi alimentada pela sua presença lúcida em “teatro de guerra”, mas, sem perder o humor no traço. A ilustração histórica e contemporânea e, ainda, grande parte dos seus trabalhos gráficos, insistem neste gosto pessoal da militaria. 

A exposição da obra artística de Menezes Ferreira, também, assinala o centenário da Grande Guerra, anos bélicos que registou numa reportagem gráfica intima e didática, utilizando uma linguagem próxima dos quadradinhos da BD.

Inaugurou, no passado dia 5 de Setembro a Exposição Individual "Cartoon" de José Sarmento


Na Casa Museu Soledade Malvar, sita na Av. 25 Abril, N.º 104, em Vila Nova de Famalicão.
Estará patente ao público até ao dia 03 Outubro 2014, de 3.ª feira a 6.ª feira, das 10H00 às 13H00 e das 14H00 às 17H30.

José Sarmento
e-mail: jsto@net.sapo.pt

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Humorsapiens o site

La actualización de nuestro sitio en este mes de septiembre está dedicada a la “Pedagogía del humor”.
Creamos un espacio en el menú con artículos, estudios y reflexiones sobre ese tema, tanto de nuestra autoría como los mejores aparecidos en la Red.
En esa misma línea, publicamos un texto de la chilena Maili Ow González. Doctora en Didáctica de la Lengua y la Literatura (Univ. Complutense de Madrid). Jefa del Programa de Doctorado en Ciencias de la Educ. en la Pontificia Univ. Católica de Chile, donde es profesora de Filosofía y Castellano.
Así mismo, también publicamos la entrevista que le realizamos al Profesor, Periodista y Estudioso del Humor brasilero, Gustavo Silva.
Y por último, inauguramos una nueva sección: Opinión y Actualidad, donde iremos subiendo nuestros puntos de vista sobre el acontecer del mundo del humor.
Muchas gracias.

"Crear, pensar y vivir con humor"

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Artistas Premiados na IV Bienal de Humor Luís d' Oliveira Guimarães - Penela 2014

ACTA DA REUNIÃO DO JÚRI

            No dia 28 de Junho de 2014, pelas catorze horas e meia, reuniu-se, na Santa Casa da Misericórdia de Penela, o júri da IV Bienal de Humor Luís d’Oliveira Guimarães.
                Este júri, secretariado por Margarida Cruz Macedo de Sousa, foi constituído pelo Vereador da Cultura Emídio Domingues, pelo Técnico Superior de Cultura Mário José Rodrigues Duarte (representantes do Município de Penela); António Alves que por razões inadiáveis não pode comparecer (representante da Junta de Freguesia do Espinhal); Leonor Oliveira Guimarães (representante da família Oliveira Guimarães); Osvaldo Macedo de Sousa (Director Artístico da Bienal);Flaviana Teixeira (jornalista e representante do jornal “Região do Castelo”), Carlos Seco (Cartoonista e Director do jornal “Trevim”) e Onofre Varela (Cartoonista homenageado na IV BHLOG - 2014).
                Após exaustiva análise dos 950 trabalhos gráficos, apresentados a concurso, o júri deliberou a atribuição dos seguintes Prémios:
    1º Prémio da IV BHLOG- Penela 2014 – “Liberdade” de Agim Sulaj (Albânia)
    2º Prémio da IV BHLOG- Penela 2014 – “Bird” de Mikhail Zlatkovsky (Rússia)
    3º Prémio da IV BHLOG- Penela 2014 – “Mandela – Caminho para o céu” de Henrique Monteiro (Portugal)
    Prémio Especial Município de Penela da IV BHLOG 2014 – “Liberdade” de Javad Takjoo (Irão)
    Prémio Especial Junta de Freguesia do Espinhal da IV BHLOG 2014 – “Julian Assange” de Matias Tolsa (Argentina)
    Prémio Especial António Oliveira Guimarães da IV BHLOG 2014 – “Sem título” de Li Kui Jun (Rep. China)
    Prémio Especial Humorgrafe da IV BHLOG 2014 – “40 Anos depois… a ceifar liberdade” de Vasco Gargalo (Portugal)
               

                Nada mais havendo a tratar, deu-se por encerrada esta reunião pelas 17h50 horas, da qual se lavrou a presente acta, que depois de lida foi assinada por todos os elementos do júri.

Artists in Exhibition in IV Bienal de Humor Luís d’Oliveira Guimarães – Penela 2014



 (Participantes: 950 Obras; 336 Artistas; 62 Países)
(Participants: 950 Works; 336 Artists, 62 Countries)
(Em Catalogo: 600 Obras; 300 Artistas, 60 Países)
(In Catalogue: 600 Works, 300 Artists, 60 Countries)
(Em exposição: 180 Obras, 126 Artistas, 43 Países)
(In exhibition: 180 Works, 126 Artist, 43 Countries)


Abolghasem Tahanian (Irão)
Agim Sulaj (Albânia)
Alexandrov Vasiliy (Russia)
Ali Divandari (Irão)
Ali Miraee (Irão)
Álvaro Santos (Portugal)
Amir Hosein Zargham (Irão)
Anderson de Oliveira Delfino (Brasil)
Anon Anindito (Indonésia)
António Paiva (Portugal)
Artur Ferreira (Portugal)
Aziz Yavuzdogan (Turquia)
Bandeira, José (Portugal)
Bernard Bouton (França)
Boris Erenburg (Israel)
Boutaba Bilel (Argélia)
Carlos Fuentes (Cuba)
Cem Koç (Turquia)
Das - Daniel Sahade (Japão)
Diliana Nikolova (Bulgária)
Domenico Sicolo (Itália)
Doru Axinte (Romenia)
Ehsan Cheraghi Iranshahi (Irão)
Ehsan Ganji (Irão)
Elena Ospina (Colombia)
Ester Lauringson (Estónia)
Evzen David (Rép. Checa)
Faruk Soyarat (Turquia)
Felix Artuche (Roménia)
Galym Boranbayev. (Kazakhstan)
Ghenaatpisheh (Irão)
Halit Kurtulmus (Turquia)
Hamid Ghalijari (Irão)
Hélder Peleja (Portugal)
Henrique (Portugal)
Hermínio Felizardo (Portugal)
Hule Hanusic (Austria)
Hüseyin Aslan (Turquia)
Ilya Katz (Israel)
István Kelemen (Hungria)
Ivan Flammia (Itália)
Jacek Majcherkiewicz (Polónia)
Javad Abdolhoseini (Iran)
Javad Takjoo (Irão)
Javier Usón Oña (Espanha)
João Carlos Monteiro (Portugal)
John Xagoraris (Grécia)
José Santos (Portugal)
Jovan Prokopljevic (Serbia)
Juan Muñoz (Perú)
Katz Grigori (Israel)
Lamberto Ortiz (Espanha)
Lawry (Argentina)
Leslie Ricciardi (Uruguai)
Li Kui Jun (Rep. China)
Liz França (Brasil)
Louis PoL (Australia)
Lucjan Madziar (Polónia)
Maarten Ryon (Bélgica)
Mahmoud Barkhordari (Irão)
Majjrenko Georgiy (Ucrânia)
Marco D'Agostino (Itália)
Marco De Angelis (Itália)
Marian Lupu (Roménia)
Mário José Teixeira (Portugal)
Matias Tolsa (Argentina)
Mauricio Parra Herrán (Colombia)
Mehdi Afradi (Irão)
Mello (Brasil)
Mete Agaoglu (Turquia)
Michael Mayevsky (Ucrânia)
Mihai Ignat (Romémia)
Miroslaw Nowak (Irlanda)
Mostafa Hossein Nia (Irão)
Mohamad Hossein Matak (Irão)
Mohammad Saman Souli (Kurdistan-Iran)
Mohammadbagher Ranjbar (Irão)
Muhittin Koroglu (Turquia)
Murat Donmez (Turquia)
Musa Gumus (Turquia)
Naghi Hamidi (Iran)
Nikola Klakor (Montenegro)
Nikolay Arnaudov (Bulgária)
Oleg Gutsol (Ucrânia)
Omar Perez (Argentina)
Pascal Gelu (Roménia)
Pedro Manaças (Portugal)
Peter Schrank (Suíça)
Petrisan (Roménia)
Phu Nguyen (USA)
Prach Khananuruks (Tailândia)
Quico - Francisco Pérez (Espanha)
Raed Khalil (Síria)
Rafael Corrêa (Brasil)
Ramin Ara (Irão)
Reynerio Tamayo (Cuba)
Reza Mokhtarjozani (Irão)
Rodrigo Matos (Portugal)
Roman Kubec (Rep. Checa)
Ruslan Valitov (Kyrgyzstan)
Saeed Sadeghi (Irão)
Sajjad Beyranvand (Irão)
Santiagu (Portugal)
Sergii Fedko (Ucrânia)
Seyit Saarçi (Turquia)
Shahram Rezai (Irão)
Sherif Arafa (UAE)
Sylvain Pongi (França)
Tammam Darwish (Síria)
Tawan Chuntra (Tailandia)
Tsocho Peev (Bulgária)
Yaser Khanbarai (Irão)
Vasco Gargalo (Portugal)
Vasiliy Alexandrov (Russia)
Veacheslav Kazanevskiy (Ucrânia)
Victor Holub (Ucrânia)
Vlaber -Vladimiras Beresniovas (Lituânia)
Vladimir Kazanevsky (Ucrânia)
Vladimir Khakhanov (Russia)
Vyacheslav Shilov (Russia)
Waldez Duarte (Brasil)
Wessam Gammoul (Irão)
Willem Rasing (Holanda)
Xaquin Marin (Espanha)
Zlatkovsky, Mikhail (Russia)

Zuleta, Raúl (Colombia)

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

3ND INTERNATIONAL “OLIVE” CARTOON CONTEST 2014 (KYRENIA – CYPRUS)

MUNICIPALITY OF KYRENIA
CYPRIOT – TURKISH CARTOONISTS ASSOCIATION



3ND INTERNATIONAL “OLIVE” CARTOON CONTEST 2014
(KYRENIA – CYPRUS)

PARTICIPATION REQUIREMENTS:

1 – This contest and exhibition is open to all professional and amateur cartoonists of any nationality religion and ect…

2 – Subjects:

“Olive and Women”

“Olive”
(Cartoons against detroying the olive trees, olive, olive industry, olive oil, olive branch, olive tree, cutting olive trees, benefit from olive etc...)

3 – Pieces of work to be sent for the contest should have the form of a cartoon… Pictures and illustrations will not be accepted…

4 – Cartoons to be sent for the contest should be in digital format... The sizes A4 or A3; with a minimum 300 dpi JPG... Coloural or black and white… Name, surname, address, phone number and e – mail address of each participant should be indicated… Cartoons submitted for the contest should not contain any script – writing on them...

5 – The cartoons submitted to the contest which will be pre-elected will be put and exhibited on a web page for the attention and objection of international cartoon associations to overcome copying and steeling… Any cartoon which is copied, stolen or awarded in other cartoon contest will be disqualified…

6 – All participants are allowed to submit maximum two (2) cartoons…

7 – All the cartoons must reach to the specified address till 20 SEPTEMBER 2014

8 – Being published or not is not important for the cartoons… The important thing is that they should not be awarded in any contest…

9 – All cartoons eligible for an award or not shall not be returned and shall be stored in archive of the "Cyprus International Catoon Museum."

10 – Besides those cartoons which will be awarded, all the cartoons approved by the selection committee will be pubicated in an album and exhibited in Kyrenia village during the “13. International Olive Festival”.

11 – Results of the competition, as well as the selection committee decisions, will be released to the cartoonists who have qualified to receive awards, all participants and press...

  • The transfer and accomodation expenses of the cartoonists who will win the first three awards will be paid by the Municipality of Kyrenia…

  • Only the accomodation expenses of the cartoonists who will win particular/distinctive awards will be paid by the Municipality of Kyrenia…

12 – All cartoons sent to the contest; card, poster, album, newspaper, magazine can be reproducible using CD and or other technigues… All participants have accepted the terms of the contest by submitting their works… The participants financial compensation in the future for all the above mentioned reproducible works…

AWARDS:

1st Prize:  1.000 Euro + Gold Olive (Medal)
2nd Prize:    800 Euro + Silver Olive (Medal)
3rd Prize:     600 Euro + Bronz Olive (Medal)

10 or 20 person “Special Prize” (Olive Medal)

SENDING ADDRESS:


olivecartoons@gmail.com

sábado, 26 de julho de 2014

La senda de la recuperacion no humor de Malagon


Crónica Rosário Breve Olha, Mimi por Daniel Abrunheiro

O Verão tem acontecido temperadamente. Trouxe de volta as cores, espargiu pelos relvados as poucas crianças que ainda por este País de tesos sem tusa são feitas. A chávena de leite fresco sabe bem na estreia de cada dia nato em nata. A meio da manhã, a malga de branco amorangado também. No estaleiro da obra, duas aparas de madeira esbraseiam a sardinha operária.
Dona Graciana veio bem-disposta da consulta: ainda não é desta que nos fecham o posto de saúde. Juvenal chega do rio com uma rede generosa de peixes quási vivos. Expele delicada fragrância erótica a turista de sandálias verdes e promessa de blusa vinculativa, de que mana (ou mama) a fofura do par de alperces lácteos. Parece rola dada aos ardis turvos da lingerie. É ela quem lhe dá na malga frígida de branco, indiferente aos miasmas oftálmicos que lhe açulam ao decote. De bicicleta furiosamente encarnada, vem pedalando vapores de toiro o Ruizito da Aurora – dizem que é muito esperto na matemática, mas oxalá que não estude para professor por causa do emprego, quanto mais da carreira. O Telmo da Florbela está precisamente agora a teimar com o Horácio Padeiro a propósito da exactidão onomástica da pintora francesa exposta em colecção na Casa-Museu Passos Canavarro: o Telmo assevera que é Mimi Fogt; o Horácio, que não, que pode lá ser, que Fogt é lá nome francês. O Raul da Farmácia tem uma amante casada em Alpiarça e quer que se saiba, mas baixinho. Às quatro da tarde, a cal da igreja está em brasa ao torresmo solar. O pachorrento Mariano da Estrelícia brande o jornal ao Benedito Borbulhas, chamando mentirosos aos jornalistas por causa daquilo das 100 maiores empresas do distrito de Santarém. Quando o Benedito quer saber porquê, redargue-lhe o Mariano que ao todo nem 40 empresas há-de por aí haver em laboração, quanto mais cem. Eu sorrio mui doutamente, rodando na pata esquerda o terceiro vermute abridor da ceia. O Joca Franciú, que esteve uns anitos poucos no Luxemburgo para vir de lá sifilítico de ainda mais pobre do que o aquando de para lá ir, tira à carrada industrial cera do orelhame com a unhaca do mínimo, fazendo estralejar a pulseira de lata gross’amarela. Carregada de flores como a Mrs Dalloway, passa a caminho do cemitério a patética Ricardina. – Estás-lh’a chamar pateta porquê?, quer saber o Joca. E eu digo-lhe que patética não quer dizer pateta, quer dizer comovente. E mais lhe digo que até parece que tu foste ao São Carlos desgostar a sinfonia do Cruges com aquelas mamarrachas da plateia. E ele remata que aqui não mora nenhuma Senhora Dá-lo-ei, que eu tenho mas é a mania. E tenho.

Nisto, a noite emaranha já gambiarras de silveira estelar. Da boca do rio, uma aragem branda traz o frescote. O rio mesmo parece prantear os filhos que lhe sequestrou o Juvenal. O Assunção vai de zundappe buscar a mulher à saída do hipermercado. O Mariano ainda está a zurzir naquilo das não-sei-quantas maiores empresas do distrito, pelo que, fartinho dele, o Borbulhas lhe diz tipo isto: – Ó pá, se tu subisses a um altar no 15 de Agosto ainda t’apar’cia o prezdente-da-cambra na procissão. E o Mariano: – Olha, Fogt.   

Irrussoponsável - Cartoon de Rodrigo de Matos


segunda-feira, 21 de julho de 2014

Livros sobre Humor e caricatura com textos de Osvaldo Macedo de Sousa - CCIV - AmadoraBD 2011


(Não só o Comissário do AmadoraCartoon, mas também o Comissário da Exposição Central)

Livros sobre Humor e caricatura com textos de Osvaldo Macedo de Sousa - CCIII - Viajantes de papel na Lusofonia Gráfica

(2011)

MORREU ESTROMPA (1942 – 2014) - Cartoonista, humorista, Bandadesenhista





João Estrompa faleceu na 6ª feira, dia 18
Aqui ficam a Biografia do autor, do Dicionário dos Autores de Banda Desenhada e Cartoon em Portugal, de Leonardo De Sá e António Dias de Deus e uma peça de Geraldes Lino publicada no Tertúlia BDzine #64, de 4 de Março de 2003. Deixo também o Tertúlia BDzine #63 com a história Batman, de Estrompa, editada nesse mesmo Encontro. Estrompa viria a ser Homenageado no 264º Encontro da Tertúlia BD de Lisboa em 7 de Novembro de 2006.

José João Amaral Estrompa nasceu a 8 de Fevereiro de 1942, em Lisboa. Cursou a Escola de Artes Decorativas António Arroio e começou a sua carreira como desenhador litógrafo. Foi um dos colaboradores gráficos das versões portuguesas de Tintin e Spirou, assim como dos álbuns da Colecção Banda Desenhada, da Bertrand. No Diário de Notícias Semanalteve a secção "Humor de Estrompa" (1982-83), colaborando em Pão Com Manteiga, Tintin,O Mosquito (5ª série), Jornal de Almada, Selecções BD, Notícias do Entroncamento. Publicou várias histórias e ilustrações em fanzines como Protótipo, Almada B.D. Fanzine,Banda, Comic Cala-te, Boom!!!, Classe Média, BD & Roll, Seasons of Glass, Vertigens,Cafénopark, e Shock Fanzine, sendo editor destes dois últimos. Um dos seus personagens carismáticos é o detective de paródia, "Tornado", numa Nova Iorque que mais parece o Bairro Alto ou o Cais do Sodré que o Bronx... Essa figura de gabardina voltou às investigações sumárias na 2ª série de Selecções BD, em 1999. Participou no álbum colectivo Entroncamento de BD's, em 1996, e em diversas exposições, tendo recebido prémios nas categorias BD e cartoon.

In Dicionário dos Autores de Banda Desenhada e Cartoon em Portugal, de Leonardo De Sá e António Dias de Deus, NonArte – Cadernos do Centro Nacional de Banda Desenhada e Imagem, Edições Época de Ouro, Costa de Caparica 1999.

Acrescentemos também que Estrompa participou na Mutate & Survive (Colecção Chili Com Carne #2; 2001), na Lx Comics nº 13 (Tornado – Só me Saem Dukes!), em Outubro de 2002 e Vasco Granja: Uma Vida... Mil Imagens, em 2003. Colaborou ainda no BDjornal #5, de Setembro de 2005, com as sete pranchas de Uma História Triste 


BIOGRAFIA DE ESTROMPA por Geraldes Lino


José João Amaral Estrompa nasceu em Lisboa, em mil novecentos e quarenta e dois (mas parece ter a idade do Tornado, desde que rapou a barba). Frequentou a Escola António Arroio, sem ter concluído o respectivo curso. A sua área profissional foi sempre a Publicidade e Artes Gráficas. Nas revistas Tintin, Pão com Manteiga, DN Semanal, Mosquito(5ª série) e Selecções BD (1ª série) publicou cartoons e bedês cómicas, de uma página, com animais de características antropomórficas – Pink (um gato) e Smaile (um cão que tem um gato amigo chamado Smool). Mas a sua maior produção é mesmo nos fanzines, com destaque óbvio para os numerosos episódios da sua série de referência, o Tornado 1989 – este já com duas merecidas promoções: ao fazer dez anos de existência (1999) teve publicação na revista Selecções BD (2ª série), surgindo posteriormente em álbum editado pela Bedeteca de Lisboa. Foi de igual modo nos fanzines que, embora de forma esporádica, Estrompa fez viver a comportamentalmente subversiva Família Darling.

Sempre com a fusca calibre 69 pronta a entrar em acção, uma beata permanente ao canto da boca, chapéu, gravata amarela sobre camisa de seda azul (apesar de a série sempre ter sido publicada a preto e branco, sabemos que são essas as suas cores, graças às descrições do narrador), mais as suas inseparáveis luvas de genuína pele de porco – tão inseparáveis que nem nas cenas de sexo as tira ! –, Tornado 1989 é um dos raros heróis fixos da banda desenhada portuguesa. Com a particularidade de ter nascido e vivido até há pouco unicamente nas páginas dos fanzines – Banda, Comic Cala-te, BD & Roll, Shock,Almada BD Fanzine, CaféNoPark, Seasons of Glass, Boom e Tertúlia BDzine, por onde já se espalham duas dezenas de episódios. O seu aparecimento em Julho de 1999, no nº 2 (2ª série) da revista Selecções BD correspondeu à oportunidade de saltar das publicações amadoras para uma profissional. Três anos depois, Tornado voltou a ter a oportunidade de mostrar-se em suporte de prestígio, a colecção LX Comics editada pela Bedêteca de Lisboa.

Estrompa, o autor (argumento e desenho) do Tornado 1989, considera-o como que “um cavaleiro andante do asfalto”. Ternuras cúmplices de criador... Do que não há dúvidas é que, seja no nome, seja no aspecto físico, ou até no vestuário, ele tem semelhanças comTorpedo 1936, personagem de referência na banda desenhada espanhola, criada pelo traço de Jordi Bernet sob o argumento de Enrique Sanchez Abulí. Quando Estrompa viu pela primeira vez o Torpedo, em 1985, nos álbuns da entretanto extinta Editorial Futura, apercebeu-se que ele lhe fazia voltar à memória as imagens de alguns actores que o tinham impressionado na infância, uns tais Humphrey Bogart, James Cagney, Edward G. Robinson... Daí a criação de Tornado 1989, anti-herói que o autor admite ter desenhado um tanto à maneira de pastiche do Torpedo, embora sejam de sua autoria, enquanto argumentista, as diferentes e muito especiais características de malandro profissional evidentes no Tornado – o qual tem sido um pouco de várias coisas: polícia, mas também ladrão, detective, dono de um bar em Casablanca... – versatilidade que lhe confere uma personalidade desconcertante e muito própria.

Tornado foi criado graficamente em 1989, pormenor em destaque no nome de guerra com que se apresenta. Ao longo da sua existência tem-se constatado que ele possui tendências, humorísticas e críticas, diferentes da do respectivo modelo. Os constantes apartes, brejeiros ou sardónicos, que intercalam os diálogos e pensamentos da personagem, bem como os comentários mordazes do narrador, criam à série, por sua vez, uma textura interventiva que rareia nas suas congéneres. Aliás, Estrompa, o seu manipulador literário e gráfico, envolve-o nas mais insólitas peripécias, desde obrigá-lo a fazer-se passar por travesti (a “menina” Tornada, no episódio Torpedo contra Tornado), a deixá-lo apanhar uma doença venérea (no episódio Uma História de Cowboys), até não o poupar a uma cena imprópria para um protótipo de machão latino: a de ser sodomizado por dois ou três “gorilas”, às ordens dum mafioso com voz cavernosa e cara de Marlon Brando (episódio O Padrinho). Estas e outras situações insólitas, conferem-lhe uma dimensão ficcional de grande originalidade no universo da banda desenhada portuguesa, tornando-o num anti-herói exemplar.

Para quem entrar pela primeira vez em contacto com Tornado, há que esclarecer que o seu nome real é Bogarte – para os amigos já foi Garte, passou depois a ser Bogey, mas, para as “girls”, foi sempre e apenas o Boga. Tornado é simples alcunha, criada por ele expressamente para a bófia, mas serve igualmente para os tansos e “nalfabétus”, conforme diz no seu português rasca em ocasionais confidências. Quanto à idade, tem a que aparenta : quarenta sombrias “prima-beras” – assim escreve o seu “biógrafo” Estrompa – completadas num qualquer mês do signo de Carneiro; no que se refere ao local de nascimento, os elementos fornecidos na sua apresentação (Banda nº 10, Agosto de 1990) não são minimamente credíveis, visto que mencionam em simultâneo, dois locais geograficamente bem distantes: Nova Iorque e Casal Ventoso! Será que, afinal, é português de origem, embora naturalizado americano? Com efeito, ele conhece bem Lisboa, tão bem que até gosta, como diz a certa altura, “de ir beber um uísque com gêlo a uma espelunca ali p’rós lados do Parkmayer” (citação textual). Mesmo a sua divulgada filiação – pai polaco, mãe italiana, emigrantes – poderá ter sido forjada, para despistar a bófia. Onde estará a verdade ? Alguma vez se virá a saber ?
Estrompa & Tornado formam uma dupla muito sabidona, sempre com trunfos escondidos na manga...
in "Tertúlia BDzine, Nº 64, 4 Marco 2003 – Distribuição gratuita na Tertúlia BD de Lisboa"

terça-feira, 15 de julho de 2014

Rosário Breve Do Zé, agora Beatriz só por Daniel Abrunheiro

Nunca vivi abaixo das minhas impossibilidades.
Um homem é um homem, não se quer outro.
Relanceando sem dor nem euforia o baralho de pretéritos com que destrunfo a bisca do presente, o mais é serenidade.
Alinho com Ángel Crespo quando ele diz que “entre a mentira e a verdade se encontra o certo”.
Não minto, por exemplo, quando, às seis e meia da manhã, no Café da minha rua que abre mais cedo, dou e digo os bons-dias a quem madruga como eu. Escrevendo, cuido não errar, sempre que prefiro a claridade à clareza: todos nos pautamos por cifrado pentagrama próprio, codificada a experiência, apurado o gasto, expurgada a bílis da desesperança.
Canhoto de mim mesmo, ao espelho só. Ainda ontem, egresso do muito que chovia em virtude do ambular por galeria coberta, colhi mil-e-uma coisas que ao olhar volvem dextro e contente: o cavalheiro de chapéu alto & lentes fumadas a azul-de-teatro que rescendia a século XIX; a mulher (também alta e também azul) cujo balcão peitoral me semelhou um tabuleiro de nata pontificada por dois sumos morangos pontudos; duas grávidas trocando risadas à beira de uma carrinha funerária vazia; uma velhota portando uma rede de laranjas, estas e aquela consumando dois ciclos da terra; e uma revoada de pombas em esquadrilha bem mais ordenada do que estas linhas.
E tudo isto, entre verdade e mentira, para vos esconder que fui ao funeral do Zé Martins na segunda-feira mais recente das nossas vidas. Não queria , todavia posso contar-vo-lo.
Era por uma jornada de Verão pelo calendário – mas de Inverno nós adentro. Chovia que se não fartava. De manhã, os céus haviam desabado num fragor de fúria eléctrica, insana, poderosa, inútil. A tristura de canário do cenário reiterava a impensável morte do nosso Zé Martins, o de olhos claros herdados da filha Beatriz, o Zé a quem queríamos como a um irmão se quer. Entre nós-amigos-dele, ante o descalabro da má-nova, dera-se a fritura de telefonemas alquebrados, partidos pela medula, em uma partilha de vãs indignações contra o despropósito do Destino que no-lo roubara – ou do Diabo, ou da falta de Deus, por ele.
À saída do campo-santo de Chelo, e porque aquele último dormir dele é em serra não baixa, o Luís, o Zé Alberto, a Ana Cristina e eu fomos confrontados pela massa de vapor que obnubilava a aguda geometria de ângulos do panorama: uma nuvem rasa que tão depressa apagou a gravura como, de si mesma extinta, tudo de novo deixou clarear. Vimos aquilo, viemos nisto. Deixámo-lo lá, ao bom Zé, a sós consigo e por desconta própria.
Agora que isto escrevivo, é, para mais, de tarde – e agora é tarde de mais.
É verdade que sempre temos a Beatriz.

E não é mentira que por coisas assim prefiro a claridade à clareza, dentre as minhas impossibilidades.

Exposição Maresias: Lisboa e o Tejo (1850-2014) | Torreão Poente do Terreiro do Paço


Hergé - Cronista do séc. XX na Fundação Marquês de Pombal (Linda-a-Velha) a partir de 19 de Julho