HENRIQUE
Cartunisticamente falando, a encenação
da sátira é um universo infinito de opções, dependendo apenas da filosofia
estética do criador. Neste caso, estamos a falar de um artista que não
prescinde da caricatura, facial ou situacional, como linguagem das suas
cenografias gráficas
Henrique Monteiro, por casualidade
genealógica, é geneticamente herdeiro dos “grafitas” do maravilhoso Vale do
Côa, tendo nascido em Cabreira-do Côa (1969), razão pela qual desde tenra que
não há espaço em branco onde não tenha a tentação de rabiscar, deixando o seu
testemunho vivencial. Do traço atrevido de adolescente à profissão de
irreverente foi apenas um passo estético, estagiando primeiro nos jornais
locais, livros de curso, germinando posteriormente como “Henrique” no
“Expresso” a partir de 94, durante nove anos. Para além deste semanário a sua
obra de ilustrador, bandadesenhista, cartunista também pode ser encontrada no
“Diário de Notícias”, “Exame, “Semanário Económico”, “Peninsula Press”, “Jornal
de Negócios”… ou trabalhando para empresas como Correios de Portugal, Carris, Cafés
Delta, Editora Elo… Actualmente, o seu principal campo de exposição humorística
vive-o como “Henricartoon” no portal SAPO Notícias e SAPO Desporto para onde
cria diariamente dois cartunes. Trabalhos que, só em 1912, tiveram uma média
mensal de três milhões de visualizações.
Neste ano, as Edições ASA publicaram em
álbum uma selecção desses cartunes sob o título de “Enorme, brutal, colossal
2012”. É esse material que está exposto no AmadoraCartoon onde, para além de se
visualizarem os brutais fácies dos políticos que nos agouram colossalmente o
quotidiano, Henrique também caricatura, na sua ironia subtil, o quotidiano burlesco
da política e do desporto. Apesar da concorrência desleal dos políticos e
senhores do desporto que têm a ambição de serem estrelas do “stand-up comedy”,
ele consegue limar o lado grotesco dessa dramaturgia caricato-cómica, dando-lhe
fineza de inteligência humorística numa narrativa gráfica de profundo efeito
irónico. A sua arte cenográfica cria profundidade ao esbater o cenário de
fundo, evidenciando o primeiro plano com os intérpretes. Nessa criação de
universos paralelos à realidade, Henrique acaba por ser mais um cronista que um
satírico.
É este grande cenógrafo caricatural que
a AmadoraCartoon homenageia, outorgando-lhe este prémio por carreira ao serviço
da sociedade.
O.M.S.
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