quinta-feira, 24 de outubro de 2013

AmadoraCartoon 2013 - Henrique (Exposição nos Recreios da Amadora)

HENRIQUE


Cartunisticamente falando, a encenação da sátira é um universo infinito de opções, dependendo apenas da filosofia estética do criador. Neste caso, estamos a falar de um artista que não prescinde da caricatura, facial ou situacional, como linguagem das suas cenografias gráficas
Henrique Monteiro, por casualidade genealógica, é geneticamente herdeiro dos “grafitas” do maravilhoso Vale do Côa, tendo nascido em Cabreira-do Côa (1969), razão pela qual desde tenra que não há espaço em branco onde não tenha a tentação de rabiscar, deixando o seu testemunho vivencial. Do traço atrevido de adolescente à profissão de irreverente foi apenas um passo estético, estagiando primeiro nos jornais locais, livros de curso, germinando posteriormente como “Henrique” no “Expresso” a partir de 94, durante nove anos. Para além deste semanário a sua obra de ilustrador, bandadesenhista, cartunista também pode ser encontrada no “Diário de Notícias”, “Exame, “Semanário Económico”, “Peninsula Press”, “Jornal de Negócios”… ou trabalhando para empresas como Correios de Portugal, Carris, Cafés Delta, Editora Elo… Actualmente, o seu principal campo de exposição humorística vive-o como “Henricartoon” no portal SAPO Notícias e SAPO Desporto para onde cria diariamente dois cartunes. Trabalhos que, só em 1912, tiveram uma média mensal de três milhões de visualizações.

Neste ano, as Edições ASA publicaram em álbum uma selecção desses cartunes sob o título de “Enorme, brutal, colossal 2012”. É esse material que está exposto no AmadoraCartoon onde, para além de se visualizarem os brutais fácies dos políticos que nos agouram colossalmente o quotidiano, Henrique também caricatura, na sua ironia subtil, o quotidiano burlesco da política e do desporto. Apesar da concorrência desleal dos políticos e senhores do desporto que têm a ambição de serem estrelas do “stand-up comedy”, ele consegue limar o lado grotesco dessa dramaturgia caricato-cómica, dando-lhe fineza de inteligência humorística numa narrativa gráfica de profundo efeito irónico. A sua arte cenográfica cria profundidade ao esbater o cenário de fundo, evidenciando o primeiro plano com os intérpretes. Nessa criação de universos paralelos à realidade, Henrique acaba por ser mais um cronista que um satírico.

É este grande cenógrafo caricatural que a AmadoraCartoon homenageia, outorgando-lhe este prémio por carreira ao serviço da sociedade.

O.M.S.

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