domingo, 8 de novembro de 2020

Como vai isso de humor? Por Osvaldo Macedo de Sousa in «Semanário» de 16/2/1985

 Como vai o humorismo em Portugal? Os artistas são unanimes em dizer que vai mal: ninguém leva a sério o seu trabalho. E. de facto os jornais não encaram o humorismo gráfico como um género jornalístico tão importante como a crónica ou o artigo de fundo. Não há, além disso, nenhum jornal ou revista de humor. E, no entanto, estamos num período áureo do humorismo gráfico em Portugal.

Na história do nosso humorismo, podemos falar apenas de três períodos áureos: os anos 80/90 do século passado com Raphael Bordallo Pinheiro, Celso Hermínio, e Leal da Câmara; a segunda década deste século, quer dizer a implantação do modernismo aliado à Primeira República com Christiano Cruz, Almada Negreiros, Stuart Carvalhais, Emmérico Nunes. E agora, estes anos 80 com Vasco, António, Sam, José de Lemos, Mais, Francis Zambujal…

Vasco, com o seu traço original e vanguardista, onde a estética dilui o humor, criando a caricatura-síntese  - ele mé o caricaturista português, conseguindo, com o seu traço incisivo – o que não quer dizer pesado nem agressivo – o retrato psicológico e fisionómico do indivíduo, na visão mais profunda de uma tradição picassiana.

Como elementos caracterizadores da sua assinatura, para além de uma rúbrica inconfundível, temos o tratamento do nariz com uma natural tendência para a ornitologia; os olhos (ou óculos) como círculos hipnotizadores; ou os salpicos de tinta, réstia de uma moda anglo-saxonica (muito Ralph Steadman). Uma arte livre de condicionalismos de mas media, apesar dele se queixar: «Os espartilhos da caricatura são um bocado violentos, mas não impedem que seja possível qualquer coisa. O jornal é um grande condicionante, mas há quem consiga fugir a essas condicionantes, e fazer coisas. Podemos ir aos exemplos: há tipos, lá fora, a fazer coisas notáveis: o Steadman, por exemplo, que eu acho sensacional. Há 50 anos, havia o Grosz…»

Há também o António – António Antunes, o representante do cartoonismo português. Nos seus trabalhos de sátira política - «sou essencialmente sintético, reduzo tudo aos pontos fundamentais, mas sou fundamentalmente satírico» - utiliza a caricatura como elemento identificador. Mas a força dos seus trabalhos está na crítica, na sátira às instituições, ás ideias, à política.

(Entre a caricatura e o cartoonismo, há uma diferença: na caricatura o indivíduo vale por si; no cartoon, o indivíduo é representante de uma ideia, de uma política.)

António, estilisticamente, representa um neoclassicismo aliado à vanguarda, ou seja, a escola de um Levine interpretada por um artista de formação clássica, criando um estilo de cartoonismo incisivo, que lhe proporcionou vários prémios internacionais. O seu estilo preciosistamanifesta a essência não só das ideias, mas do traço.

Se Vasco e António  são agora os representantes maiores da tradição gráfica jornalística, Sam encarna a ironia literária ilustrada pelo «boneco» gráfico. É a ironia pela palavra, mesmo que esta não exista: «Há uma ironia imensa, uma vivência no que nos envolve. Eu caricatura não rostos, mas situações ou mesmo ideias».

Este trio bastaria para nos dar a noção do que se passa no humorismo português de hoje. Mas há outros nomes importantes desde José de Lemos a Maia, passando pelo Francisco Zambujal e Augusto Cid.

José de Lemos – Um jornalista que desenha, «não para ter graça mas para fazer crítica», para quem «o jornalismo é uma coisa muito séria». Com o seus «riso amarelo», um comentário popular sobre a vida, ele representa, estilisticamente, o modernismo da segunda geração.

Augusto Cid – Um traço interessante ligado á escola de Ronald Searle.

Maia – Um artista que se vem impondo no nosso meio jornalístico, representa a escola francesa de um Siné, onde a ironia da palavra se impõe. Pelo andar da sua carruagem, pode vir a ser um dos mestres do nosso humorismo gráfico.

Para além destes artistas que publicam regularmente os seus trabalhos, há uma série de gente cuja produção é menos regular, não deixando de ser significativa. É o caso de João Abel Manta, um artista impar do nosso cartoonismo que deixou de publicar. É o caso de Baltazar, Chico, Zé Manel, Pedro Palma, Pedro Maçano, Carlos Barradas… É o caso de um jovel Carlos Zíngaro, cujo humor negro «como um grito, um vómito» e cujo traço barroco-futurista prometem uma nova linha no nosso humorismo.

O humorismo na nova vaga de artistas confunde-se muitas das vezes com a banda desenhada, o que denuncia uma nova educação visual, abolindo o monopólio literário da educação portuguesa. Essa nova educação ainda não foi corretamente sentida pelos editores de livros e directores de jornais. Ultrapassando esta lacuna e dando oportunidade aos novos, o momento alto que vive o humorismo português vai continuar.

sexta-feira, 4 de setembro de 2020

VII Bienal de Humor Luis d'Oliveira Guimarães - Espinhal / Penela Portugal 2020

Devido às restrições de reunião até o máximo de 20 pessoas por causa da pandemia, este ano a inauguração da VII Bienal de Humor Luiz d’Oliveira Guimarães será um pouco estranha já que queremos ter gente na inauguração e não podemos ter muita gente ao mesmo tempo. Não sei verdadeiramente como se vai fazer isso e seja mas tudo irá correr bem.

Para facilitar a visualização deste evento, a organização programou uma transmissão em livestreaming (no Instagram – Bienalhumorpt ou no Facebook e site oficial da Casa Família Oliveira Guimarães) no dia 5 de Setembro pelas 15h15, assim como haverá no dia 29 no acto de encerramento (no site da Casa Família haverá posteriormente vídeos com visitas virtuais ao locais de exposição) para que as pessoas possam ver em casa esta primeira secção da inauguração.

Para evitar aglomerações de pessoas, este ano a Bienal está distribuída por cinco espaços geograficamente distantes. Na Câmara Municipal de Penela estará a exposição de caricaturas sobre António Arnaut  (local de inicio das inaugurações pelas 15h15 do dia 5 de Setembro) onde será lançado um catálogo / separata com este subgrupo de trabalhos a concurso.

Por volta das 17h inaugura-se a parte «Rir Com a Saúde» na Junta de Freguesia do Espinhal, onde será lançado o catálogo geral da Bienal. Daí segue-se para o solar Casa Família Oliveira Guimarães no Espinhal também onde se irá inaugurar a exposição do Artista Homenageado, o médico-caricaturista Miguel Salazar (o qual fará ai a apresentação do seu novo livro «O Senhor das Taças», uma homenagem paródica à Selecção Nacional que conquistou o Euro 2016), a exposição dos trabalhos premiados na VII BHLOG 2020 assim como as obras que participaram no Concurso Escolar LOG de Penela. Aqui, para além do livro do Miguel Salazar será também lançado o catálogo /separata referente ao subgrupo do concurso escolar.

As outras secções da Bienal, nomeadamente «Rir Da Saúde / A Saúde do Planeta» instalada no Museu Villa Romana do Rabaçal (na freguesia do Rabaçal) e «Covid 19 / Terapias Alternativas» na Casa da Cultura de Podentes (Freguesia de Podentes) só serão inauguradas oficialmente no domingo, contudo já estão abertas ao público desde sábado de manha para que quem vá a Penela no sábado já as possa ver antes da inauguração.

Os artistas com trabalhos impressos nas edições, que não forem a Penela no dia 5, receberão os catálogos (excepto o do Miguel Salazar já que é uma edição de autor – 15€) por correio posteriormente, como sempre.

No dia 29 haverá a cerimónia de encerramento mas sobre isso falaremos mais tarde.

Esperemos que rudo corra bem e que não haja contaminações, antes muito humor, saúde e amizade.

Obrigado pelo vosso apoio constante nestas minhas aventuras cartoonisticas. Grande abraço

 

Horários dos locais Exposição                

   - Casa Familia Oliveira Guimarães – Espinhal

- Terça a domingo - 15H00 – 18H00

                                             

                - Junta Freguesia do Espinhal – Espinhal

                                               - Semana: - 09H00-12H30 – 14H00–17H30

                                               - Fins de Semana - Marcação

                - Espaços Comuns do Edifício dos Paços do Concelho – Penela

                                               - Semana: - 09H00 – 18H00

                                               - Fins de Semana - 10H00 – 18H00

                - Associação Cultural de Podentes – Podentes

- Semana: - 10H30 – 15H00 e 18H00 – 21H00

                                               - Fins de Semana - 10H30 – 20H00

                - Museu da Villa romana do Rabaçal – Rabaçal

                                               - Todos os dias 10H00 – 18H00

                                               - ENCERRADO: - Segunda Feira

 

Dear friends, due to the Covis 19 pandemic, this year there will be no presence of foreign artists at the inauguration of the VII Luis Bienal de Humor Luis d’Oliveira Guimarães - Espinhal / Penela - Portugal 2020.

This will take place on September 5th at 3:30 pm (possibility to see livestreaming on Instagram - Bienalhumorpt or on Facebook and Casa Família Oliveira Guimarães official website).

The Bienal, instead of being concentrated in the House of Culture of Espinhal, this year will be divided into five spaces to avoid concentration of people. Later on the Casa Família website there will be videos with virtual visits to the exhibition sites.

The Catalog will gradually arrive at the selected artists with work printed on it.

       Thank you for all your support and good health.

sábado, 8 de fevereiro de 2020

VII BIENAL de HUMOR “LUÍS D’OLIVEIRA GUIMARÃES” – ESPINHAL / PENELA 2020 Portugal




Uma Organização: Câmara Municipal de Penela / Junta de Freguesia do Espinhal / Casa-Museu Oliveira Guimarães
Com o apoio da Fundação Luiz d’Oliveira Guimarães
Uma Produção: Humorgrafe - Director Artístico: Osvaldo Macedo de Sousa (humorgrafe.oms@gmail.com)

A Bienal onde o humor não necessita de cores, apenas um sorriso, inteligência filosófica e uma cor simples e directa – o branco e negro e seus matizes.

1 - Tema: Da e com a Saúde (Humana e sistemas)
      a) A saúde é algo que nos preocupa diariamente, e apesar de dizermos que estamos com boa aparência, raramente nos queixamos dela, mas sim de outros males, como os bolsos vazios para pagar ao médico, a PDI (a idade) os resfriados sociais… A saúde é algo mais complicada que nos tempos das mezinhas das nossas avós. Hoje é um jogo de equilíbrios, não apenas físicos, energéticos ou espirituais, como um campo de combates económicos no universo farmacêutico, de confrontos entre as ditas medicinas convencionais com as medicinas tradicionais ou alternativas, como se a vida tivesse alternatividade salutar e doentia. Não nos podemos esquecer desse lado de alquimia / magia que tem acompanhado a evolução da humanidade e reflectindo a cor, a diversidade, a vida de cada cultura e cada povo. Desde os primórdios da humanidade que o Homem tem procurado na natureza (física e química) formas de manter o equilíbrio saudável do ser. Xamanes, druidas, curandeiros, físicos, herbanários, farmaceutas, médicos… sim, vivemos numa era da aldeia global mas nestes momentos é mais importante demonstrar a diversidade, a identidade de cada povo, cada cultura que fazer humor com a banalidade generalista do universo. Gostaríamos que nos vossos desenhos também demonstrassem um pouco da vossa cultura, da vossa diversidade na saúde e medicina.
Falar de saúde é falar do Homem ou da Humanidade? Os sintomas de enfermidade são iguais entre eles ou díspares? Pode haver uma humanidade sadia com seres doentes ou Homens sãos numa sociedade doente? Há mesmo vontade dos governos em ter uma boa política de Serviço Nacional de Saúde ou isso é contraproducente para os lobbys farmacêuticos, acabando estes por controlar a saúde a seu gosto? E a relação médico doente (que e Ordem dos Médicos pede que seja considerada um Património Imaterial da Humanidade) que está a ser submersa pelas tecnologias e pela desumanização economicista da medicina?
Tantas questões sérias à procura de sátiras risonhas… Todos sabemos que rir é já um fármaco alternativo, um placebo que erradica múltiplas enfermidades da humanidade, mas até que ponto ele tem força terapêutica para nos deixar despertos contra as usurpações, os jogos, as corrupções doentias da sociedade?
b) Como subgrupo, no âmbito do retrato-charge / Caricatura iremos homenagear António Arnaut (Penela 18/1/1936 – Coimbra 21/5/2018) o “pai” do Serviço Nacional de Saúde, criado em 1978 quando exercia o cargo de Ministro dos Assuntos Sociais (II Governo Constitucional).
2 - Aberto à participação de todos os artistas gráficos com humor, profissionais ou amadores.
3 – Data Limite: 31 de Maio de 2020. Devem ser enviados para humorgrafe.oms@gmail.com, humorgrafe@hotmail.com ou humorgrafe_oms@yahoo.com (No caso de não receberem confirmação de recepção, reenviar de novo SFF).
4 - Cada artista pode enviar, via e-mail em formato digital (300 dpis formato A4) até 4 trabalhos monocromáticos (uma só cor com todos os seus matizes – não são aceites desenhos a 2, 3 ou 4 cores –aberto a todas as técnicas e estilos como caricatura, cartoon, desenho de humor, tira, prancha de bd (história num prancha única)... devendo estes vir acompanhados com informação do nome, data de nascimento, morada e e-mail.
5 - Os trabalhos serão julgados por um júri constituído por: representantes da Câmara Municipal de Penela; representante da Junta de Freguesia do Espinhal; representante da família Oliveira Guimarães; pelo Director Artístico da Bienal; um representante dos patrocinadores, pelo director do Museu da Farmácia, um representante de comunicação social local e um a dois artistas convidados, sendo outorgados os seguintes Prémios:
1º Prémio da VII BHLOG- 2020 (€ 2.000)
2º Prémio da VII BHLOG- 2020 (€ 1.500)
3º Prémio da VII BHLOG- 2020 (€ 1.000)
Prémio Caricatura da VII BHLOG- 2020 (€1.200)
O Júri, se assim o entender, poderá conceder “Prémios Especiais” António Oliveira Guimarães, Leonor Oliveira Guimarães, Município de Penela, Junta de Freguesia do Espinhal e Humorgrafe), a título honorífico, com direito a troféu.
6 - O Júri outorga-se o direito de fazer uma selecção dos melhores trabalhos para expôr no espaço disponível e edição de catálogo (o qual será enviado a todos os artistas com obra reproduzida).
7 – A Organização informará todos os artistas por e.mail se foram selecionados para a exposição e catálogo, e quais os artistas premiados. Os trabalhos premiados com remuneração, ficam automaticamente adquiridos pela Organização. Os originais dos trabalhos premiados deverão ser entregues à Organização (o original em trabalhos feitos a computador é um print de alta qualidade em A4, assinado à mão e numerado 1/1), porque sem essa entrega, o Prémio monetário não será desbloqueado.
8 - Os direitos de reprodução são propriedade da Organização, logo que seja para promoção desta organização, e discutidos pontualmente com os autores, no caso de outras utilizações.
9 - Para outras informações contactar o Director Artístico: Osvaldo Macedo de Sousa (humorgrafe.oms@gmail.com) ou VII Bienal de Humor Luís d’Oliveira Guimarães, Sector de Cultura, Câmara Municipal de Penela, Praça do Município, 3230-253 Penela - Portugal.
10 - A VII Bienal de Humor Luís d’ Oliveira Guimarães – Espinhal/Penela 2020, Inaugura dia 5 de Setembro no Centro Cultural do Espinhal, podendo contudo ser também exposta em outros locais a designar nomeadamente no Museu da Farmácia em Lisboa.

VII BIENAL DE HUMOR LUIZ D’OLIVEIRA GUIMARÃES
ESPINHAL / PENELA 2020
PORTUGAL



Apelido / Surname: _________________________________________________________
Nome Próprio / First Name: __________________________________________________
Morada / Address: Street: ___________________________________________________ ___________________________________________________________________________
Nº ______________
Código Postal / Postcode: _____________________________________________
Cidade / City: ________________________________________________________
País / Country: ____________________________________

E-mail: ______________________________________
Telefone / Telephone: __________________________

Male         Female



Obras / Works: Caricature: ______________________________________
                                              _______________________________________
                                              _______________________________________
                    Saude / Health_______________________________________
                                              _______________________________________
                                              _______________________________________
                                              _______________________________________




ANTONIO ARNAUT





quarta-feira, 29 de janeiro de 2020

Cartoon e Liberdade de Imprensa Conversa com António dia 29 DE JANEIRO DE 2020 NO MUSEU BORDALLO PINHEIRO DE LISBOA (CAMPO GRANDE)




ESCOLAS, JOVENS, ADULTOS, FAMÍLIAS
António, cartoonista galardoado internacionalmente e com uma vasta obra publicada, vem no próximo dia 29 de janeiro, pelas 18h30, ao Museu Bordalo Pinheiro para participar numa conversa sobre “Cartoon e Liberdade de Imprensa”.
Recorde-se que António foi, em 2019, o protagonista ocasional de uma reacção brutal a um dos seus cartoons publicados no «The New York Times». Na sequência da polémica gerada pelo cartoon, que representava Donald Trump e Benjamin Netanyahu, aquele jornal americano decidiu inclusive terminar com a prática de publicação de cartoons na sua edição internacional.
Esse episódio servirá de mote para uma conversa sobre o papel dos cartoonistas nos dias em que vivemos, os perigos que enfrentam, censura e liberdade de imprensa.
Este evento do Museu Bordalo Pinheiro insere-se na habitual comemoração do dia da morte de Rafael Bordalo Pinheiro. A ideia de assinalar a data começou em 2015, ano em que fomos surpreendidos pelo massacre à redação do jornal francês Charlie Hebdo.

ENTRADA LIVRE
Horário: 29 Jan, 18h30

Informações
Conversa: Cartoon e Liberdade de Imprensa. Conversa com António
Local: Museu Bordalo Pinheiro. Campo Grande, 382 • 1700-097 Lisboa
Data: 29 de Janeiro de 2020 | 18h30
Sobre o Museu Bordalo Pinheiro
O Museu Bordalo Pinheiro tem como missão preservar, estudar, documentar e divulgar a obra de Rafael Bordalo Pinheiro. Nascido em 1916, fruto da visão e do empenho do colecionador Ernesto Cruz Magalhães, o Museu assegura o acesso à obra do artista, oferecendo uma programação regular de exposições e atividades diversificadas. https://museubordalopinheiro.pt/