Às 08h43m de quarta-feira, 16
de Dezembro de 2015, Cavaco ainda não tinha aparecido a garantir aos
Portugueses que o BANIF merece toda a confiança pela óbvia razão de porque-sim. E todos sabemos que o senhor
Silva e a Madeira se entendem bem, sempre se entenderam bem, que são panela
& testo, Roque & Amiga, etc. & etc. E quão ele é infalível guru em
imbróglios económico-financeiros. E quão nada duvidosos são os seus enganos,
aliás nenhuns, jamais-em-tempo-algum. E quão a Academia sueca já há q’anos o
deveria ter nobelizado – se não com a Economia, ao menos com a Paz. Ou com a
Literatura, que o Churchill também dela foi agraciado – e mais era gordo e
bebia e fumava.
Às 08h56m da mesma matina, o facialmente
barbado mas politicamente imberbe edil de Santarém ainda não tinha percebido a
relação causa-efeito entre estudo de
mobilidade e estado de imobilidade. Nem que o pandemónio evitável da
Estrada da Estação é um atestado a céu-aberto de que a puerícia e a política
autárquica não são panela & testo, Roque & Amiga, etc. & etc.
Às 09h03m, a entrevista de Sócrates
à antiga têvê da Igreja ainda não
tinha atingido as duas centenas e meia de repetições, o que é estranho. Muito
estranho, aliás – posto estarmos na quadra em que estamos, acreditar no Pai
Natal sempre nos faz mais bem do que mal.
Às 09h11m, a rábula triste do
2.º aniversário da morte dos praxados do Meco já não comovia nem revoltava
senão os pais dos afogados – pela economia da comiseração, talvez. Ou pela
saturação colectiva de um “jornalismo” baseado em ora-a-desgraça-seguinte-ó-fáxavôr. Ou porque as licenciaturas à la Lusófona não obstam a uma carreira
no Ministério Público, muito pelo contrário talvez até.
Às 09h23m, um pardal pousou na
grade do meu terraço. Cessei imediatamente de mexer-me. Nem um caracter crónico
inscrevi no papel virtual enquanto aquele atirador de voos livres sentinelava a
realidade a partir do meu promontório de terceiro-andar. Foi só quando partiu
que voltei a contar minutos, esses grãos de areia que ao rio da vida assoreiam.
Às 09h29m, os agricultores de
horta-para-a-panela (sem testo) ainda não eram licenciados todos em
Fito-Farmácia, nem mestrados em Nitrato-do-Chile, muito menos doutorados em
Couves-Esquizofrénicas-de-Bruxelas, havendo inclusivamente a suspeita de nem
todos terem, sequer, o 12.º novo-oportunista das vacas-mais-gordas daquele
senhor que está sempre a passar na TVI.
Às 09h32m, enrolei um
mata-ratos e fui cuspinhar fumo & pedacitos de tabaco para o terraço onde
há pouco o pardal. Era amena a temperatura, temperada a luz, luminosa a
realidade. Mas atenção: é da realidade das 09h23m que falo. Levei
trinca-de-arroz para o varandim. Pode ser que a ave volte.
Se voltar, faz de minha Amiga.
E eu faço de Roque só para ela.
O resto, que se banife mas é.
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