Comecei a gostar do padre Antônio Vieira (1608-1897),
um dos maiores escritores e oradores da nossa língua, no curso "Prática de
Leitura e Formação do Estilo" do professor Rodrigo Gurgel http://www.cedetonline.com.br/index.php/professores/prof-rodrigo-gurgel,
que nos apresentou o divertidíssimo "Sermão aos Peixes".
Admirar Vieira apenas por ele ter defendido os índios e os
judeus, combatido a escravatura e desafiado a Inquisição, é muito pouco. De que
vale admirar as ideias de um homem e não ser capaz de lê-las, ainda por cima
escritas em nossa própria língua? É como admirar um livro pela capa, é gostar
de uma fruta e não saber que gosto tem.
Vieira é inteligente, erudito, profundo, lógico, irônico, original
e um tremendo artista da língua portuguesa, sempre eufônico, faz música com
palavras.
Vale a pena nos tornarmos melhores leitores para ler Vieira.
As citações em latim podem assustar, embora traduzidas no próprio texto, mas
quase nunca ao pé da letra - Vieira gosta de florear, e extrair de cada citação
muito mais do que ela aparentemente diz. Vale a pena vencer o preconceito
linguístico contra a "norma culta", injustamente acusada de ser a
"língua das elites". Nada mais falso. Machado de Assis e Lima
Barreto que o digam. Rompamos o apartheid linguístico que deseja encerrar
as gerações de hoje no gueto do presente e da língua mais tosca. A verdadeira
diversidade inclui, não exclui, os melhores textos e autores. Mas Paz, Paz...
Leiamos e ouçamos Vieira, deixemos falar Vieira. Se os romanos perderam o seu latim, vamos nos esforçar para não perder o nosso português. Feliz Natal! E um 2014 com muita saúde, coragem e alegria.
Leiamos e ouçamos Vieira, deixemos falar Vieira. Se os romanos perderam o seu latim, vamos nos esforçar para não perder o nosso português. Feliz Natal! E um 2014 com muita saúde, coragem e alegria.
Sem comentários:
Enviar um comentário