domingo, 29 de dezembro de 2013

HUMOR E SOCIEDADE por Osvaldo Macedo de Sousa


            Hoje vivemos tempos nebulosos, preocupantes que nos levam a pensamentos de impotência, de niilismo e de revolta violenta. Se a maior parte dos elementos que nos conduziram a esta situação é culpa dos políticos que, em vez de governarem se governam, dos economistas e banqueiros que em vez de construírem o futuro, destroem na ganância do imediato, a culpa é também da sociedade, do povo que os elege, que vota na incompetência.
Diz-se que estamos na era do vazio, porque o pensamento ideológico foi sugado pelo niilismo consumista. Hoje a sociedade faz a revolução contra a dita ditadura da ética, dos costumes. Hoje a transgressão é a bandeira da sociedade, mas não é a transgressão construtiva, antes redutora do humanismo em que o capital ocupa as mentes, o pensamento, a filosofia do bem estar. O carnaval e demais vazadouros de tensões derrubou o calendário e invadiu o dia-a-dia, vivendo-se na eterna festa. Tudo é ridículo, é grotesco, é anedota, matando o humorismo.
Hoje o Humor está moribundo, porque sem inteligência ele não sobrevive, sem transgressão construtiva, sem irreverência de cumplicidades filosóficas. Hoje vive-se no politicamente correcto, ou seja na ilustração anedótica. Basta ver a televisão, os jornais onde o poder da comunicação serve bandejas de sangue aos vampiros, que é a sociedade actual que prefere embebedar-se de misérias, sorver as desgraças como elemento vital do seu quotidiano. Mesmo o que é vendido como humor não passa de anedotário do baixo-ventre.
A cultura, que ensina a ginástica o pensamento, a inteligência está cada vez mais amordaçada. A imprensa quase não lhe dá espaço, e o poder vira-lhe as costas, o mesmo acontecendo com o humor que é amordaçado, censurado discretamente pelo politicamente correcto, espoliado das suas páginas.
O humor é um olhar filosófico sobre a vida, onde o riso pode aparecer, mas o mais importante é que seja um despertador de consciências. O humor é uma janela de interacção social. Não nos devemos rir DOS outros, mas COM os outros, mesmo que o alvo da sátira, da crítica sejamos nós, ou o nosso pensamento porque é nessa partilha do questionar os tabus, as ideias feitas, o sagrado que nasce o optimismo da construção do amanhã.
Sabemos que o riso do poder é perverso, mas o sorriso da sociedade é a conquista do SER, é o conhecimento de sí próprio, é a vitória da sua superioridade espiritual, é a essência que nos separa dos animais.
Rir com os humoristas, pensar com os desenhadores é termos consciência dos nossos problemas, é exorcizarmos no optimismo as amarguras do presente para com consciência olharmos de frente para o futuro com um sorriso. O sorriso humorístico faz com que tenhamos consciência que é nas nossas mãos, na nossa mente que o futuro se constrói. Aprendamos a sorrir-nos no dia a dia, a comunicar com humor e sabedoria, a exigir que a imprensa, a comunicação seja um elo de critica optimista e com uma grande gargalhada se destruam as grilhetas com que os políticos, os economicistas nos querem atar.
Podem não crer mas o Humor é uma coisa muito séria que deveria ser ensinada desde tenra idade aos nossos filhos para eles construírem um mundo melhor do que o que nós deixamos que construíssem.
Estes artistas que nos dão o seu pensamento o seu sorriso nos magníficos trabalhos de consciência crítica, são apenas algumas gotas desse oceano que tem de ser redescoberto para que a nossa vida tenha mais sentido.


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