Hoje
vivemos tempos nebulosos, preocupantes que nos levam a pensamentos de
impotência, de niilismo e de revolta violenta. Se a maior parte dos elementos
que nos conduziram a esta situação é culpa dos políticos que, em vez de
governarem se governam, dos economistas e banqueiros que em vez de construírem
o futuro, destroem na ganância do imediato, a culpa é também da sociedade, do
povo que os elege, que vota na incompetência.
Diz-se que
estamos na era do vazio, porque o pensamento ideológico foi sugado pelo
niilismo consumista. Hoje a sociedade faz a revolução contra a dita ditadura da
ética, dos costumes. Hoje a transgressão é a bandeira da sociedade, mas não é a
transgressão construtiva, antes redutora do humanismo em que o capital ocupa as
mentes, o pensamento, a filosofia do bem estar. O carnaval e demais vazadouros
de tensões derrubou o calendário e invadiu o dia-a-dia, vivendo-se na eterna
festa. Tudo é ridículo, é grotesco, é anedota, matando o humorismo.
Hoje o Humor
está moribundo, porque sem inteligência ele não sobrevive, sem transgressão
construtiva, sem irreverência de cumplicidades filosóficas. Hoje vive-se no
politicamente correcto, ou seja na ilustração anedótica. Basta ver a televisão,
os jornais onde o poder da comunicação serve bandejas de sangue aos vampiros,
que é a sociedade actual que prefere embebedar-se de misérias, sorver as
desgraças como elemento vital do seu quotidiano. Mesmo o que é vendido como
humor não passa de anedotário do baixo-ventre.
A cultura, que
ensina a ginástica o pensamento, a inteligência está cada vez mais amordaçada.
A imprensa quase não lhe dá espaço, e o poder vira-lhe as costas, o mesmo
acontecendo com o humor que é amordaçado, censurado discretamente pelo politicamente
correcto, espoliado das suas páginas.
O humor é um
olhar filosófico sobre a vida, onde o riso pode aparecer, mas o mais importante
é que seja um despertador de consciências. O humor é uma janela de interacção
social. Não nos devemos rir DOS outros, mas COM os outros, mesmo que o alvo da
sátira, da crítica sejamos nós, ou o nosso pensamento porque é nessa partilha
do questionar os tabus, as ideias feitas, o sagrado que nasce o optimismo da
construção do amanhã.
Sabemos que o
riso do poder é perverso, mas o sorriso da sociedade é a conquista do SER, é o
conhecimento de sí próprio, é a vitória da sua superioridade espiritual, é a
essência que nos separa dos animais.
Rir com os
humoristas, pensar com os desenhadores é termos consciência dos nossos problemas,
é exorcizarmos no optimismo as amarguras do presente para com consciência
olharmos de frente para o futuro com um sorriso. O sorriso humorístico faz com
que tenhamos consciência que é nas nossas mãos, na nossa mente que o futuro se
constrói. Aprendamos a sorrir-nos no dia a dia, a comunicar com humor e
sabedoria, a exigir que a imprensa, a comunicação seja um elo de critica
optimista e com uma grande gargalhada se destruam as grilhetas com que os
políticos, os economicistas nos querem atar.
Podem não crer
mas o Humor é uma coisa muito séria que deveria ser ensinada desde tenra idade
aos nossos filhos para eles construírem um mundo melhor do que o que nós
deixamos que construíssem.
Estes artistas
que nos dão o seu pensamento o seu sorriso nos magníficos trabalhos de
consciência crítica, são apenas algumas gotas desse oceano que tem de ser
redescoberto para que a nossa vida tenha mais sentido.
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