quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

ÚLTIMA SEMANA DE INSCRIÇOES no WORKSHOP DIÁRIOS GRÁFICOS de FEVEREIRO

No decurso das inscrições recebidas e pelo facto de ainda existirem vagas, venho lembrar-vos que já só falta uma semana para acabar o período de inscrição no próximo workshop de Diários gráficos de Fevereiro, que se realizará ao ar livre no Parque Recreativo dos moinhos de Santana, no Restelo.

Toda a informação sobre o workshop e como se inscrever está no programa em anexo. 

Crónica Rosário Breve - Dica da semana por Daniel Abrunheiro

Todos os dias os vejo: aos homens de já descriada idade atulhando de publicidade não endereçada as bocas de correio dos prédios. Não puderam e/ou não quiseram salvaguardar-se da penúria. No outono da idade, dão de si & por si propagando prospectos de “mestres” africanos, de “massagistas” brasileiras e de afins subprodutos, ou escombros, ou despojos, ou escórias, do alegado “Império Português”. Os ociosos de esplanada como eu são por eles mirados à sorrelfa, ciosos dos cigarros fáceis que fumamos e dos cafés perfumados de aguardente com que ilusoriamente adoçamos o desbaratar da (nossa, do lado de cá) vida.
Aos domingos, no entanto, em vez de a eles, assisto às parelhas de mulheres de já descriada idade que, munidas elas também de prospecta literatura que ninguém pediu nem quer, teimam em jeovandar caducos evangelismos sem ortografia nem esperança por essas campainhas insones.
Os prédios são os mesmos. O resultado, também.
Em verdade V. digo que me sinto companheiro, tão destas como daqueles, em má fortuna & pior ventura. Há anos que também eu ando neste negócio (aliás crónico) das mèzinhas contra o particular mau-olhado, o pé-chato da inveja, a psoríase da alma, a amarração infiel & a despolítica geral. Sim, também eu violo, no caso dos assinantes do Jornal, as frinchas virginais das caixas postais.
No gasto da tinta, esvai-se-me a mocidade física, que revérbero foi já noutros lustros e em lustres outros. Na usura do papel, descriou-se-me, a mim também, a sacanita da idade, sedimentando-se-me no palato o salitre equívoco de tanta oportunidade perdida.
Ao espelho, todavia, isso Vo-lo garanto também e com alguma soberba até, ainda faço, de quando em vez, as pazes mansas comigo, mercê da seguinte síntese zoológico-geométrica: besta-quadrada que ao menos de si mesma ri, com gosto quase até. E só não me dou de fuças como pedaço-de-asno por deveras ser o asno completo.
Não me inscrevi – prescrevi.
Não tirei cartão – nem o passei a ninguém.
Não creio em Deus – nem Ele em mim,
Não fui a tempo – mas o Tempo veio-me.
Está certo assim. A pessoa é, de si, o preço que por si mesma paga, ainda que o não valha.
A sequência é a consequência.
O remédio, porventura, estaria em nascermos todos com a idade daqueles homens e daquelas mulheres que, uns, nos dias úteis entopem as caixas de correio, e que, outras, ensurdecem as campainhas doménico-matinais. Nascermos já madurotes e, desse ponto aí então, rejuvenescermos à força toda de cada dia anversamente revertido, decrescendo em altura atlética e em sombra cismática.

Até que mais nos não pudessem pedir do que fôssemos, apenas, brincar – coisa que, aliás, não parecemos ter senão feito a vida toda, a julgar pela caixa do correio. 

Vivinha a Saltar ! - As varinas na obra de Bordalo no Museu Bordalo Pinheiro a partir de 31 de Janeiro

No próximo sábado vamos inaugurar uma nova exposição: Vivinha a Saltar ! 

A exposição divide-se em duas partes: As varinas na obra de Bordalo, em que mostramos a forma como Bordalo representou este tipo popular lisboeta, das aguarelas Naturalistas aos desenhos humorísticos e As novas sardinhas de Bordalo, em que mostramos a forma como a EGEAC e a fábrica  Faianças Artísticas Bordallo Pinheiro, com o designer Jorge Silva, entregaram uma sardinha feita por Rafael a artistas contemporâneos para a reinventarem.

É no sábado, dia 31, às 7 da tarde no Museu Bordalo Pinheiro.

Esta exposição completa outra, Varinas, Memórias de Lisboa, que inaugura no Museu da Cidade, às 5 da tarde. Venha às duas!

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Dia 24 presentação do livro "30 Anos a dar Broncas" (edição Trevim - Lousã) de Zé Oliveira

No âmbito da apresentação do livro "30 Anos a dar Broncas" (edição Trevim - Lousã), já pode ser visitada na Arquivo (Leiria) a exposição de originais constantes do livro. Mas a apresentação será no dia 24, com participações de Manuel Freire e Carlos Fernandes. Falar-se-á, naturalmente, dos... riscos do Humor Gráfico.
Crónica Rosário Breve - Terá parentes idosos sem saúde o senhor ministro da Saúde? Por Daniel Abrunheiro


Até aos nossos tristes dias, os idosos pobrezinhos de Portugal não tinham onde cair mortos. Agora já têm: é nas urgências hospitalares, esses brancos matadouros da contemporaneidade. Esperam e recebem a morte ao abandono das macas dos bombeiros, vá lá que agasadalhadinhos e venha cá que com direito a chá mijão e a bolachas de cianeto.
Cá fora, os órfãos desses velhos despojados de toda a esperança e de toda a dignidade sempre têm direito, pouco depois de cada passamento, a quinze segundos de fama nos telenoticiários, à maneira dos “talentos” instantâneos que a hílare Teresa Guilherme garimpa a preceito rasca aos monturos.
Logo de seguida, a prestidigitação dos cultores da Estatística (essa arte da mentira matemática) enleva-os (aos mortos e aos órfãos) de cerúlea (que é o azul do Céu) misericórdia, lustra-os logo do áureo esmalte da fatalidade, banha-os de pio sebo cristão, unta-os da mais chilra água-benta à beira da fervura das lágrimas crocodílicas, logo os ungindo, enfim, de um seráfico esplendor que lhes fica, precisamente, a matar.
Eu já não consigo ter muita pena dos pobrezinhos de Portugal que, à asneira de aqui terem nascido, somaram o disparate de se terem deixado envelhecer cá. E não consigo ter muita pena deles porquê?
Porque a) sou ímpio; e b) foram eles a votar c) nestes que lá estão; d) naqueles que lá estiveram e e) nos homólogos de c) e d) que lá hão-de estar.
Nos entrementes, dez metros a estibordo da minha caligrafia, uma bonitíssima velhota marca presença e dá sinal de vida. Está no passeio frontal da pastelaria à espera do marido, que foi ali num instantinho à Caixa transferir uns patacos-SOS aos filhos divorciados e sem emprego nem uso que tem ó-tio-ó-tio em Lisboa. A senhora apresenta-se enroupada de abafos nacarados como o dentro das conchas. Sopra os dedos enregelados das mãos. Sei que lhe apetece o chá-das-cinco. Voto na esperança de que o marido (que roça já, como ela também, as oito décadas de nascido) se não sinta mal de repente enquanto espera vez para o caixa. Porque esta terra tem urgências hospitalares: esses brancos matadouros etc.
Nota: o senhor ministro da Saúde está, à hora a que V. escrevo, de visita ao morredouro hospitalar local. “Reunião de trabalho com a administração”, parece. Ao que sei, o senhor ministro da Saúde é um patusco bem assalariado. Tem motorista, isso também sei. E alcavalas de mordomias inerentes ao cargo, claro. Não sei é se tem parentes idosos. Ou se, tendo-os, estarão ou não eles bem de saúde. Oxalá que sim. Devem estar. O mais certo é que, em caso de indisposição súbita, não tenham de penar odisseias de infindável espera multi-horária nos calabouços esfregados a lixívia, a creolina e a ácido fénico das unidades médicas. Um parente-ministro sempre é um ministro-parente, caraças.
Escrevo isto sem me rir. Nem me importa que o senhor ministro da Saúde venha ou não venha a ler este desarrazoado chorincas meu. Eu escrevo para toda a gente, mas não é com toda a gente que falo. Com o senhor ministro da Saúde, muito menos. Também tenho os meus pudores. Também sou vulnerável à ira e à indignação. Também me canso. Também me couraço. Também me blindo. Para mais, os meus Pais já morreram. Estão safos do corrente genocídio português.
O problema é que caminho para velho. Uso o meio-capote que o meu Pai me legou, como naquela história que V. sabeis. A vida sabe-me na boca a noite fria mais vezes do que o recomendam a posologia medicamentosa e a sensatez existencial. E sim, confesso ter receio de que o senhor ministro da Saúde me queira mecanografado nas estatísticas dele. Que é como quem diz: no seu obituário economicista anti-pessoas e anti-direito à vida.

E que, portanto, eu ainda acabe por demitir-me de tudo primeiro do que ele do dourado lugar que ocupa, ele o senhor ministro da Saúde, a quem tal mortandade geriátrica deve incomodar tanto quanto a mim a boazona da Irina ainda namorar ou já não com o tão jovem e tão saudável e tão bonzão Melhor-do-Mundo. 

Hoje no Museu Bordalo Pinheiro de Lisboa Mesa Redonda sobre "Cartoon e Liberdade de Imprensa"

Com a presença dos cartoonistas António, Bandeira e Nuno Saraiva

Fernando Relvas em Exposição e Venda na Livraria EuropaAmérica até 6 de Fevereiro


Mesa Redonda - "Não sei bem o que dizer, mas tenho de dizer qualquer coisa" sobre o ataque ao Charlie Hebdo no Museu do Carmo

 Aconteceu no dia 2o de Janeiro, pelas 18h30 no Museu Arqueológico do carmo uma Mesa redonda com Eduardo Salavisa, Sara Figueiredo Costa, Nuno Saraiva, Osvaldo Macedo de Sousa e Moderação de Pedro Moura. Teve a participação de mais de meia centena de pessoas, destacando-se caricaturistas como o António, Per, Luis Frasco, Vasco Gargalo... Bandadesenhistas como Filipe Abranches... e Geraldes Lino
Neste momento o Director do Museu José Morais Arnaud dá as boas vindas

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Crónica Rosário Breve - À toujours comme tous les jours por Daniel Abrunheiro


Bruma e geada cingem a respiração em andamento. Uma pessoa vem por beira-rio, está frio, é tempo dele, as botas escrevem no chão o dois-por-quatro do caminho, sabe bem devolver em vapor ao ar o que dele veio em gelo. Com alguma sorte, é-se tão natural como cada signo do dia novo: os próprios braços como os das árvores, a água na boca como a do rio persistindo ambas em chegar um dia ao mar, a fervura do cartoon do pensamento como o desenho-animado do vento nas coisas volúveis, volantes coisas, venais é que não. A hora não é de relógio, a manhã não é de calendário: outra coisa serão, outro sentido terão, ser nelas é quanto basta. Para já.
Chega a pessoa ao balcão da Ermelinda, já ela lida trapos e vidros, da máquina-cafeteira silva o nevoeiro cálido, pelo chão a serradura fresca espera a cuspidela dos de mais brutos modos, desligada da ficha a arca dos gelados espera o Estio e a criançada colorida dele, sabe bem apear o bornal, sabe bem hastear os bons-dias aos congéneres de Língua e Pátria que vêm ao mesmo, a Ermelinda servindo a cada um o necessário sem perguntar o quê a quem, longos anos num gesto resumidos que é serviço e (re)conhecimento do Outro.
Lá fora, a música do mundo afina seus naipes: as ovelhas-chocalhos, os pardais-apogiaturas, o sacristão-badalão, a prata barroca do fontanário perpétuo, a trompa de ter nascido e mesmo assim o sol vir assim mesmo. Ninguém faz por pôr o seu deus, se algum, à frente dos outros na bicha do Paraíso, se algum, muito menos alguém se lembra de matar o próximo em nome do longínquo, a Ermelinda é que sempre diz que o negócio de cada um não é a venda de todos.
Casados no palato o figo e a aguardente, agora sim, agora é hora-número, o dia é já qualquer-coisa-feira, o trabalho não azeda, vai o mestre da escola para a escola, o da oficina para a oficina, o da muita terra para a leira, o do pouca-terra para a estação, o das cartas para o correio. Ranchos de mulheres algaraviam o perpétuo interesse da vida a caminho da fiação. Guincha o postigo meio-corpo do sapateiro. Trissa altíssimo o manicómio feliz da passarada no plátano grande do rossio. Fico a sós com a Ermelinda, que confia na honestidade da minha solidão para ir ali num instante ao peixe e aos jornais, olho a repetição de cada mesa à espera da novidade do fantasma, vou abrindo o bornal, tirando dele o lápis, a caderneta para que copio as coisas importantes, dessa “suprema importância que passa no dia seguinte” anotada por um tal Pessoa, pessoa que também gostava de aguardente, de figos não sei, de figos gostaria Caeiro, se algum.
Boa coisa: à volta da Ermelinda, quase sem quê e de todo sem para-quê, tenho a crónica feita. Ajunto caderneta e lápis de retorno às entranhas de pano do saquitel, engulo uma para o caminho (bebe muito a pretexto de si mesmo, o sacana do caminho) e é já quando devasso no pórtico as fitas verticais contra o mosquedo que, ao meu Até-logo-Ermelinda, dela ouço esta bonita coisa:

– Até sempre, Charlie

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Mesa-Redonda "Não sei bem o que dizer, mas tenho de dizer qualquer coisa" dia 20 de Janeiro, às 18h30, no Museu Arqueológico do Carmo.

Não sei bem o que dizer, mas tenho de dizer qualquer coisa.
Mesa-redonda aberta sobre o ataque ao Charlie Hedbo: o poder dos cartoons editoriais, liberdade de imprensa e expressão, limites sociais, contextos históricos da imprensa ilustrada.
Sara Figueiredo Costa, Nuno Saraiva, Osvaldo Macedo de Sousa e Eduardo Salavisa, com moderação de Pedro Moura. 
Terça-feira, 20 de Janeiro, às 18h30, no Museu Arqueológico do Carmo.
Entrada livre. 



O crime perpetrado contra o jornal satírico francês Charlie Hedbo colocou na ordem do dia junto ao grande público uma discussão que tem tido lugar em círculos especializados. Qual o papel do cartoon editorial nas democracias modernas, cujas leis de liberdade de expressão permitem um qualquer grau de negociação entre o que se entenderá por "aceitável" e "pertinente", por um lado, e "exagerado" e "ofensivo", por outro. Se se acreditar numa tal categorização, porém, há que compreender que ambas pertencem a uma longa tradição de trabalhos, e com particular presença na cultura francesa. A questão desta liberdade vai embater noutras questões, como os posicionamentos ideológicos, os ditos limites da imprensa, a censura prévia e as decisões judiciais, assim como a conjuntura actual a nível mundial cujas fricções são vistas por alguns como um "choque de civilizações". Não é difícil começar uma discussão sem tropeçar em controvérsias ou mesmo afirmações elas mesmas insustentadas, já que tudo isto implica emoções, limites ao nosso conhecimento, posicionamentos extremados, etc. 

A comunidade de artistas de banda desenhada, ilustração e cartoon editorial, assim como investigadores e críticos da área têm multiplicado a sua expressão de solidariedade, assombro e até mesmo incompreensão nos mais variados canais de comunicação. Alguns dos seus membros não sabem bem como começar a articular o que pensam e sentem, mas sentem também a urgência em fazer algo mais. Esta é uma oportunidade, entre outras, de dialogar. 

sábado, 10 de janeiro de 2015

FENAMiZAH EXTRA for the solidarity with CHARLIE HEBDO.

Dear colleagues;
We publish the FENAMiZAH EXTRA for the solidarity with CHARLIE HEBDO.

direct link:
Contributed 66 cartoonists from 33 different countries with 100 works! • Thanks to all friends.
Humor will live always!
Best regards.
( Below editor article )
- - - 
Dear friends and colleagues;
We are so sad for the bloody attack made to “Charlie Hebdo” Magazine and for our four colleagues and the other people who passed away during the attack. 
This savagery has been made against the freedom of thought and can’t be accepted. That’s why we accept that the attack had not only made to Charlie Hebdo Magazine; it had been made for all of us and we protest it with violence.
For a world existing more freedom; for a humanity which people lived brotherly, we will continue drawing and produce ideas. For the ones who are afraid of humor will get drowned in their own bloods. 
We damn the terror and the emperialism who supports the terrorism! 
We offer our condolonces to all Charlie Hebdo Magazine workers and to all our colleagues. 
Sincerely..
Aziz YAVUZDOGAN
fenamizah magazine
editor-in-chief.
aziz yavuzdoğan
grafik tasarımcı & karikatürist  / graphic designer & cartoonist
yayın yönetmeni  / editor in chief 


FENAMİZAH e-dergi
dijital platformlar:
ISSUU: 
DMAGS: 
TURKCELL: 

"Je suis Charlie" os cartoons dos artistas portugueses Finha e Santiagu



Q&A – RODRIGO DE MATOS – CARTOONIST | FANATICS ‘SUFFER FROM RELIGIONITIS’



Macau Daily Times - What was your first reaction to the cold-blooded assassination of your colleagues at French satirical magazine Charlie Hebdo?
Rodrigo de Matos (RM) - Sadly, my first reaction contained everything but surprise, which says a lot about the world we live in. I was very sad knowing that we won’t be seeing new stuff from those cartoonists, whose work I appreciated very much, especially Wolinski’s.
MDT - Charlie Hebdo cartoonists reveled in provocation and took pride in their freedom to poke fun at anyone — be they popes, presidents, public figures or the Prophet Muhammad. Do you believe theirs was a good approach?
RM - Yes, of course. That’s what freedom of speech is about. Agreeing or not with their point of view, to say that they were wrong by expressing it would be the same as agreeing with the savage people who killed them.
MDT - In your work as a cartoonist, what are the limits you set for yourself? Or are there no limits for satire?
RM - There shouldn’t be any limits for satire, beyond those of realizing if our idea is a good or a bad joke. The reasons why something might be offensive for someone are so personal – you can always find someone offended by virtually every joke – that if we start thinking on those terms, there’s a risk of killing all the humor in the world. And what world would that be?
MDT – Cartoonists have become a target for the extremists. Would you say that those radicals suffer from fear of laughter?
RM - They suffer from religionitis (when religion becomes an illness). That disease spreads easily in less intelligent or educated brains, transforming the infected subjects with deadly instruments for some radical groups with very unholy agendas.
MDT – After what happened, do you still believe that pens are mightier than swords?
RM 
– When you look at the people that die or are imprisoned for drawing cartoons, it’s difficult to say that pens are mightier than swords, but these incidents have the ironic effect of awakening the minds to fight against injustice. Ideas and free speech might not be stronger than guns, but they will prevail for sure. 

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Hoje somos todos Charlie! - cartoon de José Monginho


«On ne tuera pas l'humour» - cartoon de Miguel Salazar


Homenagem "Je suis Charlie" na Praça dos Restauradores - Lisboa - Portugal




Crónica Rosário Breve - Abrunheiro enTVIstado (também) por Daniel Abrunheiro

Nota prévia: integro em segredo (até dizer isto) uma pandilha em rede e-mâilica que se dedica ao duplo tráfico de fotos de gajas boazonas todas nuas & de bocas anti-Sócrates. Tanto estas como aquelas nos fazem ficar, a mim como aos meus associados, a modos que aquilo dos calções da estátua do CR7. Calculai, pois, o espanto dessa minha secreta maltosa quando isto (a seguinte enTVIsta) sair a lume público. Vamos a ela:

Foi confrontado com provas pelo juiz Carlos Alexandre?
Vejo que não leu a “nota prévia” ali em cima. O juiz Carlos Alexandre é homem. É homem e não se chama Sócrates. Ora, eu é mais gajas.
Que tipo de gajas?
Tipo todas. Estou numa idade de mais caroço do que polpa. Tenho uma próstata que ainda não brinca em serviço. Por isso, é mesmo tipo todas que estejam à mão-d’inseminar, se bem me compreende.
Como encara o que está a acontecer e o que tem sido publicado?
Faço de conta que não é nada comigo. E é que não é mesmo. O que tem sido publicado é mais João Baptista & Bruno Oliveira. O Joaquim Duarte é mais o Editorial e ver se ficou alguma luz acesas às quartas no fecho do fecho. Não, nenhum destes três é da tal minha pandilha na net.
E os outros colunistas?
Ainda bem que me pergunta isso. Esses é que deveriam estar todos na preventiva. O Beja Santos por ler mais livros (mas ler mesmo) do que o prof. Marcelo. O Eurico Heitor por andar sempre a pôr Tomar nos píncaros e Abrantes na mó de baixo. Os Fernandes Pai & Filho por andarem a desassossegar (outra vez) o general Eanes. O Luís Eugénio porque sim. O Maia dos cartoons porque também. E o Arnaldo Vasques idem aspas para não se ficar a rir dos colegas.
O Carlos Cruz não?
Esse não porque eu gosto muito de ir a patuscadas com ele. E por ser ele a trazer-me, à Perna, umas malas bestiais lá dos Brasis e das Áfricas onde anda sempre metido a fazer e(t)nologia.
A tal sua pandilha e-mâilica inclúi alguns dos senhores acima nomeados?
Não, nenhum. O Maia ainda quis pertencer, mas eu disse-lhe que não porque gajas desenhadas não fazem saltar o rebite ao pilar. A gente é mais fotos com elas descalças até ao pescoço.
Então, se o acervo é fotográfico, o Zé Freitas e o Tó Vieira, se calhar são…
A menina não se ponha com reticências maliciosas. Nenhum deles pertence àquilo. São os dois fotos sim senhor, mas o Freitas é mais pássaros, não o feminino deste plural; e o Vieira quer é surf: as pranchadas dele são mais de Peniche à Nazaré.
Você é comunista?
Olha-m’esta… Não senhora, desde que morreu o Eusébio, fez agora um ano, que nunca mais fui.
Eu disse “comunista”, não desse tipo de encarnado.
A menina desculpa, mas é que voltei a abusar um bocado dos copos desde que o Salazar morreu.
Morreu mesmo?
Quem, o Pantera Negra ou o Botas? O Rei infelizmente sim. O outro, isto nunca se sabe. É ver o prof. Adriano Moreira, que anda ali como se não fosse, ou não tivesse sido, nada com ele.
Um apartamento em Paris é um dos seus sonhos?
Já foi mais. Eu agora é mais sonhos com gajas, não sei se já lho tinha dito. Assim tipo a menina.
Esteja qu’eto co’ rabo e diga-me: não considera blasfémia tanta graçola relativa à ‘geminação’ de Évora com a Cova da Iria?
Acho. Mas olhe: o pau carunchoso é pau na mesma, seja para fazer colheres, seja para fazer santos. É como o papel na rotativa: tanto dá para fazer um jornal a sério como para fazer O Mirante. A blasfémia é coisa sempre muito relativa.
Muit’òbrigadinha. Penso que está tudo. Já agora, sabe de algum tasco por aqui onde se coma bem e barato?

Isso é mais com o doutor Fernandes sénior. Mas o melhor é ir perguntar-lhe já ao aeroporto antes que o bifem preso. Eu nisso do comer, sabe, eu nisso do comer é mais gajas. O beber pode ser sozinho. E não, eu nunca disse que o doutor juiz Carlos Alexandre era da minha pandilha. Dizer, não disse. A menina aceitaria que o Zé Freitas ou o Tó Vieira lhe tirassem umas pelingrafias em dia de calor?

I am Charlie