Não digo do Natal –
digo da nata
do tempo que se coalha
com o frio
e nos fica
branquíssima e exacta
nas mãos que não sabem
de que cio
nasceu esta semente;
mas que invade
esses tempos
relíquidos e pardos
e faz assim que o
coração se agrade
de terrenos de pedras
e de cardos
por dezembros
cobertos. Só então
é que descobre dias de
brancura
esta nova pupila,
outra visão,
e as cores da
terra são feroz loucura
moídas numa só, e
feitas pão
com que a vida
resiste, e anda, e dura.
Pedro Támen
em Natal…Natais, Oito séculos de Poesia sobre o Natal, Antologia de Vasco
Graça Moura
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