quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

~Votos de Feliz Natal de Miguel Ferreira

Não digo do Natal – digo da nata
do tempo que se coalha com o frio
e nos fica branquíssima e exacta
nas mãos que não sabem de que cio

nasceu esta semente; mas que invade
esses tempos relíquidos e pardos
e faz assim que o coração se agrade
de terrenos de pedras e de cardos

por dezembros cobertos. Só então
é que descobre dias de brancura
esta nova pupila, outra visão,

 e as cores da terra são feroz loucura
moídas numa só, e feitas pão
com que a vida resiste, e anda, e dura.


Pedro Támen

em Natal…Natais, Oito séculos de Poesia sobre o Natal, Antologia de Vasco Graça Moura

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