O
Tino de Rans do PSD é o professor Marcelo. Quase sem tirar e com mais pôr – são
a mesma coisa. Foi vê-lo, ao professor, na última feira(rrobodó), vulgo
congresso, orangina. Ao genuflectido conclave, só faltou aquele intérprete
gestual doidinho do funeral do Mandela. A aura de non-sense era a mesma. O esbracejar era o mesmo. A risota
descabida, a mesma. De olhos tipo lémure hiperactivo, querendo muito fazer rir,
querendo muito fazer pensar que pensa, querendo muito passar uma esponja sobre
a nódoa do apodo de “cata-vento” que
tão cruel mas tão justamente lhe pespegou o homem chamado Coelho, o Tino do PPD-que-Deus-tem coaxou presença
nas Rans de tal sinédrio
tragifarsante para que ninguém, muito menos aquela gente, se esqueça de que ele
é que sim, de que ele é que só, de que ele é que TVI. E para que seja a ele e
só a ele e a mais ninguém do que ele, não a durões transgenizados em
couves-de-Bruxelas ou a santan’adolescentes obsoletos das discotecas da 24 de Julho,
levem pelo bracinho mendigão a atravessar a passadeira-de-cegos que leva aos
salões dourados de Belém. Foi por isso e foi para isso, não foi por nem para
outra coisa. Abençoado convénio aquele, que, sob um só tecto tão pejado de
balões vácuos como aquelas cabeças mais dadas ao gel do que ao raciocínio,
juntou a mais fina-flor do nosso mais requintado entulho. Nem o abjeccionismo do saudoso Luiz Pacheco
lograria compendiar, numa só separata-de-cordel a cinco paus de edição-de-autor, tão inerme e tão enorme catálogo de
nulidades apátridas. O que o mar nos anda a (des)fazer ao litoral, anda esta
pandilha a contrafazer ao que nos resta, a começar pelo pão-de-cada-dia e a
acabar no último assomo de auto-estima. É um partido que faz ao País o que a
Abispark anda a fazer ao estacionamento pago de Santarém, à revelia das regras
mais estritas da sanidade legal mais lata. A lata é a mesma, de facto.
Olhai:
a mim, não me repugna nada o holocausto das “ideologias”
manequísta-dicotómicas com que nos formataram no sentido do (des)entendimento
do mundo. Os ismos são pepinos mal
torcidos que resultam em destinos de reviralho. A meu ver, a Utopia ou é terrena (e portanto humana;
e portanto da mesma estatura que nos vai, a nós-gente, das solas ao risco do
cabelo) – ou então vê-se assolada por uma espécie malsã de suão soprando-nos
nas fuças a estupidez malévola que faz vergar de joelhos os pastorinhos
carreiristas ao nível das patorras da azinheira do Poder, essa sarça ardente de
néon como as barracas-de-farturas. O que deveras me repugna, é – em detrimento
da válida gente séria que este País ainda tem em todos os sectores da vida
produtiva – a promoção aos lugares de (ir)responsabilidade do idiota-da-turma,
do cunhado sabujo, da amante oxigenada como uma tocha de milho, do sucateiro
ignóbil, do licenciado da mula-ruça, do jot’idiota, do pato-bravo anelado de
ametista falsa a cavalo num Mercedes
de manilhas e de, enfim, todo o
espantalho verminoso capaz de, muito mais depressa do que o comum espectador-eleitor,
perceber que esta é uma terra em que só a merdina
faz carreira.
Mais
do que meu receio, é já minha a certeza de que, como nos filmes porno, acabemos todos por ser a gaja
que, depois de tanto e de por tantos facturada e mal paga, nem a consolação do
casamento nos redima. Para que isso não nos aconteça (ainda mais), hemos de ter
tino. Tino, salvo seja.
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