segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Retrato e caricatura: traços da alma na Casa de Saúde do Telhal (Mem Martins)

Inauguração da Exposição Temporária
Retrato e caricatura: traços da alma
No próximo dia 21 de Novembro de 2012, será inaugurada a Exposição TemporáriaRetrato e caricatura: traços da alma no Museu S. João de Deus - Psiquiatria e História. Apresenta cerca de 200 obras que dão a conhecer retratos e caricaturas feitos por artistas com perturbações mentais, não apenas de renome nacional: Mário Eloy, Abel Salazar, Stuart de Carvalhais ou Joaquim Guerreiro, como por artistas menos conhecidos ou anónimos que estiveram internados nas Casas de Saúde da Ordem Hospitaleira de S. João de Deus. A exposição irá encerrar no dia 15 de Julho de 2013, sendo as visitas guiadas mediante marcação.
Ao longo da história de arte, em especial a partir do séc. XIX com a evolução da psiquiatria, são mencionados alguns artistas famosos com perturbações mentais que incluem vários retratos na sua obra artística, como Edvard Munch, Vincent Van Gogh ou Henri Toulouse-Lautrec. Foram-lhes diagnosticadas diferentes patologias, em particular, a depressão, a esquizofrenia e o transtorno bipolar, exigindo, em certos casos, um internamento temporário ou vitalício em hospitais psiquiátricos públicos ou privados.
As perturbações mentais transparecem, com frequência, na obra do artista, atingindo, por vezes, numa exacerbada emotividade. Este facto, no entanto, não interfere com a respetiva qualidade técnica e artística, podendo, por vezes, revelar-se um importante contributo para o evoluir histórico-social da pintura europeia.
Na década de 1920, o Dr. Luís Cebola, diretor clínico da Casa de Saúde do Telhal, após visita a vários hospitais psiquiátricos na Europa, adotou a terapêutica da Laborterapia nos doentes quer no interior das unidades de internamento -auxiliando os enfermeiros, (…), e fazendo cópias, traduções, desenhos e pinturas, com que foi enriquecendo o nosso Museu da Loucura, o primeiro criado em Portugal quer no exterior, em atividades de agropecuária. Nas décadas seguintes, esta terapêutica ocupacional revelou-se um meio de evidentes melhorias no estado de saúde dos doentes, tendo sido implementada em outras Casas de Saúde da Ordem Hospitaleira.
No caso da pintura, em particular do retrato e da caricatura, esta terapêutica pretendia estimular o doente aprojetar os seus conflitos internos, sob a forma visual, na tela, independentemente da beleza da obra e da formação artística do seu autor. Para o efeito, evitava-se a cópia e incentivava-se a expressão espontânea e pessoal.Estes trabalhos eram, posteriormente, apresentados ao público, sendo um incentivo para os doentes.
Museu São João de Deus -Psiquiatria e História
Casa de Saúde do Telhal
Estrada do Telhal, n.º55
2725-588 Mem Martins
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