terça-feira, 29 de novembro de 2016

Lançamento de Paródia Culinária, À Mesa de Bordalo, 3a feira às 18 horas no Museu Rafael Bordalo Pinheiro (Campo Grande - Lisboa)


Na 3a feira, dia 29 vamos apresentar o livro Paródia Culinária, à Mesa de Bordalo.


É um livro de receitas "à moda antiga", ilustrado por desenhos de Bordalo, que são apresentados na exposição Bordalo à Mesa, que pode ver no Museu.


A apresentação vai ser feita por Alexandra Prado Coelho, com Pedro Bebiano Braga (comissário da exposição) e Rita Nobre de Carvalho (designer do livro)

segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Conversas com o autor (Renata Macedo de Sousa) no Mês da Fotografia ImaginArte Almada dia 29 pelas 18h30 no Forum Municipal Romeu Correia de Almada


No âmbito da exposição "Arquitectando Fotografias" de Renata Macedo de Sousa, patente ao público no Forum Municipal Romeu Correia - Sala Pablo Neruda (Almada) até dia 2 de Dezembro


dia 29 de Novembro, pelas 18h30 a arquitecta / fotografa Renata Macedo de Sousa  falará sobre: "A promoção da Arquitectura através da Fotografia"

domingo, 20 de novembro de 2016

MUSEU BORDALO PINHEIRO - INAUGURAÇÃO HÁ 100 ANOS, AMEAÇA DE “OCUPAÇÃO” HÁ 27… Por ANTÓNIO GOMES DE ALMEIDA

- Logótipo da “Casa do Humor – de autoria do artista Zé Manel

                Não, não é nada disso em que estão a pensar…
                O que se passou há 27 anos – e será aqui explicado – não foi mais que um curioso episódio de “ocupação pacífica” desse belo Museu, fundado em 1916, e que mantém no seu interior uma extraordinária colecção de peças da multifacetada obra, tão variada quão genial, desse Artista versátil, que espalhou o seu talento pela caricatura, o desenho, o cartoon, a pintura e a cerâmica, num desbordar de formas de Arte combinadas com certeiro e acutilante Humor.
                A personalidade artística de Rafael Bordalo Pinheiro tem sido tão divulgada que dispensa a inserção de mais uma nota biográfica, para juntar a tantas outras que têm aparecido, ultimamente, a propósito do centenário do Museu que tem o seu nome.
                O que talvez seja menos conhecido, porque nem sequer costuma ser mencionado, é o facto de ter existido o tal episódio de “ocupação” do Museu, em 1989, em circunstâncias que me deram o privilégio de ser um dos seus protagonistas – daí que tenha de pedir desculpas antecipadas, pelo facto de, ao contar o que se passou, ter de usar a primeira pessoa do singular… É que, na verdade, o caso também foi, ele próprio, singular.

O MUSEU E O SEU MECENAS
                Comecemos, como é devido, pelo princípio.
                O nome do Museu é bem conhecido, e muita gente o sabe de cor, como também sabe onde ele está situado: em Lisboa, lá ao fundo do Campo Grande, à direita de quem vai para o Lumiar, confrontando-se com outro Museu, do lado oposto do jardim – o da Cidade de Lisboa.
                Menos conhecido é o nome de quem o criou e lhe deu forma e conteúdo. O Museu foi inaugurado, há 100 anos, por iniciativa particular do poeta e panfletário republicano Ernesto Cruz Magalhães, que, por ser um grande apaixonado pela obra do artista, resolveu reservar, naquela que era então a sua moradia particular, três salas dedicadas a expor a sua colecção privada de obras de Rafael Bordalo Pinheiro. Era um espólio muito importante, de carácter pessoal e de enorme riqueza, reunindo correspondência, objectos pessoais, muitos desenhos originais, algumas pinturas, a obra gráfica, incluindo 3.500 exemplares de gravura e 3.000 originais, e ainda cerâmica, com 1.200 peças.
                Ernesto Cruz Magalhães era um intelectual, autor de várias obras literárias, que não tiveram grande divulgação. Era, também, um homem rico, sem descendentes a quem deixar a sua fortuna. Assim, com o à-vontade de quem vivia desafogadamente, podia dedicar-se plenamente àquilo que lhe dava prazer: colecionar a variada obra de Rafael Bordalo Pinheiro, de quem era fervoroso admirador. A tal ponto que, tendo começado por encher parte da sua moradia particular com trabalhos do Artista que tanto apreciava, resolveu finalmente que a sua casa seria transformada, agora totalmente, num Museu, a ser oferecido à Cidade.
                É assim que o Museu mais antigo do país celebra agora os 100 anos dedicados à divulgação da obra do artista criador do Zé Povinho, que se mantém como a caricatura do português que faz "manguitos contra as injustiças".
                O fundador acabou, deste modo, por legar oficialmente o Museu Bordalo Pinheiro à Câmara de Lisboa, depois de algumas obras de remodelação e ampliação. Mas… há um aspecto pouco conhecido, e que só viria a ser revelado em 1989, muitos anos após a morte do doador. É esse pormenor que venho contar aqui.

- Notícia da inauguração

UM AUTARCA GENEROSO E AMIGO DE RIR
                Por essa altura (fins dos anos oitenta), era presidente da Câmara Municipal de Lisboa o Engenheiro Krus Abecasis – e, por outro lado, escutavam-se então, na capital como em todo o país, uns certos programas de Rádio que eram apreciados praticamente por toda a gente: os famosos programas dos Parodiantes de Lisboa (aos quais estive muito ligado, porque, durante anos, neles trabalhei como copywriter, tendo escrito uns largos milhares de diálogos, e dirigindo simultaneamente o semanário Parada da Paródia).
                Em conversas informais entre o Presidente Abecasis e José Andrade, que, nos Parodiantes, personificava o famoso Inspector Patilhas e o não menos popular Jack-Taxas, surgiu a ideia de ser criado um Museu dos Parodiantes, dado o prestígio de que estes então gozavam, tendo até recebido a Medalha da Cidade.
                Fui convidado para aderir à ideia, partilhando a gestão do projecto. Os meus parceiros de trabalho seriam: o dr. Osvaldo Macedo de Sousa, experiente organizador de exposições e festivais de Humor; e o Pintor Vítor Milheirão, com formação em Conservação de Museus, e então chefe do sector de Restauro da Gulbenkian. Esta equipa sugeriu desde logo algo bastante mais abrangente que a ideia original: a criação de uma grande “Casa do Humor”, onde se realizassem exposições, reuniões e outras manifestações ligadas ao tema – com a natural preponderância e maior protagonismo dos Parodiantes.
                Lançámo-nos na busca de local apropriado, em Lisboa – mas não foi fácil encontrar o que procurávamos. Por uma ou outra razão, as várias casas, pavilhões e palacetes visitados não ofereciam as condições necessárias…Então, foi o próprio Presidente da CML (que estava interessadíssimo no caso, ele que gostava muito de Humor, mau-grado a cara séria que habitualmente exibia…) a sugerir que, estando o Museu Bordalo Pinheiro fechado para obras, se instalasse ali (provisoriamente) a nossa Casa do Humor, até que esta pudesse ser transferida para um local novo, uma galeria apropriada, que iria ser construída em breve nas traseiras do Museu.
                E assim se fez.
               

- Catálogo da primeira Exposição: “Paródias em Parada – Da ‘Paródia’ de      Rafael Bordalo Pinheiro à ‘Parada da Paródia’ dos Parodiantes de Lisboa” – capa e interior

A POLÉMICA “OCUPAÇÃO”

                É nesta altura que surge uma inusitada polémica… A Dra. Irisalva Moita, que era, ao tempo, Directora de todos os Museus de Lisboa, levantou um inesperado obstáculo. Segundo ela, os Parodiantes estariam a ocupar, ilegalmente, aquele espaço… Porquê? Porque, na escritura de cedência da moradia de Ernesto Cruz Magalhães, estava expressamente mencionado que aquela casa jamais poderia ter outro uso, para além da exibição da obra de Bordalo! Mais: se tal acontecesse, a propriedade teria, estatutariamente, de passar para a posse… do Jardim Zoológico de Lisboa!
                Mas, tendo sido muito bem esclarecida a situação provisória daquela “ocupação” (sugerida, aliás, como foi explicado, pela própria Câmara, e só para aproveitar a circunstância de o Museu estava então em obras), e também porque a estadia só duraria enquanto se esperava pela construção do novo espaço – tudo ficou claro, e a “Casa do Humor” foi inaugurada oficialmente, no Dia da Cidade (25 de Outubro) de 1989.
                Nela chegaram a realizar-se várias Exposições, sempre com o Humor em primeiro plano. A primeira tinha por tema “Paródias em Parada – da ‘Paródia’ de Rafael Bordalo Pinheiro à ‘Parada da Paródia’ dos Parodiantes”. Seguiu-se a “Exposição e Encontro Luso-Brasileiro de Humor”. Depois, uma exposição de “Esculturas” do cartoonista Augusto Cid. E, finalmente, “O Humor e A Bola”, com os cartoonistas daquele jornal desportivo.
                Durou menos de dois anos esta “Casa do Humor”. O progressivo apagamento da actividade dos Parodiantes ditou o fim do projecto.
                Hoje, no novo espaço que lhe seria destinado (o qual, esclareça-se, está em funcionamento, desde há vários anos, com excelentes condições), realizam-se regularmente exposições e outras iniciativas, algumas delas ligadas ao Humor.

                   Isto é: a “ocupação” teve duração muito breve, e a ideia original acabou por esfumar-se, juntamente com os Parodiantes, entretanto também desaparecidos, excepto na recordação de muita gente que ainda se lembra deles – mas não guarda qualquer memória de uma “Casa do Humor “que não foi, mas podia ter sido, uma ideia cheia de Graça Com Todos

quinta-feira, 10 de novembro de 2016

O Cartoonista iraniano Emad Salehi, 1º Prémio na Bienal de Humor Luis d'Oliveira Guimarães - Espinhal - Penela 2016 esteve cá e visitou o Museu Bordalo Pinheiro em Lisboa

 Emad Salehi com o Director da Bienal Osvaldo macedo de sousa e com o Director do Museu João Alpuim Botelho




 Em conversa com a pintora Emilia Nadal na visita da exposição temporária de Paula Rego


No Museu Raphael Bordalo Pinheiro numa alusão ao tema da Bienal de Humor do Espinhal Penela - Do Mel ao Ferrão (O Director da Bienal Osvaldo Macedo de Sousa e o 1º Prémio Emad Salehi)

Crónica Rosário Breve Meio século de O Judeu por Daniel Abrunheiro


O Judeu de Bernardo Santareno foi publicado há 50 anos.
Obra-prima da literatura dramatúrgica portuguesa do século XX (e de todos os que vierem), é ponto cimeiro do extraordinário repertório teatral criado por António Martinho do Rosário, nome civil do dramaturgo nascido a 19 de Novembro de 1920 na scalabitana freguesia de Marvila.
O Judeu marca, também e ainda, a incursão de Santareno na dimensão épica do entrecho discursivo-dramático, monumento que alguns tolos (críticos de pacotilha, revolucionários de café) acharam “irrepresentável em palco”. (Talvez os engulhasse o parentesco brechtiano da viragem formal da escrita do Santareno pós-neo-realista.) Mas não só. A peça de Santareno tem por núcleo primacial a tragédia pessoal de António José da Silva (1705-1739), autor, como Santareno, de uma produção dramática incómoda (exasperante até) para o regime seu contemporâneo. As sátiras espirituosas deste cristão-novo (como As Guerras do Alecrim e da Manjerona) caíram mal, para dizer o mínimo, entre os intolerantes e fanáticos monstros da “Santa” Inquisição, que de muito mais não precisaram para o queimar em público auto-da-fé a 18 de Outubro de 1739.
Retratado & retratista (António ambos) irmanam-se na desventura trágica das respectivas existências terrenas. A António José da Silva corresponde Bernardo Santareno do paralelo modo como ao Santo Ofício dos séculos XVI a XIX corresponde a PIDE do século XX. A polícia política de Salazar não extinguiu fisicamente, é certo, Bernardo Santareno – mas tudo fez para lhe sufocar a Obra, a torrencial & primorosa obra teatral com que Santareno fustigou o despotismo ao tempo mesmo que exalçava a peremptoriedade da dignidade humana, essa dignidade que outra coisa não é, ou outro nome não tem, que isto & este: Liberdade (e da incondicional).
Em e a partir desse remo(r)to ano de 1966, O Judeu não pôde, naturalmente (aqui, o itálico não é de resignação fatalista mas de fatal acusação), ser levado à cena. Saiu em livro, para prontamente ser perseguido pelas feras cinzentas & analfabetas do salazarismo, que nessa década de 60/XX já estertorava de necrose. Todavia, um facto triste veio adensar a solidão vitalícia do grande escritor. (Faço aqui parágrafo para mais distintamente vos sublinhar a injustiça e a ingratidão dos factos:)
Não havendo, depois do 25 de Abril, qualquer razão (bem antes pelo contrário) para não representar O Judeu, as tricas & baldricas aparentemente fatais do milieu intelectual(óide…) português obstaram a que a magnífica peça tivesse palco & plateia antes da morte física de Bernardo Santareno. Com efeito, o grande dramaturgo, morrendo a 30 de Agosto de 1980, não assistiu já à estreia do seu opus-magnum, que ocorreu apenas e quase meio ano depois (a 20 de Fevereiro de 1981, no Teatro Nacional de D.ª Maria, com encenação de Rogério Paulo). Bem e acertadamente andou Luiz Francisco Rebello quando escreveu (in O Jornal de 5/9/1980):
Santareno não morreu na fogueira acesa pela Inquisição para suprimir o Judeu da sua obra-prima []mas consumiram-no as chamas de mil pequenos fogos ateados pela mesquinhez, pela intolerância, pelo ódio, até pela indiferença às vezes mais cruel ainda, que desde muito longe, desde Gil Vicente e mais atrás, têm sufocado a respiração do teatro português.
Consolemo-nos, digo eu, com a certeza de o gigante Santareno ter morrido na consciência muito íntima da sublime valia não só de O Judeu como de toda a sua Obra literária, a qual, resistindo à corrosão inapelável do Tempo, se iniciou em 1954 com A Morte na Raiz (poesia), permanecendo viva & actual para além da extinção corpórea do Homem/Artista que no-la deu.

Resta-nos demonstrar, como Público & como Povo, que somos merecedores de tão descomunal, tão alta, tão preciosa oferenda. Ou então que, não dela merecedores, ardamos a frio nessa labareda de gelo chamada esquecimento.

segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Na próxima 3a feira, dia 8 de Novembro às 19 horas, no Museu Bordalo Pinheiro

ARTISTAS DE CAUSAS é o tema da conversa sobre a exposição Diálogos Imaginados que coloca lado a lado as obras de Bordalo Pinheiro e Paula Rego, porque a defesa de causas e ideais é mais um tópico que une as obras destes dois artistas.

A conversa juntará Arlete Alves da Silva (que, com o seu marido Manuel Brito, foi uma das responsáveis pela divulgação da obra de Paula Rego em Portugal, através das exposições na Galeria 111 e mantém uma amizade forte com a artista) e Pedro Bebiano Braga (comissário da exposição e profundo conhecedor da obra de Bordalo).

Na próxima 3a feira, dia 8 de Novembro às 19 horas, no Museu Bordalo Pinheiro