Nunca acreditei que Lisboa fosse,
verdadeiramente, ‘capital’ de Portugal; antes pelo contrário. Foi por isso que,
há um quarto de século, sendo necessário um título para o primeiro livro de
recolha dos cartoons de ‘O Broncas’, optei por “Portugal, Capital de Lisboa”.
Felizmente, há evidentes sinais de
algum esvaziamento da tutela macrocefálica, ao mesmo tempo que o ‘Portugal
autêntico’ (ou devido a isso…) vai, paulatinamente, crescendo na afirmação da(s)
sua(s) identidade(s) e na(s) sua(s) capacidade(s) de afirmação; ainda é em
Lisboa que se cose (com ésse) e se cozinha (com zê) o Plano e Orçamento, ainda
é em Lisboa, no hemiciclo de S. Bento, que os deputados vão dormir a sesta (e
estou a tentar averiguar quais é que dormem mais… se os da capital, se os do
Portugal autêntico…) mas vou notando que, na grande metrópole lisboeta (que
engloba vários municípios envolventes da vetusta Olissipo), a tendência é para
o desmantelamento de iniciativas que versem as artes da Caricatura e/ou da
Banda desenhada. Porquê? (vou tentar averiguar); por serem actividades
comunicacionais de grande adesão popular mas, ao mesmo tempo, caracterizadas
pelo gene da irreverência? ou porque as respectivas organizações estavam a
custar muito dinheiro? (e também tentarei averiguar por que é que custavam
tanto). Não descarto a possibilidade de a verdadeira explicação radicar em
ambas as razões. E assinalo: o ‘World Press Cartoon’ arvorou bandeira, durante
bastantes anos, primeiro em Sintra e depois em Cascais; mas este ano já não se
realiza. O Salão Nacional de Caricatura, cujas realizações se haviam
consolidado em Oeiras, deixou de ter acolhimento naquele município e não teve
continuidade. O Centro Nacional de Banda Desenhada e Imagem, do quadro
municipal da Amadora, foi desmantelado; e o próprio festival de BD daquela
cidade perdeu a pujança que tinha e – pior – suprimiu a sua componente de
Caricatura.
Tudo se encaminha para que a Caricatura
e, de um modo geral, o Humor, regressem à Lousã dentro de poucos meses. Vamos
ver se para ganharem raízes, neste terreno que lhes tem sido propício.
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