quarta-feira, 11 de setembro de 2019

NA LOUSÃ: 15ª FESTA DA CARICATURA, 5ª INTERNACIONAL começa dia 14 de Setembro



A Festa da Caricatura da Lousã, que se realiza há três décadas e tem contado sempre com grande adesão do público, desta vez é integrada no programa de celebração dos 40 anos da Cooperativa Trevim, editora do quinzenário do mesmo nome. Uma organização Trervim. Coordenador Geral: Zé Oliveira. Coordenação de Exposições e actividades: Osvaldo Macedo de Sousa

Exposição 1
O programa, que arranca a 14 de Setembro, vai até 11 de Novembro e aposta na descentralização de actividades dentro do concelho. Assim, no próximo sábado dia 14, pelas 15:30, inaugura na própria sede da cooperativa, na Rua dos Combatentes nº 3, a primeira de sete exposições satíricas, intitulada “Trevim no Espelho do Humor”. É uma retrospectiva temática de cartoons de Zé Oliveira publicados no jornal Trevim, tendo sido seleccionados aqueles cujo enredo é protagonizado pelo próprio periódico e sua editora.  O mais antigo desenho exposto foi publicado há 34 anos. Visitável até 4 de Outubro, no horário de expediente.

Exposição 2
FESTA DO HUMOR EM FOZ DE AROUCE, COM EXPOSIÇÃO E CONVERSA
A primeira atitude de descentralização ocorre nesse mesmo dia 14, às 18:00, com a inauguração da exposição “Fhotochistesis”  - Fotografia Humorística, no Momo – Museu do Circo, instalado na antiga escola de Foz de Arouce. É um conjunto de trabalhos de Pepe Pelayo, um engenheiro cubano que trocou a sua formação técnica pelo desempenho humorístico em diversas vertentes, tendo também trocado a sua ilha pelo Chile, onde reside. Além de criativo no âmbito satírico, tem assinalável bibliografia no domínio da filosofia do Humor, cujo tema também pesquisa e estuda.
Este conjunto de imagens fotográficas inusitadas que Pepe Pelayo nos exibe, é o ponto de partida para uma tertúlia, aberta ao público, em torno do tema “Sorrindo com os Palhaços”. Além de Pepe Pelayo, que estará pessoalmente, também participarão do historiador da Caricatura Osvaldo de Sousa,  os Marimbondo enquanto anfitriões do Momo, Detlef Shaft e Eva Cabral enquanto animadores cénicos. Também vão estar na sala os cartoonistas Belisário, Carlos Sêco e Zé Oliveira, sendo expectável uma boa participação de residentes em Foz de Arouce, bem como de moradores na generalidade do concelho lousanense e limítrofes. A conversa vai ser animada, até porque se prevê de palavra molhada.

Exposição 3
HUMOR BEIRÃO VAI À ESCOLA
A Festa da Caricatura prossegue no dia 20, sexta-feira, na Escola Secundária da Lousã, onde se  veio para Portugal ainda criança. Presentemente é professor na Lousã e cartoonista no Trevim, de que já foi director (e regressou recentemente à função de director adjunto).
Admirador da obra de Hergé, é no traço dele que bebe as suas maiores influências gráficas. E possui uma das maiores colecções portuguesas do universo Tintim. A sua exposição pode ser visitada até 18 de Outubro.

Exposição 4
SORRINDO COM A PAZ, COM CARICATURA E TERTÚLIA
A exposição “Sorrindo com a Paz” é um vasto conjunto de trabalhos de cartoonistas internacionais que fazem, cada um há sua maneira,  uma reflexão acerca dos eternos e lamentáveis conflitos da humanidade, sejam eles os belicismos militares, a violência doméstica ou a litigância nas escolas.
 A exposição inaugura a 28 de Setembro, sábado pelas 18h, na Biblioteca Municipal da Lousã. E encerra a 15 de Outubro. Os trabalhos expostos são reunidos em catálogo que será apresentado em data a anunciar oportunamente, que coincidirá com uma tertúlia que conta com a participação do historiador Osvaldo de Sousa, especialista em assuntos de Humor, e um psicólogo cuja confirmação se aguarda. Logo que confirmada disponibilidade, anunciaremos a data. Essa tertúlia ajudará o público presente a compreender a importância de não esquecermos os episódios terríveis da história ou as lamentáveis agressões do dia-a-dia, recordando-os – por exemplo  através da caricatura, enquanto veículo de denúncia.

Exposição 5
A NOVA GERAÇÃO DO HUMOR ESPANHOL
Kap e Malagón, dois dos humoristas de maior visibilidade na imprensa do país vizinho, exibem os seus trabalhos no Museu Álvaro Viana de Lemos. A exposição inaugura no dia 4 de Outubro, Sexta-feira, às 21:30. E oferece aos visitantes o brinde extra de um sarau musical humorístico, pela banda Rumtátá, que ocorrerá no jardim do museu. Esta exposição termina a 31 de Outubro. Os cartoonistas estarão presentes.
Kap, nascido em 1974, é cartoonista do La Vanguardia, El Mundo Desportivo, etc., tendo dezenas de livros publicados, alguns deles de investigação  no âmbito do desenho de Humor, desugnadamente publicações e autores.
Malagón, nascido em 1972, é cartoonista de El País, El Mundo, Marca, El Jueves, etc. Antes de ser cartoonista e enquanto estudante, esteve integrado em equipas de organização de salões de Caricatura na sua cidade natal, Alcalá de Henares.

 Exposição 6
EXPOSIÇÃO DE BD ‘HOMEM NA LUA’, POR ONOFRE VARELA
O cinquentenário da chegada do Homem à Lua, acontecido recentemente, é narrado numa banda desenhada de Onofre Varela, que escreveu o guião e o desenhou. As pranchas podem ser vistas numa exposição que inaugura na sede do Trevim às 15:00 de dia 5 de Outubro, um sábado. Este trabalho foi recentemente editado em livro, que será apresentado na altura. O autor estará presente para autografar as obras. A exposição encerra a 11 de Novembro.

Exposição 7
HUMOR AQUOSO EM EXPOSIÇÃO DE RUA
Ampliados para 2 metros de altura, são um conjunto de cartoons que visam sensibilizar a população para a Importância da Água. Foram desenhados pelos participantes directos na Festa da Caricatura e serão apresentados na sessão de Caricatura ao Vivo, após o que passam a ser exibidos disseminadamente junto aos fontenários da Lousã  até 11 de Outubro.
CARICATURA AO VIVO A 5 DE OUTUBRO
Há três décadas que a Festa da Caricatura da Lousã (este ano na sua 15ª edição – 5ª Internacional) têm nas sessões de Caricatura ao Vivo a nota máxima de adesão do público. Desta vez ocorrem duas sessões, ambas na Alameda Carlos Reis, no dia 5 de Outubro, uma a partir das 17:30 e outra às 21:30. Ambas contam com animação ambiente pela Companhia Marimbondo, para reforço da boa disposição que decorrerá da actividade de onze artistas, portugueses e estrangeiros,   a desenharem presencialmente as caricaturas de quem se ponha a jeito. São eles: os portugueses Belisário, Carlos Sêco, Luís Costa, Mário Teixeira, Onofre Varela, Pedro Ribeiro Ferreira, Santiagu e Zé Oliveira; de Espanha: Kap e Malagón; da Argentina, Omar Perez.
O catálogo das exposições, de 120 páginas, será apresentado durante a sessão da tarde de Caricatura ao Vivo.
AULAS DE HUMOR NA SECUNDÁRIA
Uma novidade da Festa da Caricatura lousanense deste ano são as aulas de 50 minutos subordinadas ao tema Humor, dadas em várias turmas da Escola Secundária. São ministradas pelos caricaturistas da Festa, que vão desvendar, para os estudantes, alguns segredos de como produzir Humor Gráfico e como coloca-lo ao serviço da sociedade.
FESTA DA CARICATURA PASSA A BIENAL
Perante o êxito que a iniciativa tem granjeado ao longo de 3 décadas, a Direcção da Cooperativa Trevim, com o patrocínio do município lousanense, passa futuramente a dar carácter bienal à Festa da Caricatura.
          Lousã, 10 de Setembro de 2019

quinta-feira, 18 de julho de 2019

“Homem na Lua” de Onofre Varela no Museu de Imprensa do Porto inaugura dia 20 de Junho pelas 18h



A exposição das pranchas originais do livro de Banda Desenhada Homem na Lua, de Onofre Varela, contando a odisseia do Homem na conquista do espaço até à alunagem dos astronautas Neil Armstrong e Buzz Aldrin, na noite de 20 de Julho, com saída para o solo lunar na madrugada do dia 21 (faz agora 50 anos) vai ser inaugurada no próximo dia 20 (Sábado) no Museu Nacional de Imprensa do Porto (Estrada Marginal, Freixo, junto à marina) às 18 horas.
A exposição manter-se-à patente ao público, sete dias por semana, até 30 de Setembro. Nesse mesmo dia será lançado para os quiosques (pelos Diário Noticias e Jornal de Noticias) dos jornais o respectivo álbum

terça-feira, 18 de junho de 2019

Livros sobre Humor e caricatura com textos de Osvaldo Macedo de Sousa - CCXLII - Santiagu - Rasgos


Livros sobre Humor e caricatura com textos de Osvaldo Macedo de Sousa - CCXLI . Humor de Miranda - Do Mental ao metal



AS LISBOAS DE NUNO SARAIVA Desenhos Originais / Ilustrações Editoriais 19 JUN – 27 JUL - GALERIA SANTA MARIA MAIOR Rua Da Madalena, 147, 1100-232 Lisboa




CONVITE INAUGURAÇÃO
19 JUN, 18H

GALERIA SANTA MARIA MAIOR

Rua Da Madalena, 147, 1100-232 Lisboa


ENTRADA LIVRE
Exposição patente até 27 de Julho, no horário de segunda-feira a sábado, das 14h às 18h
Visitas guiadas pelo artista, sem marcação, Sábados 4, 6, 20 e 27 julho,das 14h às 18h

Junta de Freguesia de Santa Maria Maior (apoio), Edições Arranha-Céus (catálogo), Silvadesigners (cartaz/catálogo)

breve descritivo:
São as Festas e Troféus das Marchas para a Egeac, os cartazes de Arraiais, Rondas das tascas, guias ilustrados e concursos de fado para a Associação Renovar a Mouraria, os mapas ilustrados para a Universidade Nova de Lisboa/IELT, as inúmeras ilustrações com o apoio do Museu do Fado para o Museu de Santo António e outras tantas para o serviço educativo do Castelo S.Jorge, os desenhos para produtos como Ginja Lisboa ou Ginja sem Rival, as imagens para marcas de jogos como a Mebo Games ou a Nerd Monkeys, colaborações na editora Tugaland e nos jornais Público, Sol ou Time Out Lisboa, campanhas publicitárias como Lisboa na Boa e as aventuras em  t-shirts do Bairro do Tareco e em azulejos da City of All.
À volta de todas estas Lisboas, todos originais e seus desenhos preliminares expostos em velhas molduras, umas oferecidas por amigos, outras compradas na Feira da Ladra de Lisboa.
Ao todo, somando material impresso, objectos e originais, apresento aqui 250 Lisboas.
E muitas outras ficaram de fora, à espera de uma próxima exposição.
Nuno Saraiva
Ilustrador
nunosaraiva.org/
t: 919 620 371
fb
Trabalha no
The Lisbon Studio
r diogo do couto 1, 7E
1100-196 Lisboa
(a Sta. Apolónia)

sexta-feira, 22 de março de 2019

Livros sobre Humor e caricatura com textos de Osvaldo Macedo de Sousa - CCXXXV - Boa Viagem, Senhor Presidente! De Lisboa até à Guerra - 100 anos da primeira visita de Estado (Ed. Museu da Presidência da Republica) 2017


Livros sobre Humor e caricatura com textos de Osvaldo Macedo de Sousa - CCXXXIV - Cartunes pelo Ramal (Desenhos de Carlos Seco e Zé Oliveira) 2017


Exposição Pintografias de mms (Margarida Macedo de Sousa) na Cooperativa Trevim da Lousã a partir de 23 de Março (Inauguração pelas 15h)


COLÓQUIO José Vilhena: um humor fora de série Dia 23 de março de 2019 Salão Brazil-Coimbra


PROGRAMA
14.30h – PAINEL  I
             Luís Guimarães, In memoriam do José Vilhena
Inês Brasão, «Deixa-te de histórias e sê boa para mim.» As mulheres em José Vilhena
Moderador: António Pedro Pita (CEIS 20)
15.45h – INTERVALO
16.315h – PAINEL  II
             Álvaro Costa de Matos, A revolução no “Humorismo Maldito”: o caso da revista “A Gaiola Aberta”, de José Vilhena (1974-1975)
Osvaldo Macedo de Sousa, Vilhena e a Grotesca Sociedade Portuguesa
Moderador: António Rochette Cordeiro  (CEIS 20)

18.00h – Visita à exposição “CAPAS & CONTRA-CAPAS - desenhos dos livros de José Vilhena publicados antes de 1974”, na Casa Municipal da Cultura (a confirmar)

21.30h – Representação da peça “O Filho da mãe continua...por aí”, adaptação da trilogia do filho da mãe, de José Vilhena, adaptação e encenação de João Paulo Janicas, pela Bonifrates, no seu Teatro-estúdio da Casa Municipal da Cultura Coimbra

Organização: Bonifrates, Centro de Estudos Interdisciplinares do Século XX da Universidade de Coimbra – CEIS20 e Salão Brazil
Apoio da Câmara Municipal de Coimbra
Contacto para informações: cooperativabonifrates@gmail.com; 916615388

quinta-feira, 31 de janeiro de 2019

"Colecção Boneco Rebelde” de Sérgio Luiz / Guy Manuel numa edição do Museu de Leiria /Câmara Municipal de Leiria



Se a exposição Rebeldes: Sérgio Luiz / Guy Manuel já não esta patente no Museu de Leiria não podemos de deixar de destacar a extraordinária edição "Colecção Boneco Rebelde" realizada para este evento. Todas as pranchas de BD destes dois jovens autores (desaparecidos prematuramente em 1943 acabados de sair da puberdade e que para além de autores bedéfilos são os pioneiros da animação portuguesa) foram recuperadas por José Oliveira, numa edição editorial coordenada por Vânia Carvalho e José Oliveira. São 4 álbuns: “1 - Aventuras do Boneco rebelde”; “2 – O Livro Mágico”; “3 – O Boneco torna a sair do Frasco”; “4 – A Ilha Misteriosa” e um 5 volume como roteiro da exposição, que no caso editorial contextualiza a biografia e obra destes jovens artistas leirienses. A "Colecção Boneco Rebelde" é um extraordinário trabalho e sem duvida um marco na historiografia da BD e ilustração Portuguesa..

É uma edição da Câmara Municipal de Leiria / Museu de Leiria com uma tiragem pequena por isso quem estiver interessado deve contactar rapidamente o Museu de Leiria (museudeleiria@cm-leiria.pt) para os adquirir. 5 volumes numa caixa de design magnifico.
Uma recuperação e homenagem exemplar, que raramente encontramos nas autarquias, principalmente numa época em que a cultura, as artes gráficas tem cada vez menos apoios dos políticos, dos governos locais e centrais. Sei do que falo porque já trabalhei com mais de meia centena de autarquias, com uma média de 5 a 8 autarquias diferentes em cada ano e neste momento trabalho com uma casualmente
.

domingo, 27 de janeiro de 2019

ZÉ MANEL (José Manuel Domingues Alves Mendes) O TALENTO E A SENSUALIDADE por ANTÓNIO GOMES D'ALMEIDA


  Geralmente considerado um dos mais talentosos ilustradores portugueses, a sua arte manifestou-se sob várias facetas, desde as Capas e as Ilustrações de Livros à Banda Desenhada, aos Cartazes, ao Cartoon, à Caricatura e, até, ao Vitral. E será, provavelmente, essa dispersão por tantos meios de expressão da sua Arte que fez com que demorasse algum tempo, antes de ser tão conhecido do grande público, e de ter a projecção mediática que o seu enorme talento merece. Quando apareceu, mostrando a sua arte como ilustrador, o que mais atraía era a forma espectacular como desenhava belas garotas, cheias de charme e de sensualidade. E essa faceta nunca deixou de ser uma das imagens de marca deste excelentíssimo Desenhador.
            Peço licença para apresentá-lo na primeira pessoa do singular – porque o acompanhei, praticamente, desde o seu início, e porque verdadeiramente singular era já o talento do Zé Manel, quando apareceu, tinha então uns 17 anos, na redacção do semanário “Parada da Paródia”, que eu então dirigia (estávamos em 1961), levando consigo alguns desenhos, entre os quais uma ilustração que vinha mesmo a calhar para acompanhar o texto de um disco, acabado então de publicar, de uns apelidados “Jograis de Lisboa”. A ilustração e o texto do disco ajustavam-se perfeitamente.  Publicou-se esta primeira ilustração – e publicaram-se depois, nos números seguintes, muitos -- mesmo muitos! -- mais cartoons, ilustrações, bonecos diversos (sobretudo, “bonecas”…) que eram testemunhos muito expressivos de um talento fora do comum. Quisemos saber quem era aquele jovem talentoso. E assim fomos conhecendo mais aspectos da vida deste José Manuel Domingues Alves Mendes, que assinava Zé Manel, ou, mais simplesmente, ZM. Que tinha nascido em Lisboa, em Janeiro de 1944. Que fizera o curso de desenhador-litógrafo na mítica “António Arroio”. Que era filho de outro Artista, já desaparecido, que assinava “Meco” e trabalhara em várias revistas e jornais. Tinha visto a sua fotografia publicada no “Pim-Pam-Pum”, quando tinha 5 anos de idade. O “Século Ilustrado” mostrara alguns dos seus primeiros desenhos, aos seis anos, acompanhados de fotografia e reportagem biográfica. Em 1959, tinha publicado as primeiras anedotas em “Os Ridículos. Soubemos ainda que vivia, nesse tempo, com a mãe, na Rua Augusto Gil (onde continuou a viver, depois com a mulher e um dos seus dois filhos, pois a mãe já morreu há muitos anos, depois de ter perdido a vista na fase final da sua vida). Que era por causa de uns problemas visuais importantes -- coisa de família -- que ele usava óculos com lentes muito grossas (e continuou a usar, pois os problemas visuais seriam crónicos e hereditários)…
            E (pormenor pitoresco) que tinha uma verdadeira fobia, um quase terror, perante tudo o que se refere a… impostos!... Nada de ouvir falar de Finanças, declarações de rendimentos, taxas, IVA, IRS, sem ficar completamente transtornado!... Era mais forte do que ele. Por isso, quando combinava a verba que havia de receber por qualquer trabalho, a primeira coisa que fazia era puxar mentalmente da calculadora e avaliar quanto é que lhe ia ser descontado em impostos!... Sempre foi assim, desde muito moço – e assim continuou a ser, por mais que os amigos argumentassem, tranquilizando-o e dizendo-lhe que não valia a pena andar angustiado com tal assunto… Era irremediável: sofria mais com esse aspecto do seu trabalho do que com o trabalho propriamente dito, por mais difícil e complexo que este fosse…
Mas, pondo de lado esta espécie de mania e estes episódios, meio pitorescos, que o traumatizavam, o que é certo é que o seu trabalho é excelente – e mesmo, frequentemente, genial! Embora a sua popularidade se tenha firmado através, sobretudo, dos cartoons e das ilustrações ligeiras, de um Humor com certo cunho erótico, as ilustrações para livros (particularmente Livros Escolares) são, geralmente, de altíssima qualidade e podem ser comparadas com o que há de melhor, a nível mundial, nesse campo. Podemos, assim, destacar dois aspectos principais da sua Arte: aquele em que dá largas à imaginação e à voluptuosidade que transmite aos seus desenhos, sobretudo às figuras femininas – e a capacidade extraordinária para ilustrar obras tão importantes como uma “Seara de Vento”, de Manuel da Fonseca, ou “Os Maias”, de Eça de Queiroz, com estilos diferentes, mas a mesma Arte verdadeiramente genial.      
            A isto, há a juntar a arte do Vitral, que começou a praticar, muito novo, no ateliê de um tio, mestre dessa modalidade artística, e com o qual executou trabalhos verdadeiramente notáveis, para igrejas e para residências particulares.
            O Zé Manel, no seu período de vida militar, trabalhou muito para o “Jornal do Exército”, com páginas que – como se dizia então – serviam para elevar o moral das tropas destacadas para combater nas Colónias de África... E trabalhou depois com o autor deste texto, em, praticamente, todos os trabalhos gráficos que este fez, depois da “Parada da Paródia”. Assim, ilustrou uma apreciadíssima página de Humor, durante cerca de 20 anos (!), no “Magazine Regisconta”. Fez muitas capas e muitos bonecos para a “Bomba H” (1963 a 1978), para “A Chucha” (1975) e para “O Cágado” (1978).
            Mostrou amplamente a sua veia humorística na revista “Rádio & Televisão e em “O Emigrante. Ilustrou os livros “Manual da Má-Língua” (publicado antes do 25 de Abril, e devidamente apreendido pela Censura), e “Os Salazarentos”, que saiu em 1975, além dos 4 álbuns das “Histórias do Renato, um Menino muito Chato”.
            O livro “Como era antes de haver” saiu em 2008, foi adoptado pelo Plano Nacional de Leitura, e, no mesmo ano, ilustrou “Os Maias – Uma Análise ilustrada” e “História e Histórias de Santiago do Cacém” (que teria nova edição, com novas ilustrações, cinco anos depois). Finalmente, em 2013, as suas ilustrações para o livro “Manuel da Fonseca e a Sua Gente” foram muito elogiadas. Como se vê, um volume de trabalho notável, aqui apenas resumido, e todo ele com a habitual qualidade que se tornou sua imagem de marca.
            Não pode, todavia, deixar de destacar-se a verdadeira orgia gráfica que deixou espalhada pela obra “Macau a Tinta da China”, um livro verdadeiramente impressionante, com textos de Dinis de Abreu, encomendado pelo Governo de Macau, à época da transferência daquele território para a China. É um dos álbuns mais geniais na história da Ilustração Gráfica Portuguesa
            Na sua longa vida profissional, o Zé Manel colaborou numa imensa lista de jornais, revistas e outros tipos de publicações – como desenhador de Histórias em Quadradinhos, ou ilustrador de contos infantis – e numa enorme série de livros didáticos. Na verdade, a lista das suas realizações no campo gráfico é impressionante. Trabalhou longamente no “Diário de Notícias”, no “País” (aqui deixou uma notável série de 36 caricaturas de políticos, absolutamente extraordinárias), além do “Fungágá da Bicharada”, “O Brincalhão”, “Pisca-Pisca”, “Pão com Manteiga”, e muitíssimas outras publicações.,
Esteve presente em todos os Festivais Internacionais de Banda Desenhada da Amadora, tendo aí sido distinguido com o “Prémio de Honra”. Uma bela exposição dos seus trabalhos, sob o tema “Eros uma vez…o Humorista Zé Manel” deu origem a um catálogo (feito por Osvaldo Macedo de Sousa para o MouraBD) que é um repositório do aspecto mais sensual da sua obra.
Mas também outras publicações (cita-se apenas, como exemplo, “In Politiquices”, com cartoons e ilustrações sobre a Política nacional) mostram a versatilidade do seu talento.
            Está representado em inúmeras colecções particulares e também, por exemplo, no Museu Sammlung Karikaturen & Cartoon, de Basel, na Suíça.
Alguns dos seus projectos interessantes ficaram por realizar, muitas vezes por falta de coragem das Editoras – mas é curioso verificar como, nestes casos, o Zé Manel, ao saber da não-concretização de um projecto, tinha uma reacção típica: - Ainda bem, é menos um imposto que teria de pagar no ano que vem



sexta-feira, 18 de janeiro de 2019

“Prémio Reconhecimento (no âmbito do Humor)” outorgado a Osvaldo Macedo de Sousa pelo Jornal / Cooperativa TREVIM da Lousã



Quem diz que não necessita de reconhecimento pelo seu trabalho mente. Todos nós necessitamos de ser reconhecidos para nos manter motivados e para sentir que todo o nosso trabalho valeu a pena. Acabei de receber o troféu “Prémio Reconhecimento” no âmbito do Humor, o qual foi outorgado pelo Jornal / Cooperativa “Trevim” da Lousã, no âmbito das comemorações dos seus 50 anos.
Sim a Lousã é o concelho que mais tempo tenho colaborado. Desde 1988 até aos dias de hoje. Nessa data iniciei a parceria de levar todos os anos a exposição do Salão Nacional Humor de Imprensa (que esteve em Porto de Mós e depois passou para Oeiras até 2006). Depois coordenei exposições específicas para a Lousã, colaborei em Festas da Caricatura, textos para diversos livros, escrito artigos para o jornal, fui cocoordenador do Supl. Humorístico “Bronkit”.
Este é um Prémio institucional privado, não um reconhecimento institucional público pois nunca uma autarquia achou importante reconhecer o meu trabalho. Se trabalho no Concelho da Lousã há 30 anos, trabalhei para a Câmara Municipal de Vila Real durante 34 anos, para a Câmara da Amadora durante 20 anos, para a Câmara Municipal de Oeiras durante 15 anos, para a Câmara Municipal de Moura e de Penela durante 10 anos e para muitas outras autarquias. No total as exposições que tenho levado ás autarquias de todo o país já ultrapassam as 3 centenas de exposições. Tenho textos escritos em mais de duas centenas de livros, muitos deles com biografias inéditas, recompilações temáticas de âmbito humorístico, para além de múltiplos concursos onde tenho outorgado centenas de prémios aos artistas nacionais e estrangeiros.





Infelizmente não há reconhecimento politico e isso nota-se na falta de trabalho, já que tenho cada vez menos autarquias a quererem as minhas exposições de humor. Há cada vez menos autarquias (políticos) a gostarem do humor. Têm medo de ensinar a irreverencia como forma de educação e construção de um futuro melhor.




O meu trabalho tem sido reconhecido? Sim, pelo carinho dos artistas (em 2006 um grupo de artistas nacionais deu-me um “Óscar da Caricatura” como homenagem pelos 25 anos de produção cultural), pelos e.mails que recebo de artistas dos cinco continentes. Para além do “Prémio Reconhecimento” outorgado agora pelo Trevim, em 1998 o Festival de BD de Moura outorgou-me o Prémio “Balanito Especial” e em 1999 a cooperativa GICAV de Viseu outorgou-me o “Prémio Especial Anim’Arte 99”.
Obrigado Trevim, obrigado a todos os artistas que tem confiança no meu trabalho e me têm apoiado nas minhas iniciativas.