Uma boa
maneira de haver menos idiotas no mundo é não fazermos mais filhos às mulheres
deles. Digo-o eu, assim um bocadito co’s nervos. Mas só um bocadito: na minha
idade, é bem mais curial cansar-me galgando escadas do que dando fôlego à
globalizada imbecilidade que pelo mundo campeia e ao mundo infesta.
Ah, tivera
eu hoje menos uns vint’anitos no couro que decerto me indignara mais & com
mais férrea força ante tanta incomunicação-dita-social do jornaleirismo-croquete em voga. Sabeis? A gula dos mirones ante as sessões de porrada
Carrilho-Bárbara. A gosma dos voyeurs
perante as neonamoradas do Futebol Pinto da Costa & do Sporting Carvalho do
Bruno. O frisson do galinhedo
paraliterário cacarejando o-Dylan-merece-o-Nobel-porque-sim-sim-senhores
e/ou por-causa-disso-é-que-o-Leonard-Cohen-morreu-de-desgosto
e/ou/ainda com-a-azia-o-Lob’Antunes-já-deve-andar-a-sonhar-com-pelo-menos-um-Grammy-para-o-ano-que-vem.
E depois,
aquela farruscada toda da questão dos taxistas (de Lx., note-se) co’ a Uber
& a Cabify, a qual só me desperta uma ilação de pronto & evidentíssimo
teor homofóbicoiso e que é a seguinte: nunca é de confiar num gajo que nos
deixa ir atrás. Ou então aquela que mete meninas: o Instituto Nacional de (ment’)Estatística
revela que em Lisboa existem 189 meninas virgens por cada taxista sério – mas
só há prova confirmada de 188.
Mais: a
clara & flagrante certeza de as praxes estarem para a dignidade académica
como o Relvas para a mesma. Isto por causa de uma equivalência que me parece clara como aquilo à volta da gema do
ovo: se o analfabetismo funcional fizesse ondas, o ensino-dito-superior
português seria um tsunami de
alto-lá-co’-baile-e-pára-o-charuto.
E a
carneirada das selfies? Não V. faz
impressão, nas tragicomediantes redes-alegadamente-sociais, aquela malta toda
só com um braço? O problema de tanta clonestupidez
é afinal napoleónico: por causa do seguidismo, vai tudo para (o) maneta.
E a rábula
do declara-não-declaro-nada-o-património
dos indigitados (tu)barões daquela Caixa que dizem ser nossa? Ide por mim:
fornicar os ricos não é sexo – é amor.
Ainda há
pouco, era voz-corrente esta barbaridade acéfala: “Taxar os gajos de 500 mil euros p’ra cima é matar o investimento.”
Ai é? Ai é? E fomentar o desemprego é o quê, ó cáfila de cornúpetos
descalcificados?
Cá p’ra
mim, a pessoa deixa de ser criança quando cessa de acreditar no Pai Natal. E
volta a sê-lo quando começa a acreditar no Sócras.
Foi como com aquilo das entrevistas do juiz Carlos Alexandre – só achei mal ele
ter escolhido a SIC e o Expresso. Sim, mal: então duas vezes o
exclusivo para o PSD-à-la-Balsemão
porquê? Não há mais papagaios nas outras gamelas partidário-jornaleiras? Há.
Então, quid juris?
Ai,
estranha és, ó Madre-Língua-Portuguesa minha. Estranha mas bela. Bela mas
estranha. Quando decides elogiar alguém, dizes: “Não há pai para fulano.” Ou seja, valorizas o fidapu. Há mas é que não confundir o burkini raso com o Burkina Faso. E saber que a frieira rebenta a pele por vir da geada islâmica. E topar de antemão que a
melhor maneira de abrir buracos num green
novo é praticar o golf pérsico. O
Deus de cá sabe que eu nisto tenho toda a razão, o (a)lá deles é que não.
Quanto a mim, só sei que a fé & a ignorância são unha-com-carne vezes demais.
E que não é solução roer as unhas até fazer carne-viva.
E agora que
a UE já não é só p’ra-inglês-ver? Agora que a UE já não é só p’ra-inglês-ver, retenhamos
do brexit ao menos uma coisa boa,
muito boa, pelo menos uma: são maiores as hipóteses de vermos menos por cá os
execráveis McCann, esse inenarrável par-de-jarras que fez carreira vitalícia do
abandono de três filhos menoríssimos para ir prá comezaina.
Ó pessoal,
por favor atenção: apesar de todo o desarrazoado supra, sou muito menos
esquisito do que o mundo em geral & do que a TV-por-cabo em particular.
Ainda agora. Olhai-m’esta: acabo de ver uma série com cenas de vampiras
lésbicas. Sim. Vampiras. Lésbicas. Coitadas! Devem namorar uma só vez por mês.
(Como eu aqui em casa, aliás, num mês bom.) Ai, saudades do tempo da ditadura
da RTP-única….Em casa de meus saudosos Pais, certa vez. Certa vez, em casa de
meus saudosos Pais, o som do televisor pifou-se. A imagem, na mesma. Mas o som,
népias. Eu era então tão moço, que cri com esperança naquilo resolver-se por si
só. Continuei a ver. Nisto, aparecem as Doce.
Lembrai-vos das Doce? Sem som embora,
gostei muito de vê-las cantar. Idade feliz, essa minha. Não é como a idade de
Deus. Deus perdoa, a idade não.
Nem eu.
Sem comentários:
Enviar um comentário