sábado, 29 de novembro de 2014
sexta-feira, 28 de novembro de 2014
O canto alentejano é património da Humanidade
O canto alentejano, ou simplesmente cante, foi hoje reconhecido pela UNESCO como Património Cultural Imaterial da Humanidade. Motivo de regozijo para as pessoas, com o antropólogo Paulo Lima à cabeça, que organizaram o processo de candidatura e o apresentaram àquela agência da ONU, sediada em Paris. Motivo de júbilo e de orgulho também para Portugal ao ver uma das suas expressões musicais mais genuínas receber tão prestigiosa distinção.
E como tem ido a divulgação do canto alentejano na rádio portuguesa? Nas privadas de âmbito nacional nada existe e na estação pública vejo apenas a rubrica "Cantos da Casa", de Armando Carvalhêda, que de vez em quando dá a ouvir cinco modas durante uma semana (uma por dia). É claramente insuficiente e com a agravante de a transmissão ser em horários em que a maioria das pessoas está a dormir (05:55) ou a trabalhar (14:55), logo sem a disponibilidade mental e a atenção que o cante requer. A culpa do miserabilismo da rádio estatal no que ao cante diz respeito não pode, evidentemente, ser assacada a Armando Carvalhêda, pois o seu exíguo apontamento tem de abranger toda a música tradicional portuguesa e os horários de transmissão não são sua responsabilidade. As contas têm de ser pedidas a Rui Pêgo (director de programas) e a António Luís Marinho (director-geral de conteúdos) pelo desprezo e marginalização a que têm votado a música popular portuguesa (a tradicional e a de autor naquela inspirada). A este propósito, convém lembrar que foram eles mesmos que, de forma prepotente e afrontosa, decidiram suprimir da grelha da Antena 1 o programa que, desde que começou no dealbar dos anos 80, sempre acarinhou o cante. E não só o cante – também as outras modalidades da tradição oral alentejana: as modas acompanhadas à viola campaniça, o canto ao despique conhecido como "baldão" e as saias do Alto Alentejo, sem esquecer a poesia dita. Referimo-nos, como era fácil de intuir, ao maravilhoso "Lugar ao Sul", de Mestre Rafael Correia. Veículo de divulgação da cultura tradicional portuguesa, de todo o território continental e insular, se bem que com maior incidência no Algarve e na grande planície transtagana, o vasto arquivo do "Lugar ao Sul" constitui ele mesmo um inestimável património da nossa memória popular que importa resgatar às teias de aranha para a luz do éter (cf. É preciso resgatar a memória do "Lugar ao Sul").
À laia de ilustração do cante (porque mais importante do que discorrer sobre dele é ouvi-lo), aqui se apresenta a moda "Alentejo, Alentejo", pelo Grupo Coral e Etnográfico da Casa do Povo de Serpa. A letra principia com a célebre quadra da terra («Eu sou devedor à terra, / A terra me está devendo; / A terra paga-me em vida, / Eu pago à terra em morrendo.»), que esteve em destaque em, pelo menos, uma emissão do "Lugar ao Sul". Foi aí, aliás, que o escrevente destas linhas tomou contacto com ela e lhe ficou indelevelmente gravada na mente.
Nesta gravação, a força que emana das vozes em uníssono – um uníssono vibrante e arrebatador – é tal que nos põe em pele de galinha e nos deixa os olhos marejados. Um portento! O cante da margem esquerda no seu máximo esplendor!
Fica, desde já, manifestada a intenção de voltarmos ao canto alentejano para o celebrar mais amplamente e, desse modo, rendermos a devida homenagem a uma boa plêiade de grupos corais (masculinos, femininos e mistos).
Alentejo, Alentejo
Letra e música: Popular
Intérprete: Grupo Coral e Etnográfico da Casa do Povo de Serpa* (in CD "Serpa de Guadalupe", Grupo Coral e Etnográfico da Casa do Povo de Serpa, 2000)
Eu sou devedor à terra,
A terra me está devendo;
A terra paga-me em vida,
Eu pago à terra em morrendo.
Alentejo, Alentejo,
Terra sagrada do pão!
Hei-de ir ao Alentejo,
Mesmo que seja no Verão,
Ver o doirado do trigo
Na imensa solidão.
Alentejo, Alentejo,
Terra sagrada do pão!
* Grupo Coral e Etnográfico da Casa do Povo de Serpa:
Carlos Carrasco, Carlos Paraíba, Domingos Rijo, Francisco Torrão, João Manuel, João Neca, Luís Ferreira, Luís Neves, Mário Apolinário, Vicente Cachopo, José Gonçalves, Manuel Mamede, António Gato, Carlos Fava, José da Graça, João Martins, António Lourenço, António Evaristo, José António, José Filipe, José Maria, Matias Galego, Domingos Camões, Hélder Ferreira, Leonel Patrício
Direcção – Francisco Torrão
Gravado na Casa do Povo de Serpa, a 27 de Fevereiro de 2000
Técnico de som – Rui Guerreiro (MG Estúdio), assistido por Luís Melgueira
Misturado no MG Estúdio, Beja
URL: http://www.cm-serpa.pt/ artigos.asp?id=1146
http://www.luardameianoite.pt/ bd/cd/info/info28.html
O canto alentejano, ou simplesmente cante, foi hoje reconhecido pela UNESCO como Património Cultural Imaterial da Humanidade. Motivo de regozijo para as pessoas, com o antropólogo Paulo Lima à cabeça, que organizaram o processo de candidatura e o apresentaram àquela agência da ONU, sediada em Paris. Motivo de júbilo e de orgulho também para Portugal ao ver uma das suas expressões musicais mais genuínas receber tão prestigiosa distinção.
E como tem ido a divulgação do canto alentejano na rádio portuguesa? Nas privadas de âmbito nacional nada existe e na estação pública vejo apenas a rubrica "Cantos da Casa", de Armando Carvalhêda, que de vez em quando dá a ouvir cinco modas durante uma semana (uma por dia). É claramente insuficiente e com a agravante de a transmissão ser em horários em que a maioria das pessoas está a dormir (05:55) ou a trabalhar (14:55), logo sem a disponibilidade mental e a atenção que o cante requer. A culpa do miserabilismo da rádio estatal no que ao cante diz respeito não pode, evidentemente, ser assacada a Armando Carvalhêda, pois o seu exíguo apontamento tem de abranger toda a música tradicional portuguesa e os horários de transmissão não são sua responsabilidade. As contas têm de ser pedidas a Rui Pêgo (director de programas) e a António Luís Marinho (director-geral de conteúdos) pelo desprezo e marginalização a que têm votado a música popular portuguesa (a tradicional e a de autor naquela inspirada). A este propósito, convém lembrar que foram eles mesmos que, de forma prepotente e afrontosa, decidiram suprimir da grelha da Antena 1 o programa que, desde que começou no dealbar dos anos 80, sempre acarinhou o cante. E não só o cante – também as outras modalidades da tradição oral alentejana: as modas acompanhadas à viola campaniça, o canto ao despique conhecido como "baldão" e as saias do Alto Alentejo, sem esquecer a poesia dita. Referimo-nos, como era fácil de intuir, ao maravilhoso "Lugar ao Sul", de Mestre Rafael Correia. Veículo de divulgação da cultura tradicional portuguesa, de todo o território continental e insular, se bem que com maior incidência no Algarve e na grande planície transtagana, o vasto arquivo do "Lugar ao Sul" constitui ele mesmo um inestimável património da nossa memória popular que importa resgatar às teias de aranha para a luz do éter (cf. É preciso resgatar a memória do "Lugar ao Sul").
À laia de ilustração do cante (porque mais importante do que discorrer sobre dele é ouvi-lo), aqui se apresenta a moda "Alentejo, Alentejo", pelo Grupo Coral e Etnográfico da Casa do Povo de Serpa. A letra principia com a célebre quadra da terra («Eu sou devedor à terra, / A terra me está devendo; / A terra paga-me em vida, / Eu pago à terra em morrendo.»), que esteve em destaque em, pelo menos, uma emissão do "Lugar ao Sul". Foi aí, aliás, que o escrevente destas linhas tomou contacto com ela e lhe ficou indelevelmente gravada na mente.
Nesta gravação, a força que emana das vozes em uníssono – um uníssono vibrante e arrebatador – é tal que nos põe em pele de galinha e nos deixa os olhos marejados. Um portento! O cante da margem esquerda no seu máximo esplendor!
Fica, desde já, manifestada a intenção de voltarmos ao canto alentejano para o celebrar mais amplamente e, desse modo, rendermos a devida homenagem a uma boa plêiade de grupos corais (masculinos, femininos e mistos).
Alentejo, Alentejo
Letra e música: Popular
Intérprete: Grupo Coral e Etnográfico da Casa do Povo de Serpa* (in CD "Serpa de Guadalupe", Grupo Coral e Etnográfico da Casa do Povo de Serpa, 2000)
Eu sou devedor à terra,
A terra me está devendo;
A terra paga-me em vida,
Eu pago à terra em morrendo.
Alentejo, Alentejo,
Terra sagrada do pão!
Hei-de ir ao Alentejo,
Mesmo que seja no Verão,
Ver o doirado do trigo
Na imensa solidão.
Alentejo, Alentejo,
Terra sagrada do pão!
* Grupo Coral e Etnográfico da Casa do Povo de Serpa:
Carlos Carrasco, Carlos Paraíba, Domingos Rijo, Francisco Torrão, João Manuel, João Neca, Luís Ferreira, Luís Neves, Mário Apolinário, Vicente Cachopo, José Gonçalves, Manuel Mamede, António Gato, Carlos Fava, José da Graça, João Martins, António Lourenço, António Evaristo, José António, José Filipe, José Maria, Matias Galego, Domingos Camões, Hélder Ferreira, Leonel Patrício
Direcção – Francisco Torrão
Gravado na Casa do Povo de Serpa, a 27 de Fevereiro de 2000
Técnico de som – Rui Guerreiro (MG Estúdio), assistido por Luís Melgueira
Misturado no MG Estúdio, Beja
URL: http://www.cm-serpa.pt/
http://www.luardameianoite.pt/
quarta-feira, 26 de novembro de 2014
Rosário Breve - Aquilo da gralha no livro da Eduarda Maio por Daniel Abrunheiro
A
derradeira terça-feira do corrente Novembro amanheceu mais respirável. É talvez
da barrela da chuva recente – ou será das notícias, que nem sempre são más ou
reles?
O
senhor Custódio parece mais ligeiro, dançarinos quási seus passos rumo à
alfaiataria que de seu bisavô vem já. Nem o bisavô Custódio alguma vez facturou
um milímetro de fazenda a mais, nem jamais o Custódio bisneto branqueou lã da
Covilhã sem ser a giz macio.
A
ti’ Pureza (que arrenda quartos mas o declara às Finanças) também apresenta
hoje certa renovada seda-rosa na carita miúda e portuguesa. O sonho dela sempre
foi estabelecer-se como porteira de prédio de luxo em Paris – mas Paris é chão
de que roubaram as uvas.
O
Raul Faquir Arrumador, que mama malvasias de manhãzinha como um campeão do
santo-cálice (dizem uns que por desgosto de amor, outros que não, que nada
disso, que é por amor & gosto à malvasia ponto-final), madrugou hoje de
meia-de-leite & torrada-margarina nos queixos.
Os
pintores por conta do Rafael das Obras desunham-se pró-terminação
hoje-ainda-o-mais-tardar-ontem da empena principal da Junta de Freguesia, que
há meses andam naquilo sem retoques finais à vista. E o Rafael desconta como
deve ser para a Caixa deles e ajuda-os no IRS de cada temporada.
O
tudólogo do bairro, por apodo
certeiro Chico Corno, que mais fala quão menos sabe, à semelhança das comadres comentadeiras da trubisão, garante a quem o quer ouvir que “aquilo em Évora ainda é do melhorzinho p’ra preventivas
cinco-estrelas, muita sorte teve ’inda o gajo de não ir para ao pé dos
pedófilos e dos romenos”.
Por
ser terça-feira de liga-dos-campeões,
o Esteves Barbeiro só quer mas é que o seu/dele Sporting não acabe empatado
como o Bloco de Esguelha. Corte por
corte, à política e à ladroagem não liga pêva.
A
Clotilde Viúva, que leva as cartas do tarot
para o ioga na inquebrantável fé do monitor de reiki, é que está danada consigo mesma por não ter sido capaz de
adivinhar o descalabro da preventiva do Coiso, ela que tanto se fiava nas
procuradorias-gerais do laissez-faire-laissez-passer
tão ao gosto dos apologistas do se-não-fosse-este-era-outro-qualquer-como-o-que-vem-a-seguir.
E
eu, que gosto mais de biografias alheias do que da minha própria vida, eu
unto-me de gozo por ter dito desde o primeiro dia que aquilo no título da
Eduarda Maio era gralha grossa, que o correcto seria, e é, O Menino do Ouro, não de.
Entrementes,
à flor viva do Rio, os patos gargalham mais alto – parece-me cá a mim que sim.
A esquadrilha pombal, que sempre preferiu a migalha certa de cada dia ao
improvável mi(ga)lhão da candonga peculata,
ronda-me as botas à cata do honesto arroz-trincado e do honroso milho-partido
com que há tantos anos celebro das aves a filosofia do sustento-de-cada-dia.
O
único senão para todos nós aqui do Bairro 10 de Junho é não se ter ainda ouvido
falar, pelo menos até ao meio-dia não, de submarinos.
Ó felicidade passageira – és uma doca-seca.
Sentencioso,
teixeiradepascoaesmente, o nosso decano, ti’ Abílio Cuco, a meio da taça de
cevada é desta concisão lapidar:
–
Ninguém que trabalhe tem tempo para
juntar 25 milhões. Que trabalhe.
Honestamente. Ninguém.
Évora,
pois. Para já e por enquanto. Ou por encanto, Eduarda
terça-feira, 25 de novembro de 2014
Vejam onde vai decorrer o próximo workshop de 6 de Dezembro!
4 minutos e 40 segundos do vosso tempo para verem imagens do Museu Geológico de Lisboa onde decorreu esta curiosa entrevista (também com imagens) a cargo do Luís Frasco (a quem volto a agradecer) e onde iremos desenhar no workshop do próximo sábado 6 de Dezembro:http://vimeo.com/98061139
As inscrições continuam abertas e ainda existem vagas disponíveis.
Cmps
Richard Câmara
Tertúlia QUEM CONTA AS HISTÓRIAS DA NOSSA COMIDA? por Alexandra Prado Coelho | Museu Bordalo Pinheiro | 26 de novembro às 19h
A próxima tertúlia Humor, Desenho e Gastronomia,vai ser já na 4.a feira com a Alexandra Prado Coelho a falar sobre "Quem conta as Histórias da nossa comida?"
É mais um motivo para ver a exposição Bordalo à Mesa.
Lançamento do Álbum Menezes Ferreira Capitão de Artes de Osvaldo Macedo de Sousa no Museu Bordalo Pinheiro no dia 23 de Novembro de 2014
João Alpuim Botelho (Director do Museu Rafael Bordalo Pinheiro de Lisboa) a falar, atrás o Comissário da exposição e autor dos textos Osvaldo Macedo de Sousa, Álvaro Matos da Câmara Municipal de Lisboa, João Maria Menezes Ferreira (Neto do artista) e Jorge Silva designer do álbum
Os responsaveis: Jorge Silva (deisgn), João Maria Menezes Ferreira (neto), Osvaldo Macedo de Sousa (autor), João Pitschiler (neto do artista), João Alpuim Botelho (Director do Museu), Vasco Pitschiler (neto do artista)
sábado, 22 de novembro de 2014
Ciclo de Tertúlias Humor, Desenho e Gastronomia - No âmbito da exposição Bordalo à Mesa
Entrada Gratuita
Galeria do Museu Bordalo Pinheiro
Campo Grande, 382 - Lisboa
O Museu Bordalo Pinheiro apresenta o Ciclo de Tertúlias
Humor, Desenho e Gastronomia, no âmbito da exposição Bordalo à Mesa,
comissariado por Eduardo Salavisa e Rita Pires dos Santos. Teremos a
participação de diversos convidados ligados à ilustração, jornalismo, desenho,
entre outros, promovendo o diálogo em torno do humor, desenho e da gastronomia,
conforme o seguinte programa:
26 de novembro às 19h, quarta-feira
Quem conta as histórias da nossa comida?
Alexandra Prado Coelho (Jornalista)
3 de dezembro às 19h, quarta-feira
Uma viagem desenhada pela América Latina
Eduardo Salavisa (Aquele que desenha)
10 de dezembro às 19h, quarta-feira
Risotto ma non troppo
Augusto Cid e Mónica Cid (Ilustradores)
A exposição BORDALO À MESA incide na obra multifacetada de
Rafael Bordalo Pinheiro, espelhando o seu gosto por estar à mesa e apreciar a
boa gastronomia. Mas também regista a dieta alimentar, a culinária, os espaços
de consumo e a etiqueta à mesa, do último quartel de Oitocentos.
No desenho, pintura e cerâmica de Rafael Bordalo, estão
representados os alimentos e as bebidas que se compravam, do tradicional mercado
de rua até aos armazéns de víveres. O artista concebeu rótulos, embalagens e,
sobretudo, anúncios que publicava nos seus jornais. Registou hábitos alfacinhas
de “ida às hortas” provar petiscos e, também, à mesa do café ou do restaurante
de chef, homenageando João da Mata. Não esqueceu os espaços domésticos,
a cozinha e o seu fogareiro, ou a mesa da casa de jantar.
A gastronomia serviu para inúmeras metáforas de crítica
política. Expressões como “castanha da boa”, “caldo entornado”, “desaguisado”,
“escamado” são reforçadas pelo desenho, resultando num humor hilariante. Caso à
parte é o prato de “carneiro com batatas”, apontando estratégias eleitorais. A
metáfora social está na denúncia dos excessos alimentares, em particular do
bêbado, ou é sintetizada nos figurinos para teatro, paradigmaticamente no
efeminado “pêssego” e na cocotte “ceia”.
Dos banquetes de homenagem não só deu notícia, como os
decorou e compôs graficamente menus, caricaturando afetuosamente os convivas e
autorrepresentando-se, entre objetos sobredimensionados da culinária e da mesa,
suscitando o humor.
Galeria do
Museu Bordalo Pinheiro - Campo Grande, 382, Lisboa | Tel. 21 817 06 71
|museu.bordalopinheiro@cm-lisboa.pt
Convite Moscado
Escusandes de bir já a correr, que os carapaus não chegam pra todos, que
o mar tá ruim.
Mas
haberá libros , moscas e uns copos de 3.
E acim
não pudeis alagar ingnuramcia!...
quinta-feira, 20 de novembro de 2014
Workshop Diários Gráficos no Museu Geológico de Lx
C
ontinuam a decorrer as INSCRIÇÕES para o workshop em epígrafe. Relembro que as vagas são limitadas.
ontinuam a decorrer as INSCRIÇÕES para o workshop em epígrafe. Relembro que as vagas são limitadas.
Crónica Rosário Breve - Da iníqua alegria e coiso por Daniel Abrunheiro
No cubículo envidraçado a plástico
que a gelataria berma-fluvial reserva aos fumadores, a uma luz-néon toda tela
de Hopper, o rapaz cego lambe o seu cone de baunilha com uma bola de chocolate
e outra de limão. A seus pés, o cão labrador que o guia, animal de negro cabelo
lustral e muito limpo, carvão brilhante na cegueira de tanto néon. Mestre
cicerone de seu amo, espera aos pés dele sem um monossílabo sequer, dando a
ideia de poder fazê-lo para o resto da vida, isso de esperar por ele, sempre
por ele e só por ele, mesmo que o cone de gelado venha a revelar-se, como a
cegueira, infinito.
Eu sou o outro tripulante de tal
nave. É pelo entardenoitecer. Já soprei o férvido abatanado, já queimei na boca
um par de cigarros dos de enrolar, já me apeteceu ir de vez para a Noruega –
mas fico mais um bocado. O que entretanto faço, é lapijar cifras para a crónica
da semana. Coisas assim:
Antigamente,
ao cabo do curso davam-nos o diploma, hoje dão-nos o passaporte;
Isto
é um país de patetas que se julga de poetas;
Para
que o raso aprisco suba a zimbório, há que ter locanda trepadora;
Dar
um salto alto não é o mesmo que andar de salto-alto;
ABC
– Angolanos-Brasileiros-Chineses: o Colonialismo Contra-Ataca;
Quem
te visa, teu goldinimigo é;
Anábase
da legionella político-financeira: ébola do regime;
Esquizofrenia
geral dos colarinhos-brancos: o espírito santo a dar cabo do pai e do filho;
Em alemão, ‘Coelho’
diz-se e escreve-se ‘Kaninchen’: está tudo explicado;
Podridão:
o meu País é Podregal;
Potamónimos
da minha vida: Mondego, Ceira, Tejo, Vouga, Pavia, Lis, Vala do Norte;
Educação,
Saúde, Justiça: três tiros no porta-aviões;
Impressionante,
o que por aí vai de mortes agrícolas por causa da tractorose;
Demissão
do ministro: mais vale sair uma tarde do que ficar o Macedo;
Esquisito,
aquilo em Santarém: portuguesíssimos cidadãos e cidadãs normais que, correndo à
noite por saúde, divertimento e convívio, se tornam ingleses de repente:
midnight runners ou coiso;
Rapaz
cego com cone de baunilha, labrador bonito a seus pés.
Nisto estou – e a crónica por
fazer. No mesmo caderno, reencontro-me com uma citação tão mais perturbadora
quão mais acertada: “"O futuro onde
estamos tem a iníqua alegria dos sacanas.” (Rui Nunes o dixit, in Uma Viagem no Outono). Pois tem, senhor Rui. E a inócua tristeza
dos acéfalos também. O autismo eufórico deles sacanas é mortífero. A gente vive
por aqui um genocídio daqueles tipo devagarinho, género tristeza-pegada.
Lapijo ainda, ainda assim, um
exórdio de diálogo cénico tipo ’tás-doidinho-ou-quê:
–
Olá, sou o Virgílio das Éclogas & Bucólicas.
–
Ora viva, sou o Fonseca dos Midnight Runners & Coiso.
Estou feito ao bife com sabor a petinga.
Custam-me muito, os dias que não são terça-feira – porque é às terças que
componho a crónica das quintas, por a terça ser o dia em que a minha vida faz
algum sentido, uma vez por semana ao/ou menos. A jornada herdeira da
segunda-feira torna-me benevolente e perdoável a ilusão de ser útil. Os outros
dias encorpam o diabo do ócio involuntário, isso a que os sensatos chamam desemprego e a que o Passos Kaninchen chama oportunidade.
É como se o horror vácuo dos domingos durasse seis dias de enfiada. Hei-de eu
ainda, nesta vida que não há outra, lograr escrever como o meu Pai pintava e
como a minha Mãe povoava a Casa? Não sei.
Sei tão-só que a metáfora de remate me esperava,
fácil e justa, desde início: que por este morredouro de poe(pate)tas o mais é
cegueira, o mais é ainda gelarmos de tanta espera, Mister Hopper.
sexta-feira, 14 de novembro de 2014
Workshop de desenho, de uma semana, em Marrocos.
Workshop de desenho, de
uma semana, em Marrocos.
O mínimo de pessoas para
que esta viajem seja possível é 10.
Está combinado com o
Turismo de Marrocos uma exposição com o resultado (desenhos) desta aventura.
Há a possibilidade real
da edição de um livro com o resultado desta expedição.
Para mais informações
consultem:
http://www.takinguthere.com/pt-pt/package/descobrir-marrocos-desenhando-diário-gráfico-de-viagem
Pedro RF
Arco da Velha :: Design
Rua Joaquim António Aguiar, 41 – 5º Dto
1070-150 Lisboa
T 21 342 85 13
www.arcodavelha.pt
sábado, 8 de novembro de 2014
Crónica Rosário Breve - Só meia boca esta semana por Daniel Abrunheiro
As chuvas regressam no dia em que
dois dos meus últimos dentes naturais se avariam – parece-me que sem outro
remédio que o de expor-lhes ao sol as raízes. Metade da boca fecha-se-me em si
mesma, concentrada toda no intuito de não assanhar mais ainda aqueles dois
focos de dor latente. A outra metade faz pela vida: por ela ingiro, por ela
profiro, por ela não tanto me firo.
Enquanto isto, a bátega pluvial
faz-se harpa no mundo visto desde o terceiro-andar do convalescente. O vento
ajuda à festa do alumínio, vergando a cerviz dos choupos, tremulando a labareda
dos cedros e descascando a sarna aos plátanos. Os carros patinham nos lagos
instantâneos das rotundas. Como dedadas, as folhas mortas digitam os terreiros,
juncam os pátios, acolchoam os bancos desertados pelos velhos. Os gradeamentos
rangem aquele reumatismo tão próprio do metal exposto ao público. É tudo de uma
beleza soturna: e menos soturna e mais bela seria, caso eu pudesse acudir-lhe
com a boca toda.
Procedo portanto por estes dias ao
mesmo a que procede o meu País: de traseiro sentad’oxidado, espero melhores
dias. O televisor arde de manhã à noite como uma lareira fria. Por ele
perpassam as mentiras eufóricas de Wall Street, as (ameri)canalhices do
costume: os derivados, os lixos tóxicos, a Crise – e as suas marionetas do lado de cá do mar: a platinada
Lagarde do FMI, o peixe-balão menos durão do que barrosão, o escol de bruxas
& bruxelas que, sob a mentira nada pia da Democracia, fossam a ditadura de facto da miséria obrigatória, a
começar pela moral e a acabar na dos vãos de lojas fechadas sob cartões
frigoríficos.
Aproveito uma nesga de sol para me
fazer à rua. Deixo amornar a bica, sorvo-a por meia beiça. Fumo pelo lado da boca
como os pescadores dos postais ilustrados. Leio metade do jornal, presto metade
da atenção à eterna repetição do mundo em diferido perpétuo. E é em unto de
esperança de que não seja preciso arrancá-los que torno a casa a horas do antivinhótico e das papas-de-leite com
poalha de canela.
Por há anos não ter em casa cão ou
gato, fazem-me companhia o Jorge Jesus e o Crato. Por só a mulher ganhar para
pão & tabaco, faz-me muita pena a pobreza do Cavaco.
Derivo pela habitação, por assim
dizer, em éter: espero quem e o que não prometeram vir. Foi-se a nesga de sol.
Enchumaçado a chumbo, o céu de noroeste indefere o esmalte das coisas – e o
pombal de dias bons, hoje transido e famélico, recolhe aos nichos secretos onde
a força aérea da passarada resiste à bélica invernia natural. Cerro os estores
da sala, anicho-me na colcha pulguenta de há tantos anos ex-dentários e dormito
como um idoso preso pelos arames das horas ao torno das décadas, sonhando-me
nada menos do que Albarran-Homem-da-Embalagem-Prateada.
(Mas na verdade sonho mas é com
nada.)
segunda-feira, 3 de novembro de 2014
Museu Bordalo Pinheiro (Campo Grande - Lisboa) - Conversas à volta da exposição "Menezes Ferreira Capitão de Artes - A Ilustração de livros infanto-juvenis
Dia 6 de Novembro pelas 19h, no Museu Bordalo Pinheiro o Comissário da exposição Osvaldo Macedo de Sousa modera a segunda tertúlia à volta da exposição. Desta vez é outro dos temas queridos ao artista Menezes Ferreira, a ilustração e edição de livros para as camadas mais jovens.
Para enriquecer esta conversa foram convidadas Catarina Pé-Curto, Madalena Matoso e Rita Pimenta.
Prémio Nacional Banda Desenhada - Melhor Álbum de Tiras Humorísticas 2014
Osvaldo Macedo de Sousa entregando o prémio aos autores Álvaro e José Pinto Carneiro na cerimónia de entrega de Prémios do 25º AmadoraBD
Cerimónia da Entrega dos Prémios AmadoraCARTOON 2014, integrada no 25º AmadoraBD - Festival Internacional de Banda Desenhada da Amadora
O Comissário do AmadoraCARTOON Osvaldo Macedo de Sousa homenageando António (Portugal) Xaquin Marin (Espanha) e Yuiriy Pogorelov (Ucrânia)
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