«Cães e lobos comem todos – Diário satírico da desumanidade», quinto livro do jornalista e escritor Casimiro Simões, vai ser apresentado na Lousã, na sede do Rancho da Ponte do Areal, no próximo sábado, 28 de outubro, às 15:00.
A obra, em que o autor valoriza a sátira como “expressão da liberdade individual na promoção da democracia”, é uma dupla homenagem a Aquilino Ribeiro, criador de «Quando os lobos uivam», 60 anos após a sua morte, e Natália Correia, cujo centenário do nascimento foi comemorado há um mês.
Trata-se de uma coletânea de 81 contos, crónicas e memórias, a maioria deles redigidos de 2020 a 2023, “abrangendo o período da pandemia e da guerra que, tragicamente, voltou em 2022 à Europa”, refere na introdução o também presidente da direção da Cooperativa Trevim, naquela vila do distrito de Coimbra.
“Abre com uma peça jornalística que escrevi em 2014, (…) uma entrevista ao empresário José Redondo, da Lousã, que no último verão completou 80 anos, tendo dedicado quase toda a vida aos negócios da família, com destaque para o 'Licor Beirão', que o pai, José Carranca Redondo, (…) logrou pôr nas bocas do mundo desde 1940”, explica.
Com dezenas de cartunes, fotos e outras imagens a cores, o livro foi prefaciado por Osvaldo Macedo de Sousa, diretor da Humorgrafe, tendo a capa sido concebida por Carlos Sêco, criador de humor gráfico e banda desenhada.
Em «Cães e lobos comem todos», a desumanidade “radica sobretudo em figurões da atualidade, eles próprios caricaturas horríveis da estupidez global, como o Bronco do Bronx, o Capitão do Gatilho e o Judoca Moscovita”.
Ainda assim, “num país de 'bazucas', a eles se juntam o Capador Alquimista e o Rony Soprano, investidor truculento e trafulha da Serra dos Milhafres, além do ex-maoista Tigre de Papel”.
Contribuíram para o trabalho cartunistas da Argentina, Brasil, Peru e Portugal: Adão Conde, Cival Einstein, Hermínio Felizardo, João Bosco, Omar Perez, Omar Zevallos, Onofre Varela, Paulo Fernandes, Quim Carvalho, Rui Pimentel e Santiagu, aos quais se juntou, a título póstumo, o palestiniano Naji al-Ali, assassinado em 1987.
“Contraponto da malvadez, na contagem decrescente para os 50 anos do 25 de Abril, em 2024, resta-nos um punhado de lanças na terra da fraternidade”, promete o escritor, que publica ainda um texto sobre Rui Nabeiro, empresário de Campo Maior que morreu este ano, encerrando a obra com a sátira “O Rui vai nu!”, alusiva à recente polémica em torno da estátua de Camilo Castelo Branco, no Porto, abraçado a uma mulher nua.
“Nas serranias de Viriato batidas por vento e neve, uivam cães e lobos 60 anos após a morte de Aquilino”, salienta.
No dia 28, na Lousã, Osvaldo Macedo de Sousa falará sobre a obra, cabendo a apresentação do autor ao jornalista Eduardo Dâmaso, diretor da revista Sábado.
O programa inclui desenho ao vivo, com os cartunistas Carlos Sêco e Quim Carvalho, leituras por Filomena Martins e José Maria Dias e a participação musical do cantor Ramiro Simões e do pianista Jó Dutra.