O Parlamento Português - ou seja a panela presidencial e partidos governantes e ex-governantes) tem razão em não deixar que os militares e outras expressões, que não sejam os mafiosos, corruptos que açambarcaram a liberdade e a democracia para os seus interesses pessoais
segunda-feira, 21 de abril de 2014
Crónica Rosário Breve - Em modo leitor antes que a reforma nos falhe por Daniel Abrunheiro
E de diverso modo não cuidara eu jamais, que pronto &
aprontado sou & estou & sinto, antes vingo & vinco dos humanos
circo-instantes os detalhes alguns de seus corpos ao meu idênticos mas deveras
outros, de fábrica outra e para outros préstimos.
Pouca me dura cada cigarro, que na sinistra esqueço
cinzardendo mentre a dextra labora & lavora linhas que ao Diabo não
lembraram & a Deus não aprouveram, o contrário de ambas coisas sim, ou
talvez, nisto de certezas nem o remédio tem mal nem o mal é não ter remédio.
Sobre pano de relvado defrontante, nódoa limpa de pomba
sozinha, que o chão está lendo de boca decifradora de rimas afinal migalhas,
fulgura fresca & voluminosa, bem alimentada anda tal ave municipal, pois
que de todos autarquia & de ninguém posse, no concreto como no abstraído,
longa delonga me mereceria a explicação, que não merece nem haver vai, gravura
sim & dada está.
No entrementes, cuidadosa carícia falsa iço à asa narigosa a
barlavento da cara, por ali me migar miúdirritante prurido um danado retorcido
pêlo do ranho seco emerso, descambando a carícia, por falsa, em traidor sacão
puxante, que lágrima pronta & fervente me faz estrelar em névoa ao olho do
mesmo lado do vento facial mas em glória de pêlo caçado interpolegaríndex.
Derredor-me, esplanadociosos sem utilidade nem utilização
como eu, como eu se espraiam estios de imaginação, dado o que chove & é
muito, cumprindo-se do neomês aprilíneo a prestação prima a que novecentas
& noventa & nove outras se cumularão, pluvial conta que a Abril torna
toante de mil.
Casal antigo a dois cães não novos atrelado vem
oxidoxigenando-se em paulatino ambular por berma-rio, do hemisfério
cardiosquerdo assustados por via das recrudescentes arritmintermitências e do
direito meio pelo que aí vem, já veio & mais há-de vir de cortes brutais em
as respectivas aposentações já de si, deles & delas, fracas.
Em montra de bazar electrodomesticante, ardem a frio
aparelhos de recep(ta)cão televidente, em cujos luz & brilho rutila a alvar
euforia dos pogroms da manhã para holocáustico gáudio dos pupilos do
doutor Alzheimer, esquecidos até do que lhes roubaram, roubam e mais hão-de
roubar à reforma, como ao casal de cães passeante, em impenitente procissão
matinodiária à laica nossa-senhora-da-acefalia.
Alvíssara não de somenos, todavia, ei-la que se me plasma ao
par de lentes, bifocal & trifatal, uma alta amazona de botas altas também,
visão substanciosa de torre fêmea toda empedrada a leite & a torresmos de
nata viva, rescendente humananimal a cabedal feito de humana seda animal também
mas seda, mas voluptuosa seda a alheio tacto destinada, ó mal de mim, fulgindo
dela a adaga de cada mão e a safira de cada olho, perdoando-Vos eu de mais
& maior minúcia no temor respeitoso de Vossa mulher conVosco estar isto
lendo também.
Como quem a coisa não quer, mas quero, conto as linhas por
mano escritas já, isto no cuidado de, por eventual demasia verbochilreante,
acabar embaraçando o bom Vítor Arsénio, do departamento gráfico oficiante
mandador nesta Casa tão ao Outono símile porque de folhas feitas também e
sacerdote o mais sumo no que a caracteres, palavras, colunas, esquadrias e
maismacintoshices respeito diz, que sem tal prestidigitador nem por
ilusão O Ribatejo, fechado enfim, ao almoço de quarta-feira haveria
de chegar, quanto mais ao lume e à luz das quintas a que teimosamente vem
saindo há trint’anos quase.
Posto que um derradeiro parágrafo possível me surge
restante, ele o voto devota & incensamente à insígnia nunca insignificante
do meu Leitor, que, se a meu par aqui chegou, também não haveria de ser agora
que comigo se não achegasse a nenhures, que é onde, há quase sete anos já e em
página última sempre, fiel & lealmente nos encontramos, cinza que somos, à
guisa destoutro cigarro que entretanto também esqueci mas a ele, Leitor, não,
nunca & jamais, em de verso modo.
sábado, 19 de abril de 2014
2 novos workshops de DIÁRIOS GRÁFICOS Montepio/Richard Câmara
Bom dia a todos,
Mando em primeira mão
a informação nestes links dos meus novos dois workshops de diários gráficos, na
expectativa de que possam participar.
·
Almada e o Rio (17 de Maio):
·
·
SERRALVES (Porto, 18 de Maio):
As inscrições já estão
abertas em ambos!
Cmprs
sexta-feira, 18 de abril de 2014
18 de Abril 1914 / 18 de Abril de 2014 - Centenário da Chegada de Correia Dias ao Brasil
FERNANDO CORREIA
DIAS E OS PIONEIROS DO MODERNISMO
NO CENTENÁRIO DA
SUA CHEGADA AO RIO DE JANEIRO A 18 DE ABRIL DE 1914
Por: Osvaldo Macedo de Sousa
A
História é um processo de reescrita eterna, moldada, não apenas, pelas
correntes historiográficas, mas essencialmente pela constante redescoberta de
documentos e de testemunhos novos… O Modernismo é um desses períodos que ainda
tem muitos hiatos por reescrever. Se já é aceite que o “Grupo de Coimbra” foi
um impulso fundamental que levou ao desenvolvimento do pensamento e da obra
modernista; estando já razoavelmente estudados Christiano Cruz e Luíz Filipe
Rodrigues… ainda há muito por revelar sobre outros pioneiros como Álvaro
Cerveira Pinto, António Balha e Melo ou Fernando Correia Dias.
Comemorando
os 120 anos do nascimento (em 2012) e o centenário da chegada ao Brasil (em
2014) a editora brasileira Batel acaba de lançar um super álbum sobre o
luso-brasileiro “Fernando Correia Dias, um poeta do traço”.
A génese Conimbricense
do Modernismo
A
História “clássica” aponta a “Exposição dos Livres”, realizada em 1911 em
Lisboa, como o “momento” revolucionário que impulsionou as artes plásticas para
a modernidade, apesar de toda ela ser super-académica, com excepção das obras
irreverentes do humorista Emmérico Nunes. Na realidade, a única diferença entre
esta e as outras que por cá se realizavam está no título – dos Livres… Contudo,
a história irreverente da caricatura portuguesa tem outra leitura desta génese
modernista, ao desviar o olhar da capital para a província, mais concretamente
para a cidade universitária de Coimbra onde a sorte confluiu, temporalmente e
ideologicamente, num grupo de jovens que no seu contacto estudantil,
descobriram o desenho e a irreverência estética, procurando no experimentalismo
gráfico desenvolver uma nova linha ideológica e estética, como expressão
pessoal e colectiva.
Em
1908, Fernando Correia Dias e Christiano Shepard Cruz mudam-se para Coimbra,
para prosseguirem os estudos liceais (na época só havia 3 Liceus em Portugal
com o Curso Complementar - 6º e 7º ano). Em 1909, pelos mesmos motivos, chega
Álvaro Cerveira Pinto. Estes três jovens, em cumplicidade com outros de tendência
mais literária, fundam o jornal do liceu “O Gorro” (14/11/1909 – 27/5/1910),
entrando logo de seguida também na aventura de “A Farça” (20/12/1909 –
27/4/1910), liderada agora por um estudante universitário, Luiz Filipe
Rodrigues. Este quarteto desenvolve uma ruptura gráfico-ideológica que, em
breve, se expandirá para o resto do país através do humor gráfico.
Se,
nesse longínquo 1908, Amadeo de Souza-Cardoso discutia epistemologicamente com
Manuel Laranjeira a modernidade na sua pesquisa da caricatura sintética, o
“Grupo de Coimbra” fazia-o também nas suas tertúlias boémias, não nos deixando
registo escrito das suas ideias, dúvidas ou certezas, apenas conhecendo as suas
opções práticas desenvolvidas na imprensa. Só a partir de 1912, através de uma
série de testemunhos de Christiano Cruz sobre a actividade da Sociedade dos
Humoristas vamos conhecer a base desse ideário conimbricense. No essencial, a
ruptura estético-ideológica centra-se na defesa de uma arte irreverente, mas
apartidária, de uma arte pedagógica em que a criação está ao serviço da
educação da sociedade na liberdade de expressão, na critica às más tradições e
construção do bom gosto aliado a despojamento do supérfluo naturalista e na
aceitação do progresso como a via do futuro modernista. Europeísta, mas sem
abandonar os aspectos de qualidade estética nacionalista.
Correia Dias o
poeta do traço português
Do
“Grupo de Coimbra”, Fernando Correia Dias seria o único que prosseguiria na
carreira artística, já que este encontro, esta encruzilhada de irreverências,
de sonhos e utopias foi breve. Em Outubro de 1910 Christiano Cruz muda-se para
Lisboa onde evangelizará a juventude da capital, mas que, desiludido com as
traições, ciúmes e invejas do meio artístico se “suicidará” artisticamente em
1919 quando parte para África, como veterinário, deixando praticamente de
desenhar; em Novembro de 191, Álvaro Cerveira Pinto falece; em Julho de 1912,
Luiz Filipe, terminado o curso de Direito, parte para o seu Minho natal,
afastando-se aos poucos das artes, para que o jurista sério não seja incomodado
pela áurea do artista irreverente. Entretanto, ou seja entre Novembro de 1910 e
provavelmente Fevereiro de 1911, o jovem José Almada Negreiros passa por
Coimbra, onde nas boémias acabará por beber a influência artística de Correia
Dias e Luiz Filipe, para depois, em Lisboa, aceitar Christiano Cruz como seu
orientador nos primeiros passos da irreverência gráfica.
Fernando
Correia Dias nasceu, fisicamente, no Lugar da Mata – Penajoia – Lamego, a 10 de
Novembro de 1892 mas, como artista, germinou na cidade de Coimbra, nas
tertúlias boémias do grupo que se desenvolveria à volta de “O Gorro”, “A Farça”,
“A Rajada”… A pesquisa de um novo traço, de uma expressão mais livre,
conduziria o lápis de todos eles para a síntese e para a intervenção social da
arte. Correia Dias encarará, desde logo, a sua actividade como uma missão no conceito
filosófico das “artes & ofícios” ruskiniano.
Director
Artístico dos primeiros números de “O Gorro”, daria logo a sua marca como
designer na paginação e vinhetas, as quais, vêm assinadas pelo seu pseudónimo
“tira-linhas”. Esta assinatura manter-se-á nas colaborações para “A Farça” e
“Limia”.
De
1908 a 11 é o período de auto-descoberta, do domínio da mão, da investigação
estilística através das tertúlias, da leitura de imprensa estrangeira e de uma
brevíssima viagem a Paris. 1912 será o ano de viragem, de ruptura do projecto
de futuro vaticinado pela família, cortando com os estudos universitários,
optando por uma carreira artística.
O
facto do “Grupo de Coimbra” se ter desenvolvido à volta de projectos
jornalísticos, de tertúlias estudantis mais vocacionadas para a discussão
literária que a plástica, molda o carácter e a filosofia criativa de Fernando,
numa visão mais humanística, onde toda a expressão, todas as técnicas e meios
são fundamentais para um criador completo, desde o design básico da página,
passando pela caricatura, ilustração, cerâmica, pirogravura, marcenaria,
desenho arquitectónico, decoração de interiores à publicidade gráfica ou
decorativa de montras, não esquecendo de contribuir com um vocalizo na arte
musical.
Para
além da Tuna do Liceu, pertencerá posteriormente ao Orfeon Académico que, para
além de lhe ter proporcionado uma visita a Paris (Abril de 1911), lhe lançará
um desafio que despoletará a viragem da sua vida. Após Paris, onde só cantaram,
o projecto seguinte é ir ao Rio de Janeiro não só cantar, como realizar uma
exposição da sua obra pictórica com o tema de Coimbra. Aqui, o seu papel de
artista plástico era já um posto entre os estudantes e, inclusivé, entre os “Futricas”
(a população conimbricense não estudante). Nas actuações do Orfeon, para além
de cantar no grupo, era também o responsável pela animação dos espectáculos,
com a realização de caricaturas ao vivo (acompanhado por um novo membro do
“Grupo de Coimbra”, Balha e Melo), fazer o design dos programas ou organizar
iniciativas como as conferências de Leal da Câmara…
A
deslocação do Orfeon ao Rio de Janeiro foi sendo adiada de mês a mês, de ano a
ano, mas o desafio estava lançado e o entusiasmo nunca esmoreceu, criando uma
obra extraordinária para a época, em que ultrapassou a centena de trabalhos.
Essa criação orientou o seu dia-a-dia, ao mesmo tempo que, para sobrevier, ia
respondendo às encomendas locais e nacionais, como cartazes, ex-libris, móveis,
campas funerárias, vitrais, pirogravuras, cerâmicas, design de revistas, capas,
ilustrações…numa abordagem polimórfica, impondo-o como um pioneiro nos mais
variados campos do modernismo, incluindo o primeiro auto-anúncio, estruturado
como tal com ilustração, na sua revista “A Rajada”. Este último título é a revista icónica do modernismo conimbricense
e nacional, porque aí se encontra a obra madura dos artistas do “Grupo de
Coimbra” (com natural ausência do já falecido Cerveira Pinto), com a inclusão
dos “novos”, como Almada Negreiros, Jorge Barradas, Silvio Duarte, para além de
um riquíssimo plantel de intelectuais como o Director Literário Afonso Duarte,
Nuno Simões, Vergílio Correia, Veiga Simões, João de Barros, Manuel Laranjeira,
Jaime Cortesão… O simbolismo filosófico e a síntese gráfica dominam o movimento
criativo ligado à “Renascença Portuguesa” cujo porta-voz jornalístico “A Águia”
Correia Dias também era colaborador.
Entretanto,
a sua criatividade não parava e em 1912, como balanço desse esforço, realiza a
sua primeira exposição individual em Agosto, no Espaço Gymnasio, ao mesmo tempo
que ia decorando algumas montras com obras suas. Esta exposição magna, ou
parciais, não tinham verdadeiramente como objectivo a venda, já que necessitava
de toda essa obra para a referida exposição carioca, mas as necessidades
fizeram com que algumas peças fossem mesmo vendidas, logo substituídas por
outras que em 1914 somam o montante de 98 obras expostas em nova exposição,
agora no seu próprio ateliê, antes de seguirem para o Salão da Ilustração
Portuguesa, onde Lisboa - o país, pode descobrir a obra genial deste jovem
artista. Os críticos frisam que esta é a melhor e mais irreverente exposição
realizada naquele conceituado espaço, uma pedrada no charco amorfo de uma
capital com muitas intenções ideológicas, intenções plástico revolucionárias e
raras concretizações na ousadia e vanguardismo modernista. Surpreendeu não só a
diversidade de estilos, onde incluía pintura cubista, cerâmicas
abstraccionistas, caricaturas expressionistas, ou paisagens simbolistas, como a
diversidade técnica deste jovem artista. Surpreendeu os críticos, sem os
chocar, como o faria Amadeo de Souza-Cardoso, razão pela qual acabou por, finda
a exposição, ser logo esquecido, entrando os modernistas/orfistas/futuristas
lisboetas na modorra dos debates inconclusivos de café sem avançarem,
verdadeiramente, para a criação da obra revolucionária de vanguarda. Não era
intenção de Correia Dias ser um revolucionário, apenas queria fazer a sua obra,
fazer a sua vida a qual estava projectada como passo seguinte seguir finalmente
para o Rio de Janeiro, onde chega em Abril de 1914.
Correia Dias, o
poeta do traço modernista brasileiro
No
cais do Rio seria recebido de braços abertos pela intelectualidade literária e
jornalística que, de imediato, arranjam o Salão da Associação dos Jornalistas
para realizarem tão esperada exposição que inaugurou a 5 de Maio. O sucesso foi
tão abrangente como o de Lisboa, mas com consequências diferentes. Estava ainda
na mente de Fernando um possível seguimento para Paris, onde pensava expôr de
novo, mas a venda da maioria das peças (que não estavam à venda em Lisboa,
tendo sido contudo desfalcado de uma peça quando foi confrontado com o pedido
do Presidente da República), os múltiplos convites de trabalho da sedenta
sociedade carioca e a posterior explosão da Grande Guerra na Europa fez com que
Fernando se deixasse embalar no futuro risonho que se esboçava naquele
continente.
O
Rio de Janeiro vivia ainda um momento de reestruturação do urbanismo,
reconstruindo-se a cidade na modernidade cosmopolita, acompanhada, naturalmente,
por uma tentativa de revolução social, numa filosofia europeísta que queria
apagar a “mancha” colonial” do fazendeiro rico, para uma sociedade moderna em
que o ideário cultural procurava absorver todas as influências internacionais,
principalmente francófonas. Dentro desta dinâmica de renovação, a indústria
tipográfica luta pela recuperação do seu atraso tecnológico, não só na
qualidade de impressão, como na produção de papel, agrupando à sua volta as
mais variadas mentes criativas na pesquisa de novas linhas gráficas, novas
estéticas de design que cativem o publico, e que incentivem o consumo. Fernando
chega na hora certa para integrar e até liderar parte desse núcleo de pioneiros
do desenho gráfico e da ilustração modernista.
Chega com o epíteto de caricaturista, já que
essa era a designação comum para os desenhadores de imprensa, e continuará a
realizar, de vez em quando, caricaturas pessoais e ilustrações humorísticas,
mas a sua principal valia é que Correia Dias não era apenas um esteta, mas
também um técnico que dominava as múltiplas técnicas artesanais e mecânicas. Já
em Portugal, sendo responsável como Director Artístico de periódicos, era
também responsável pela paginação, ilustração, diafragmação e montagem, ou seja,
o homem dos sete ofícios que resolvia todos os problemas. No Brasil, apesar de
não ter de assumir todas aquelas funções, ao ser convidado para director
artístico de Gráficas e de periódicos, desenvolveu novas técnicas, novas linhas
de desenvolvimento do design gráfico carioca. A sua aposta, prazer, dedicação, foi essencialmente no
desenho gráfico das revistas, dos livros, das páginas como capista, paginador,
ilustrador de poemas / crónicas / contos… ex-librista, publicitário…
revolucionando estas artes no universo carioca. Dispersou o seu talento por
dezenas de títulos, nomeadamente: Fon-Fon / Revista da Semana / O País /
Selecta / Front / Rio / Revista Nacional / Boa Nova / D. Quixote / Apolo / A Época / A Manhã / Brazilian American / Ilustração Brasileira / O Globo / O Jornal / O Radical / O
Malho / A Rajada / Arvore Nova / Terra de Sol / Ilustração Musical / O
Cruzeiro / Festa / A Nação / Diário de Notícias…
Entretanto, temos de referir que, se em
Portugal Correia Dias usou temporariamente o pseudónimo de “tira-linhas”, a
partir de 1917 viverá uma vida dupla de criatividade usando o seu próprio nome
ou assinando como “esp”, uma marca iconográfica que sugere um pseudónimo, ao
mesmo tempo que, fazendo uma análise caligráfica,
podemos defender que mais não é que as suas iniciais “cd” em escrita corrida.
Sendo “esp” ou “cd”, é uma assinatura que convivendo com a “correiadias”, veio
dificultar a identificação de muitas das suas obras, já que não sendo um
anagrama bem legível pelos historiadores de hoje, faz com que muitos deles não
lhe atribuam as referidas obras. Isto acontece a partir de 1918 e, segundo
creio, usada pela primeira vez na "D. Quixote".
Mas a sua criatividade multifacetada não se restringiu ao
universo tipográfico, já que a sua irreverência também abordou as artes
decorativas, nessa função social modernista ruskiniana de embelezar o quotidiano. A
sua actividade abordou o mobiliário de casa ou urbano, a tapeçaria, a marroquinaria,
o metal, a cerâmica… numa exploração preferencial por uma arte nacionalista (corrente
nativista) em que o deco-carioca, moldado pela recuperação da arte amazónica marajoara,
teve especial relevo. O neo-marajoara será um estilo iconográfico de Correia
Dias que deixará marca profunda no Rio dos anos vinte. Infelizmente, devido à
dificuldade de identificação da autoria neste género de obras “artesanais”, a
maior parte das suas criações vivem anonimamente nas residências da cidade
carioca.
A
par da vida criativa há sempre a vida privada, de amizades, de família que, em
Correia Dias não podia estar desligada da poesia. Em 1922, temos notícia do seu
casamento com a revelação poética do momento, a escritora Cecília Meirelles,
que virá a ser um dos expoentes da poesia brasileira e lusófona. Deste
casamento nascerão três filhas, uma delas que se celebrará como actriz – Maria
Fernanda. É uma vida profissional de sucesso, complementada por uma vida
familiar e de amigos harmoniosa, em que, inclusive, tem a companhia de um dos
irmãos, também emigrado para o Rio. Porém, a mente humana é complexa, nas suas
circunvoluções tortuosas dos equilíbrios emocionais entre as responsabilidades
e os medos de conseguir sempre a originalidade, a insatisfação perante a folha
branca da pré-criatividade. A verdade é que Fernando foi sendo assolado pelo
anjo das neurastenias, empurrando-o para abismos da impotência vivencial e
criativa.
No
seu retorno ao quotidiano carioca, a depressão intensifica-se, envolvendo-o no
nó da angustia, o qual o estrangulará a 19 de Novembro de 1935. Se para a sua
mente foi a única saída do momento, para a família foi uma traição, um acto de
egoísmo e cobardia que mancharia para sempre a vida da esposa e das filhas que,
no seu luto, lançaram um tabu sobre esta figura, preferindo o esquecimento da
pessoa e da obra arrumada num sótão familiar.
Bibliografia: Fernando Correia Dias um
Poeta do Traço” de Osvaldo Macedo de Sousa Editora Batel (Rio de Janeiro 2013)
quinta-feira, 17 de abril de 2014
Às Quintas Falamos de BD no CNBDI da Amadora - (re)encontro dos artistas que colaboraram na Visão no dia 29 de Abril
Este
ano comemoram-se os 40 Anos da Revolução de Abril e, por esse motivo, o nosso Encontro Às
Quintas Falamos de BD não se
realiza na quinta-feira dia 24, mas no dia 29
de Abril, como sempre, às 21h00.
A
alteração da data prende-se com o elevado número de iniciativas que acontecem
no dia 24 à noite e com a impossibilidade de podermos contar com a participação
de todos aqueles que gostariam de estar presentes neste encontro, tão especial,
que preparamos para o mês de abril.
Assim, no dia 29 assinalamos a passagem dos 40 anos da revolução
dos cravos com um (re)encontro dos artistas que colaboraram
na Visão, revista de
banda desenhada nascida em 1975, e que encetaria um novo capítulo na BD
nacional.
Neste serão contamos também com a participação
musical de Francisco
Fanhais, conhecida voz de Abril, ex-sacerdote
católico, condecorado com Ordem da Liberdade, em 1995, e que será,
certamente, uma excelente forma de comemorar Abril na casa da banda desenhada.
No dia 29 de abril
esperamos por si, apareça!
VEM FAZER O 25 DE ABRIL em Banda Desenhada!
VEM FAZER O 25 DE ABRIL em Banda Desenhada!
Dia 19 de Abril de 2014 das 15h00 às 18h00, na El Pep Store & Gallery [lojas 34+35, centro comercial Imaviz || Imaviz Underground || Av. Fontes Pereira de Melo, #5, Lisboa], irá decorrer uma oficina de Banda Desenhada destinada a crianças dos 8 aos 12 anos.
Será orientado por Nuno Saraiva. O horário será das 15h00 às 18h00 com intervalo para lanche.
Os trabalhos produzidos na oficina de BD serão publicados em formato fanzine e serão entregues às crianças que frequentaram o workshop. Os trabalhos ficarão, também, em exposição durante a semana de comemoração dos 40 anos da Revolução, na El Pep Gallery.
As inscrições devem ser feitas para o email: edicoeselpep@gmail.com e o pagamento (25,00€) será efectuado no local, no início do workshop.
quarta-feira, 16 de abril de 2014
CONCURSO DE CARTOONS SEXY PONCHA… by Câmara de Lobos
CONCURSO DE
CARTOONS SEXY PONCHA… by Câmara de Lobos
REGULAMENTO
Introdução
Este é um concurso de âmbito nacional (artistas
portugueses ou residentes em Portugal) aberto a todos os amantes do
cartoonismo, profissionais e amadores, tendo por objeto de ilustração a mais
popular bebida da Madeira, a PONCHA, que, segundo história passada de geração
em geração, teve origem em CÂMARA DE LOBOS.
Artigo 1º - Objetivos
do concurso:
a) Incitar ao gosto
pelas artes plásticas, em especial o cartoonismo;
b) Impulsionar a criatividade individual;
b) Impulsionar a criatividade individual;
c) Promover o trabalho dos criadores nacionais
na área do cartoonismo;
d)
Evidenciar o lado lúdico da poncha,
carinhosamente tratada entre os madeirenses por ponchinha. A poncha remete-nos
para convívio e momentos de lazer. Por que não dar-lhe um cunho sexy e feminino? Daí a SEXY PONCHA que queremos ver evidenciada
nos vossos cartoons. Tal como a mulher, a poncha tradicional tem um lado doce (açúcar
ou mel), um lado ácido (limão), um lado “tramado” (a aguardente) e sabe bem o
que é tratar alguém com amor e carinho…
Achegas: A poncha é mexida com o chamado pau da poncha, também
designado mexelote, mas mais conhecido como “caralhinho”. A poncha pode ser
baixinha (quando servida em copo pequeno) ou top model (quando servida em copo alto), mas só será uma boa poncha
se obedecer à receita original, nas proporções certas.
Artigo 2º - Organização:
A entidade promotora é a Direção da Casa do Povo de Câmara de Lobos.
Artigo 3º - Tema: Os
trabalhos apresentados terão que ter como tema base a Poncha, mais
especificamente “By Câmara de Lobos”,
porque foi nesta pitoresca terra madeirense que tão versátil e apreciada bebida
ganhou raízes, entre o vai e volta dos pescadores nas noites de faina, e este é
um aspeto em que fazemos ponto de honra nesta iniciativa: a ligação da poncha a
Câmara de Lobos.
Artigo 4º - Destinatários:
Todos os cartoonistas residentes no país (Portugal continental e regiões
autónomas da Madeira e Açores)
Artigo 5º - Trabalhos:
a) Os trabalhos a concurso
deverão ser entregues em papel, em formato A3 ou em formato digital (.JPG ou
.PNG), com as medidas 42cm x 29,7cm e resolução de pelo menos 300 dpi.
b) Cada trabalho deverá
acompanhar-se de uma folha com os dados pessoais do concorrente (nome completo,
BI, morada, e-mail, número de contacto) ou no caso de trabalhos digitais
enviados por email, com os dados pessoais do concorrente no corpo do e-mail
enviado com o trabalho;
c) Os trabalhos devem ser
individuais;
d) Não há limites para o
número de trabalhos a apresentar;
e) Os trabalhos deverão ser
entregues por correio por carta registada para (morada) até o dia 31 de maio de
2014 (data do carimbo dos correios) ou
por e-mail para concursocartoonsponcha@gmail.com
até o dia 30 de maio de 2014;
f) Só serão admitidos a
concurso os trabalhos que respeitem o tema;
g) Os trabalhos devem ser
inéditos, no sentido de nunca terem sido expostos em nenhum evento;
h) A técnica para a criação artística do trabalho
é livre.
Artigo 6º - Critérios
de Seleção:
a) Criatividade – humor na
construção do cartoon;
b) Componente estética;
c) Originalidade;
d) Conformidade com o tema;
e) Clareza na perceção do
objetivo.
Artigo 8º - Júri:
a) Os trabalhos apresentados
serão submetidos à apreciação de um júri, que irá selecionar o melhor trabalho,
constituído por:
Presidente do júri –
Cartoonista convidado…
Jurado 2 – Representante da
Associação de Barmen da Madeira
Jurado 3 – Presidente da
Câmara Municipal de Câmara de Lobos
Jurado 4 – Presidente da Casa
do Povo de Câmara de Lobos
Jurado 5 – Museu de Imprensa
da Madeira
Jurado 7 – Na Minha Terra.com
b) Todos os trabalhos
submetidos a concurso serão avaliados pelo Júri.
c) Caberá ao Júri decidir
sobre os casos omissos neste Regulamento.
d) Das decisões do Júri não
haverá recurso.
e) O participante assumirá o
compromisso de conhecer e cumprir este Regulamento e acatar as decisões do júri
do concurso.
Artigo 9º - Atribuição
de Prémios e divulgação de trabalhos:
a) Serão atribuídos prémios
aos três primeiros classificados;
1.º Lugar - 500 euros
2.º Lugar – 250 euros
3.º Lugar – 150 euros
b) Exposição
de todos os trabalhos, no Museu de Imprensa da Madeira, em Câmara de Lobos, no
final de junho ou princípio de julho.
c) Possibilidade de publicação dos cartoons, ou
dos melhores cartoons (consoante a adesão),num trabalho editorial alusivo à
poncha. Esta seleção dependerá da qualidade dos trabalhos enviados a concurso,
segundo apreciação do júri.
Artigo 10º - Direitos
de Autor:
a) Os autores/ artistas preservam os direitos
de autor das suas criações, mas autorizam a eventual utilização e/ou reprodução
dos trabalhos pela organização;
b) Só poderão ser submetidos a concurso
trabalhos originais;
c) Os autores/artistas autorizam o registo
fotográfico e/ou audiovisual das fases do
concurso consideradas mais
pertinentes pela organização.
Artigo 11º - Divulgação
dos resultados do concurso e entrega de prémios:
a)
A divulgação dos resultados do concurso e
entrega dos prémios será realizada em (Junho/Julho de 2014).
b)
Os concorrentes serão previamente avisados, por
e-mail, dos resultados do concurso.
Artigo 12º - Informações
adicionais: Para mais informações, contactar a Casa do Povo de Câmara de
Lobos – 291628063
sábado, 12 de abril de 2014
40 Anos de Abril - Exposição de caricaturas no Espaço Inovinter de 15 de abril a 4 de Maio em Moura
(Cartaz com desenho de Onofre Varela)
Uma produção Humorgrafe para a Câmara Municipal de Moura com a colaboração de artistas como Martins, José de Lemos, Onofre Varela, José Bandeira, Luís Afonso, Zé Oliveira, Hermínio Felizardo, Carlos Rico, Ricardo Galvão, Álvaro, Carlos Laranjeira...
quarta-feira, 9 de abril de 2014
Crónica: Rosário Breve - Agora neste lugar solitário a vaidade já não se apaga por Daniel Abrunheiro
O facebook
de antigamente era o lado de dentro da porta das cagadeiras públicas.
A minha geração foi agraciada, até, com esse opus magnum da retretologia que é O Guardador
de Retretes, feliz ideia e prática felicíssima de um tal Pedro Barbosa,
cuja condição de utente de sentinas nacionais & estrangeiras o levou a
tornar-se atento & fiel escriba-mor das pré-facebookianas e pós-vicentinas cagas merdeiras deste mundo e dos
outros.
A lápis, a esferográfica ou até, em caso de mais
peremptória assertividade, a canivete, essa literatura de trono-de-louça
reverberava de humanidade a mais pungente em lacónica, lapidar e exemplar
concisão epigramática. Em apocalípticas elocuções tão apropriadas ao acto que
ali os sitiava, os anónimos Autores sentados eram capazes, sem outro esforço
que o do alívio tripeiro, do gracioso dichote político, da clandestina demanda
homoerótica, da clássica quadra caralheira e do geni(t)al impressionismo
meteorológico sobre se a Isaura da Camisaria chovia ou fazia sol e com quem.
É com merencória nostalgia que rememoro essas
pautas maravilhosas, essas WCentenárias inscrições de equívoca & esquisita
premência confessional afinal afim daquela que hoje, a grafismo azul-bebé, o facebook prolonga em quantidade mas não,
hélas!, em qualidade – porque, hoje
em dia, os facebookães mais peritos
são no ladrar online do que no morder
em manif.
Por deficiência (minha) de carácter (meu),
também eu me inscrevo no rol triste das tristes selfievaidades que vociferam indignações de photoshop e partilham comoções em pps de florinha-passarinho-criancinha-fominha-áfricazinha, dos que
sabem tudo sobre cada cerimónia dos Oscars
mas não fazem puto-ideia de quem tenha sido o Paulo Rocha de Os Verdes Anos, dos que confundem o
legado de Mandela com a chacha verbodiarreica do hip-hop, dos que acham aquilo de O Beijo do Klimt dever ser coisa do instagram & dos que atribuem a Fernando Pessoa as merdices
alquímicas e as pestilentas banalidades filoteoantropológicas do Paulo Santiago
Coelho de Compostela Carioca.
Antes, muito antes do apenas-isto de agora-hoje,
o outro facebook, o das calças pelo
canhão das meias, é que era. A própria profusão oblíqua de linhas & traços
à altura do olhar (por ser muito mais capitosa a escrita durante o acto de
evacuação do que depois da descarga feita e do terceiro-olho papel-higienizado)
nos garantia o fulgurante caos ordenado da Poesia Surrealista, em aval da
vitória (pelo menos íntima, ínfima embora) da liberdade criativo-expressiva
sobre a miséria fecal da realidade.
Todos já reparámos que os dentros das portas
desses filosóficos cubículos já não são nem estão escritos. Atribuo isso a duas
coisas: uma, a ninguém já trazer consigo material de escrita, sequer canivete; outra,
ao facto de as portas continuarem a ser de
contraplacado, baquelite ou chapa e não (ainda não, pelo menos) em plasma,
detalhe que obsta à escrita a partir do telemóvel ou do tablet por bluetooth.
Para ser franco, a única coisa que permanece, e
de uma permanência invencível e autoritária como a morte, é a natureza da
necessidade. Digo: a fisiológica, não a poética. Mas há razões para a
esperança: a de, pelo menos, sempre podermos continuar com merdas.
terça-feira, 8 de abril de 2014
segunda-feira, 7 de abril de 2014
Lançamento do álbum "Living Will" de Joana Afonso e André Oliveira no próximo sábado dia 12
A apresentação do segundo número da série de mini-comics Living
Will ocorrerá este Sábado dia 12 de Abril
pelas 14 horas no Auditório da Biblioteca Municipal Orlando Ribeiro em
Telheiras (durante o Anicomics
Lisboa 2014).
Living Will é uma série de 7 mini-comics de 16
páginas publicados pela Ave Rara, integralmente em inglês, com argumento meu e arte de Joana Afonso.
Espero poder contar com a vossa presença.
Um abraço
André Oliveira
Livros sobre Humor e caricatura com textos de Osvaldo Macedo de Sousa - CLXXXIII - Da Cegueira dos Pintores de Júlio Pomar
2014 - O Atelier-Museu Júlio Pomar esta a reeditar os textos de arte de Júlio Pomar e neste volume achou importante uma recensão crítica que escrevi em 1985, quando trabalhava para o Diário de Notícias. Naturalmente para mim é uma honra estar integrado nesta colectânea que acaba de ser lançada a público.
Livros sobre Humor e caricatura com textos de Osvaldo Macedo de Sousa - CLXXXII - Novos Temas de História
1986 - O meu primeiro artigo pblicado na imprensa (Rev. Historia) de repente aparece publicada neste compendio escolar sem eu saber de nada
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